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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

22 novembro 2013

A ESTUPIDEZ HUMANA NÃO TEM LIMITE!!!

Marcos Vinicius Neves*

Ontem, quinta-feira, tomei um susto danado quando tava parado ali no sinal da caixa d’água da Seis de Agosto. Bem na esquina, esticada entre postes, tinha uma faixa impressa com imagens de três militares (das três forças) e uma frase absurda: “O povo brasileiro pede a volta do regime militar pra moralizar porque o Brasil estar sem comando”.

Sinceramente não consigo saber a que povo brasileiro esta(s) pessoa(s) que mandou fazer essas faixas está se referindo. Porque até onde sei, o povo brasileiro nunca aceitou a Ditadura. E mais, boa parte do povo brasileiro sofreu muito, de forma direta ou indireta, com a Ditadura Militar. Muitas famílias foram completamente desestruturadas e espatifadas durante os “anos de chumbo”. A esse respeito, talvez seja bom lembrar que o povo brasileiro ainda sofre, mesmo que às vezes não perceba claramente, as consequências dos anos de atraso e obscuridade que a ditadura nos legou.

O que me lembra que, por coincidência, ainda na quarta-feira a noite, assisti um filme excelente sobre a vida de Leila Diniz. Uma mulher maravilhosa e corajosa o suficiente pra desafiar a hipocrisia da sociedade e do Regime Militar. E, é claro, pagou um alto preço por isso. Ela e todos os seus amigos e familiares. Em compensação, as ousadas atitudes e opiniões de Leila, não só marcaram toda uma geração, como a tornaram inesquecível.

O que me lembra, ainda, outra coincidência. Sábado passado fui atender a um pedido inusitado. Fui gravar uma entrevista com estudantes de odontologia sobre... adivinhem... Ditadura Militar!!! Gravar entrevista sobre acontecimentos históricos já faz parte de minha rotina, o inusitado dessa vez é que eram estudantes de odontologia.

 Me acostumei a dar entrevistas pra futuros historiadores, sociólogos, antropólogos, jornalistas e até arquitetos, mas futuros dentistas, confesso que foi a primeira vez. E devo confessar também que achei muito legal que se discuta temas importantes como esse nos mais diversos cursos de formação universitária. Afinal, dentistas também precisam aguçar sua consciência critica, ainda mais nesse tempo em que o trabalho voluntário em comunidades desassistidas é tão necessário.

Mas, enfim, to contando dessa entrevista pra dizer que a questão das consequências da Ditadura Militar foi a mais perguntada e debatida durante nossa conversa. Afinal, como desconhecer que boa parte da grande mídia que continua dando as cartas nesse país construiu sua hegemonia sobre os alicerces do Governo Militar. Esses mesmos órgãos de comunicação que vivem arrotando moralismos e uma ética que nunca praticaram, foram cumplices e sustentáculos da Ditatura Militar e de todos os atos autoritários e vergonhosos que foram praticados naquele período. Ou alguém, em sã consciência, é capaz de achar que a campanha sistemática que a Globo fez contra o Lula e continua fazendo contra a Dilma é fruto do acaso? Ou já esqueceram que foram eles mesmos que elegeram o Collor, colaborando mais uma vez para atrasar em alguns anos o país? E que continuam manipulando as informações para manter o poder que desfrutam desde a malfadada Ditadura.

Mesmo que pareça que as gerações mais jovens não levam isso em conta. Não podem desconhecer que boa parte das mazelas políticas de nosso país, foram adquiridas e consolidadas durante a ditadura militar. O assistencialismo, o clientelismo, o autoritarismo, o nepotismo, são parte dessa herança maldita da Ditadura, que muitos de nós continuam perpetuando ao elegerem políticos que fazem dessas práticas seu modus operandi.

E tanto na entrevista de sábado, quanto no filme da Leila. Não consigo deixar de sentir um gosto amargo ao imaginar o que poderíamos ser hoje se não tivessem sidos censurados, exilados, assassinados, boa parte dos maiores e melhores produtores de cultura, arte, ideias e opiniões desse país, durante longos 20 anos. 

Assim, ao me deparar com faixas absurdas e estúpidas como essas penduradas nas ruas da cidade, não pude deixar de sentir profundo asco dessa gente que diz sentir falta da Ditadura Militar. Gente que, como os neonazistas e preconceituosos de toda espécie, deveria ter vergonha na cara e ficar bem quietinha para, no mínimo, não ofender as pessoas e famílias que pagaram um alto preço durante a Ditadura. Diante disso, só posso dar um conselho pra esse tipo de gente: Tá sentindo falta da Ditadura? Então vá pra China e nos poupe de sua má companhia!

*Marcos Vinicius Neves (historiador)

19 novembro 2013

TAPURU AO MOLHO

Luiz Calixto* 

Todos os governantes que insistiram em desqualificar os denunciantes no lugar de apurar as denúncias que estes apresentaram se deram mal com a opinião pública. 

 Essa é a regra geral. O povo quer esclarecimentos convincentes e punição exemplar. 

Se o presidente Lula tivesse apoiado as investigações sobre o mensalão, muito provavelmente a oposição não teria um discurso tão contundente sobre o caso. 

Se, logo no início e por decisão própria, o governador Tião Viana tivesse demitido todos os seus assessores envolvidos com a quadrilha do G7 e cancelado todos os contratos com as empresas do cartel, que discurso teria a oposição para cobrá-lo? Certamente nenhum. 

Fiz esta breve introdução para falar da marmita com tapuru servida no Hospital das Clínicas.

Óbvio que o povo não culparia o governo se este imediatamente tomasse providências enérgicas para identificar e punir os culpados. Mas não. 

O que se viu e ouviu foram secretários atabalhoados e ávidos para arranjar um culpado na oposição e na fatia da imprensa que não lhe é servil, nem se serve e se lambuza no banquete patrocinado por sua milionária verba. 

Agindo dessa forma, um governo já manchado com nódoas profundas de corrupção apenas atrai mais tapurus para a sua cozinha. 

* Luiz Calixto escreve o Blog “A Trincheira”.

13 novembro 2013

A DITADURA DA HORA

“Que me desculpem a rudeza, mas nesse episódio da mudança do horário acreano, que há muito já deveria ter sido superado, cabe dizer claramente aos que impuseram a mudança de forma autoritária e que continuam a insistir em rejeitar a decisão da maioria da população de retornar ao antigo horário, que errar é humano, mas persistir no erro é burrice”.

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano


Todos sabem que nessa questão da mudança da hora acreana, politicamente o PT e seus aliados foram os principais prejudicados. E tudo indica que por birra, autoritarismo e falta de respeito para com a população, continuarão a pagar um alto preço político.

Na esperança de fomentar rejeição ao retorno do horário decidido no referendo de 2010, o Governo do Estado e a Prefeitura de Rio Branco ainda não fizeram os ajustes nos horários de funcionamento das escolas, obrigando alunos de todas as idades a enfrentar a escuridão ao final do turno vespertino. Claro que alunos, pais e servidores das escolas não estão nem um pouco satisfeitos.

A intenção com essa imposição é fazer que a insatisfação gerada seja creditada aos políticos da oposição que patrocinaram a aprovação da lei que garantiu o cumprimento do Referendo que rejeitou o horário imposto por Tião Viana em 2008. O sacrifício cobrado à população hoje pode, na avaliação do grupo político que comanda o estado, render ganhos eleitorais nas eleições do próximo ano.

Entretanto, tudo indica que eles estão, literalmente, ‘quebrando a cara’ e, como diz o ditado popular, parece que “o feitiço está se voltando contra o feiticeiro”. Pode-se constatar isso nas redes sociais onde as pessoas tem sido críticas à injustificável insistência da turma governamental em não fazer os ajustes dos horários.

Nos comentário de uma nota da Secretaria Estadual de Educação publicada pela AgênciaContilnet, na qual ela ratifica o horário da saída do turno da tarde nas escolas estaduais para as 18 horas, os leitores não se furtam de usar palavras pouco elogiosas para xingar a decisão. Daniel Araújo, do Colégio Estadual Rio Branco, afirma que “quando dizem que o Tião Viana é pior que seu irmão Jorge Viana, as pessoas ainda duvidam. Observem o que ele está fazendo com esses milhares de crianças, adolescentes e estudantes de forma geral, em não autorizar o ajuste no horário de funcionamento das escolas por pura birra e ranço”.

A revolta com a manutenção do horário de saída após as 18 horas está causando tumultos nos portões de escolas da rede estadual em Rio Branco. Francisca Soares, da Escola Berta Vieira, informa que houve problema na Escola Pimentel Gomes e que sua filha saiu machucada. Outro leitor relatou tumulto em uma escola no bairro Floresta.

Se providências não forem tomadas, tudo indica que pais, alunos e funcionários das escolas estaduais irão promover manifestações nos próximos dias. E o alvo dos protestos não serão os políticos da oposição. Eles serão dirigidos aos administradores estaduais e municipais que se recusam em fazer o ajuste no horário de funcionamento das escolas e das repartições públicas.

Em várias cidades do interior, inclusive algumas comandadas por aliados do governo estadual, o horário de funcionamento das escolas e das repartições públicas municipais foi alterado sem maiores discussões porque elas são dispensáveis tendo em vista a mudança da hora ocorrida no dia 10. Esses administradores fizeram apenas a sua obrigação de sempre atuar em favor do bem estar da população.

Mais de uma vez já foi ressaltado que algumas atitudes da atual administração estadual exalam arrogância e desprezo para com a população. E a insistência em não fazer os ajustes nos horários de expediente das repartições públicas e escolas reflete isso.

Alheios aos reclamos populares, o grupo político que comanda o estado se preocupado em acusar de forma equivocada que o retorno do antigo horário foi obra dos políticos da oposição. Não foi. Foi a população que decidiu isso no referendo da hora realizado em 2010.

O que os políticos da oposição fizeram foi apenas uma obrigação inerente ao cargo que ocupam, atendendo ao clamor da população. Além do mais, se não fosse por eles seguramente a aprovação da lei que garantiu o cumprimento do Referendo estaria até hoje tramitando no Congresso Nacional, travada por manobras regimentais dos aliados do governador. Alguém tem dúvida disso?

Que me desculpem a rudeza, mas nesse episódio da mudança do horário acreano, que há muito já deveria ter sido superado, cabe dizer claramente aos que impuseram a mudança de forma autoritária e que continuam a insistir em rejeitar a decisão da maioria da população de retornar ao antigo horário que “errar é humano, mas persistir no erro é burrice”.

05 novembro 2013

OS AJUSTES DA HORA

"Aos que tem a responsabilidade de fazer os ajustes no horário de funcionamento de escolas e repartições públicas para garantir um retorno sem transtorno ao antigo horário nunca é demais lembrar que 2014 é ano de eleição. Agir para fomentar o caos e a confusão para estimular rejeição à mudança pode piorar ainda mais a situação daqueles que lutaram abertamente contra a concretização da vontade popular expressa no referendo de 2010"

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

No próximo domingo (10/11), depois de mais de três anos de atraso em razão de manobras regimentais no Congresso Nacional, finalmente teremos o retorno do antigo horário acreano. A Lei 12.876/2013 sancionada pela presidente Dilma Roussef no dia 31 de outubro faz justiça e garante o cumprimento do resultado do referendo realizado em 2010, quando a maioria da população acreana rejeitou a mudança da hora estabelecida sem consulta popular em 2008.

 Apesar do assunto ainda causar polêmica e dividir a opinião pública, todos, com certeza, concordam em um ponto: democracia é assim mesmo, a vontade da maioria deve sempre prevalecer.

Eu sempre fui favorável ao retorno ao antigo horário e estou muito feliz com a mudança que se avizinha. Entretanto, vejo que a lei sancionada pela presidente Dilma contém uma anormalidade que ‘passou em branco’ durante sua tramitação no Congresso: o prazo para a entrada em vigor da mesma é muito curto, de apenas 10 dias. Diante disso, se providências céleres não forem tomadas para ajustar o horário de funcionamento das repartições públicas, escolas e comércio, a população, mais uma vez, será vítima da mudança do horário como aconteceu em 2008. Nessa situação, agir para que a transição para o novo horário seja a menos traumática possível é obrigação de nossos administradores públicos.

Por ocasião da mudança do horário em 2008 a lei garantiu um prazo de adaptação de 60 dias. Nesse período o Governo do Estado promoveu uma ampla campanha midiática de esclarecimento nos diferentes meios de comunicação. A mudança foi transformada em fato político pelos governantes e excessos foram cometidos tendo como desculpa a campanha de esclarecimento. Quem não lembra os outdoors espalhados pela cidade afirmando que a mudança do horário era um dos ‘ideais da revolução acreana’? E da abominável ‘festa da hora’ realizada com recursos públicos para ‘celebrar’ o novo horário?

Bem ou mal, a campanha de esclarecimento foi importante para que a população se preparasse para a mudança. Agora, sem tempo hábil para isso, turbulências serão inevitáveis nas primeiras semanas.

Mas mesmo em 2008, com ampla divulgação na imprensa e um período maior de adaptação, a rejeição ao novo horário foi muito elevada. A maioria das críticas decorreu da lentidão na adequação do horário de expediente nas repartições públicas, escolas e comércio. Não se sabem as razões, mas os governantes de então, que tinham grande interesse na mudança do horário, relegaram os ajustes necessários para minimizar o impacto na população.

O resultado é que a adequação levou quase cinco anos e grande parte da população se ‘acostumou’ forçadamente ao novo horário. A prova é que hoje parte dos que reclamam da volta ao antigo horário inclui muitos que eram contra o horário atual no referendo de 2010. Independente dos atuais governantes não serem simpáticos à mudança do horário, eles tem o dever de deixar de lado suas preferências pessoais e trabalhar em favor da população, evitando os transtornos observados em 2008.

E nesse primeiro momento a principal decisão a ser tomada é quanto ao horário de funcionamento das escolas e das repartições públicas. Tanto o Governo do Estado como as prefeituras devem promover a volta dos horários de funcionamento praticados antes da mudança horária de 2008. Era um horário extremamente conveniente para alunos e professores, especialmente aqueles que ministravam aulas em escolas diferentes porque o intervalo entre os turnos matutino e vespertino era de aproximadamente duas horas. Além disso, o final da aula ocorria sempre por volta das 17 horas.

É preciso ser célere nesta mudança porque a manutenção do atual horário de funcionamento de repartições públicas e escolas após a mudança do dia 10 é uma aposta no caos e na confusão. Já foi dito e está espalhado na web que não fazer esses ajustes é uma forma de fomentar na população rejeição ao retorno do horário antigo. Adotar essa atitude contribuirá para fortalecer a impressão de que a classe política vive para tirar proveito de tudo que possa lhe trazer ganhos eleitoreiros, mesmo que isso afete negativamente a população.

De minha parte tenho a firme convicção que os maiores prejudicados, e os que protestarão de forma mais veemente para deixar clara sua insatisfação com a mudança do horário acreano, são a minoria privilegiada que tem aproveitado o final de tarde iluminado nos dias úteis para a prática de lazer em parques públicos. Os maiores beneficiados são a maioria dos trabalhadores mais humildes, que não terão muito do que reclamar da mudança e, portanto, não precisarão congestionar as redes sociais com protestos e críticas.

Afirmo isso porque ao sair do trabalho no final da tarde, passo ao lado do Parque Tucumã e vejo que o mesmo está sempre lotado por um grupo de usuários claramente privilegiados, em sua maioria possuidora de veículos que congestionam o estacionamento da rua de acesso ao Parque. Não tenho nada contra o lazer dessas pessoas, mas como não sou cego também vejo, ao chegar à via principal que margeia o mesmo Parque, dezenas de trabalhadores em bicicletas e motocicletas se dirigindo às suas residências, congestionando a referida via. É possível observar também muitos ônibus lotados de trabalhadores que em razão da precariedade do sistema público de transporte de nossa cidade, não terão a oportunidade de desfrutar da luz do dia para a prática de atividades de lazer depois que chegarem às suas casas.

Foi essa maioria silenciosa e sofredora de trabalhadores que votou pelo retorno ao antigo horário acreano e é ela que espera que os administradores públicos atuem de forma célere para minimizar os impactos da mudança que ocorrerá no dia 10. Aos que tem a responsabilidade de fazer os ajustes da hora, nunca é demais lembrar que 2014 é ano de eleição e eventuais transtornos decorrentes de um retorno caótico e confuso ao antigo horário ainda estarão frescos na memória dessas pessoas.

02 novembro 2013

CHEGOU A HORA DE ACERTAR OS PONTEIROS*

Roberto Feres**


No dia 23 de junho de 2008 o Sol nasceu às 5h46 em Rio Branco. Naquele ano, quase todos que trabalhavam nas repartições públicas começavam no batente às 7h da matina.

Era a fase do ano quando o dia começa mais tarde e também quando escurece mais cedo. Já por todo o mês de novembro o dia era claro a partir das 5h.

No próximo dia 10 de novembro, quando o Acre resgatará o horário antigo, acontecerá algo inverso: o Sol nascerá às 4h59, tendo, na véspera, nascido às 6h, com todo mundo entrando às 8h no trabalho, caso o expediente não retorne também aos horários que vigoravam em 2008.

Um dos principais motivos da rejeição do acreano à mudança do fuso horário foi a relutância dos empregadores, em especial os do setor público, em adequar o expediente aos costumes local.

O que mais se ouvia na época era o argumento de que as crianças tinham que sair de suas casas ainda de noite para irem a escola. Porém, muito aos poucos, e lá se foram mais de cinco anos de ajustes, os horários se acertaram, na medida do possível, ao hábito local de se por os pés fora da cama com o calor e a claridade do Sol.

Agora é importante aprender com os erros do passado e preparar o ajuste do expediente à nova hora. A principal regra desse ajuste será a volta das atividades aos horários que vigiam antes da mudança.

Escolas, comércio, serviços públicos e privados precisam urgentemente redefinir seus horários e comunicar com boa antecedência seus parceiros e usuários para um rearranjo sem traumas na nova mudança.

Sem esses ajustes, um funcionário público que entra no trabalho às 8h e sai às 18h, sofrerá com o excessivo calor matinal de um Sol que brilha há três horas e retornará para casa à noite, num dia que escureceu às 17h31.

Não fazer esses ajustes pode ser uma tática para fomentar rejeição ao retorno do horário antigo. Oxalá, dessa vez, façam as mudanças pelo bem-estar do povo e não para punir os discordantes.

*Artigo originalmente publicado no Blog do Altino Machado
**Roberto Feres é engenheiro civil e perito da Polícia Federal