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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

31 agosto 2011

JORGE VIANA E A BR-364: NOTA DE REPÚDIO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores

NOTA DE REPÚDIO

O Diretório do PT do Acre repudia, com veemência, a matéria publicada pela revista Isto É no último fim de semana e transcrita hoje pelo site ac24Horas, por considerá-la inverídica, caluniosa e a serviço de interesses de alguns poucos políticos do Acre que, de maneira oculta, lutam contra a BR 364.

Essa estrada é o sonho de todos os acreanos, de ver o Estado finalmente interligado e definitivamente integrado com o nosso Brasil. O atual senador e ex-governador Jorge Viana, junto com o ex-governador Binho Marques e o atual governador e ex-senador Tião Viana e tantos outros bons acreanos, foram os que mais lutaram por esse sonho. Graças ao empenho pessoal do ex-presidente Lula e ao envolvimento da presidente Dilma Rousseff, a batalha está sendo vencida e o sonho se transforma em realidade.

Acusar Jorge Viana de lutar pela mais importante rodovia do Acre é um elogio. Mas é criminoso dizer que ele se beneficiou das obras da estrada. Falar isso é fazer uma acusação irresponsável e criminosa. Sua campanha vencedora ao Senado Federal foi limpa e exemplar, como atestam as contas aprovadas pelos órgãos competentes.

A obra da BR 364 está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) graças à luta dessas lideranças e foi a batalha deles que garantiu os recursos do Orçamento da União. O governador Tião Viana e a presidente Dilma vão concluir as obras da BR 364 e isso, certamente, deixa alguns políticos incomodados.

Por tudo isso, o diretório do PT vem hipotecar solidariedade ao dedicado, íntegro e competente senador Jorge Viana e manifestar seu repúdio à notícia caluniosa veiculada pela revista Isto É e reproduzida pelo ac24Horas.

30 agosto 2011

SECA DE 2010 NA AMAZÔNIA FOI A MAIS DRÁSTICA DESDE 1902

Constatação foi feita por pesquisadores do Inpe a partir da análise de série histórica de dados de pluviosidade na região da bacia amazônica

Agência FAPESP – Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) concluíram em um estudo, publicado na revista Geophysical Research Letters, que a seca de 2010 na Amazônia foi a mais drástica já registrada desde 1902, superando a de 2005, que até então era considerada a maior do século.

A constatação foi feita a partir da análise de uma série histórica de dados de pluviosidade na região da bacia amazônica, com medições desde 1902.

Os resultados do estudo apontam que o processo teve início no começo do verão, durante o El Niño (um processo natural de aquecimento das águas do Pacífico), mas foi intensificado pelo aquecimento das águas tropicais do Atlântico Norte. Em função disso, se originou uma estação seca que se estendeu por muitos meses, ocasionando alterações no ciclo hidrológico.

Como consequência desse processo, houve rebaixamento dos níveis de água e seca completa de cursos d’água e tributários de rios na bacia amazônica. A região sul foi a mais afetada. O fenômeno causou graves problemas socioambientais, especialmente às populações ribeirinhas, que ficaram isoladas por dependerem dos rios para seu deslocamento.

Em outro artigo recém-publicado na revista Theoretical Applied Climatology, pesquisadores do Inpe apresentaram os resultados de um amplo estudo sobre as inundações na Amazônia e Nordeste do Brasil, ocorridas no período de maio a julho de 2009. O fenômeno provocou mortes e deixou milhares de famílias desabrigadas. O trabalho demonstra que essas chuvas torrenciais foram as mais intensas e duradouras já registradas.

O rio Negro, principal tributário do rio Amazonas, atingiu seu maior nível em 107 anos. Os autores concluíram que o evento foi resultado de uma conjuntura de fatores meteorológicos, especialmente o aquecimento acima do normal das águas superficiais do Atlântico Sul – aspecto importante para a explicação das chuvas abundantes em vastas regiões do leste amazônico e Nordeste do país.

Os pesquisadores destacaram também que esses episódios extremos, assim como a seca duradoura ocorrida no ano de 2010 na bacia amazônica, reforçam a hipótese de que anomalias no regime pluviométrico e de temperatura serão mais frequentes em cenários futuros de mudanças climáticas.

Entre os autores dos estudos está José Antônio Marengo Orsini, chefe do Centro de Sistema Terrestre do Inpe.

O artigo The drought of 2010 in the context of historical droughts in the Amazon region (doi:10.1029/2011GL047436), de Orsini e outros, pode ser lido em www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/2011GL047436.pdf.

(Foto:Fapeam)

AMEAÇA REAL A JUÍZES E 'REALISMO FANTÁSTICO'

Blog do Frederico Vasconcelos
Folha Online

A ministra Eliana Calmon entregou ao Tribunal de Justiça de Pernambuco um veículo blindado para ser usado por uma juíza ameaçada de morte. Diante da doação do CNJ, o cidadão comum pode perguntar por que o tribunal não tem recursos para proteger magistrados, mas gasta com eventos e estímulos a vaidades. Sem licitação, o TJ-PE contratou por R$ 56,9 mil um artista plástico para fazer desenhos em bico de pena do Palácio da Justiça e reproduzir retratos de desembargadores. Na nota sobre a festa em que o tribunal distribuiu medalhas a advogados, juízes, militares e políticos, com jantar animado por um grupo de chorinho, a título de comemorar 189 anos da Corte, foi anunciado que "os desenhos, de fantástico realismo, serão reproduzidos graças ao apoio do Grupo João Carlos Paes Mendonça".

Juízes são ameaçados, mas a festa continua

Ao distribuir medalhas, o Tribunal de Justiça de Pernambuco repete, em menor escala, prática usual do Judiciário de MG (onde a Justiça Federal já condecorou um doleiro). Em nota, o TJ-PE informou que os desenhos patrocinados por empresa privada "servirão como presente oficial do gabinete da Presidência às autoridades que visitarem a sede do Poder Judiciário estadual". É o STJ fazendo escola, pois a Corte Superior distribuiu álbum ricamente ilustrado, com fotos da sede monumental e artigo de Oscar Niemeyer justificando os gastos da obra cujo superfaturamento milionário viria a ser comprovado anos depois. O mimo foi patrocinado pela Souza Cruz.

22 agosto 2011

ALTO ÍNDICE DE ANEMIA INFANTIL NO MUNICÍPIO DE JORDÃO-AC

"Prevalência de anemia entre crianças com idade pré-escolar é de 57,3%, um valor quase três vezes acima da média nacional (20,9%) e mais de cinco vezes superior à média observada na região norte do país (10,4%). "

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

A anemia é a carência nutricional mais prevalente no mundo, afetando 24,8% da população mundial, especialmente crianças (47,4%), gestantes (41,8%) e mulheres em idade fértil (30,2%), sobretudo em países em desenvolvimento. No Brasil ela ainda é considerada um grave problema de saúde pública entre crianças com idade pré-escolar (até 5 anos). Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher realizada em 2006 mostram que a prevalência da anemia no país era de 20,9%, com a região Norte apresentando o menor índice (10,4%) entre as macrorregiões pesquisadas. Em populações indígenas, entretanto, as prevalências de anemias ainda são muito elevadas, com proporções superiores a 60%.

As mudanças favoráveis dos indicadores de saúde e nutrição infantil observadas no Brasil nos últimos anos não se deram de forma homogênea entre as regiões e a prevalência da desnutrição infantil ainda permanece alta na Região Norte (14,7%). No Estado do Acre, a grande maioria dos municípios possui estimativas muito altas de prevalência de desnutrição infantil, destacando-se o Município de Jordão com as piores estimativas de prevalência de desnutrição segundo o indicador de déficit de estatura para idade (44,6%). Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI) na Região Norte é bem mais baixo (0,56) que o observado nas regiões Sul (0,75) e Sudeste (0,78).

Foi em razão da escassez de estudos sobre a prevalência e fatores associados a distúrbios nutricionais na Região Norte do país, sobretudo em áreas de difícil acesso, que pesquisadores da Universidade Federal do Acre e da Universidade de São Paulo resolveram analisar a prevalência de anemia e fatores associados no Município de Jordão, um dos mais pobres e isolados do Acre.

O resultado do estudo mostrou que a prevalência geral de anemia foi de 57,3%. Considerando-se a população de crianças com ascendência indígena residente na área urbana, a prevalência de anemia foi de 37,5%, valor que aumenta consideravelmente na zona rural, onde 64,3% das crianças com ascendência indígena eram anêmicas.

Em relação às características ambientais, não havia esgotamento sanitário no município em 2005: 75% dos dejetos eram desprezados em fossa ou vala a céu aberto, 30% das crianças consumiam água sem nenhum tipo de tratamento e cerca de 60% eram provenientes de famílias com renda inferior a R$ 288,00. A respeito das condições de acesso ao serviço básico de saúde, observou-se que 62,6% das crianças nasceram no próprio domicílio e somente 17,5% referiram acompanhamento regular em serviços de atenção básica (predominantemente em caso de adoecimento). Somente 17,8% das crianças estudadas apresentavam esquema vacinal em dia.

A prevalência de anemia, considerando as condições sócio demográficas da população avaliada, foi semelhante entre os sexos, predominando em crianças de 6 a 23,9 meses (75%), que residiam na área rural (62,1%), em moradias de paxiúba ou barraco (62,9%) e com alta aglomeração intradomiciliar (64%). Observou-se que as crianças não inscritas em algum programa social (60,9%), pertencentes às famílias mais pobres (62,7%) e cujas mães não trabalhavam fora (63,1%) tiveram maior risco de apresentar anemia.

Houve maior prevalência de anemia entre crianças cujas mães eram anêmicas (67,3%), adolescentes (73,1%), ou que fumaram durante a gravidez (66,5%). A utilização de remédio para verme nos últimos doze meses mostrou diferença estatisticamente significante na prevalência de anemia, com risco 23% maior para as crianças que não fizeram uso do medicamento. Dezessete por cento das mães não sabiam ler ou nunca frequentaram a escola.

Foi observada associação positiva e estatisticamente significante entre anemia e tempo de aleitamento materno total (AMT) inferior a 120 dias. O aleitamento materno foi iniciado para a maioria das crianças (92,2%), mas a prática de aleitamento materno exclusivo foi precocemente interrompida: 70% das crianças eram amamentadas exclusivamente por menos de 30 dias.

As variáveis associadas à anemia observadas no município foram: local de moradia, número de crianças no domicílio, mãe trabalhar fora, fumo durante a gestação, anemia materna e déficit de Altura/Idade. A variável que apresentou maior associação com o desfecho foi idade da criança, indicando que as crianças de seis a 23,9 meses mantiveram maior risco (40%) de apresentar anemia em comparação às de 24 meses ou mais.

Segundo os autores, a elevada prevalência de anemia encontrada (57,3%) ressalta a magnitude do problema e a precariedade das condições nutricionais das crianças que vivem nessa região da Amazônia, classificando-a segundo os critérios internacionais da OMS como um grave problema de saúde pública. Baseados em resultados de outros estudos realizados na Amazônia, eles acreditam ainda que os principais causadores da anemia nas crianças avaliadas em Jordão sejam a deficiência de ferro e práticas inadequadas de aleitamento materno. A introdução precoce do leite de vaca é desvantajosa para a nutrição da criança, pois além de diminuir a duração do aleitamento materno, pode interferir na absorção de nutrientes existentes no leite humano, como o ferro.

Apesar de reconhecerem algumas limitações metodológicas do seu estudo, os autores acreditam que o mesmo é uma iniciativa impar para o estabelecimento de um diagnóstico pioneiro sobre saúde e nutrição de crianças que vivem em localidades onde os desafios relativos à organização de serviços de infraestrutura básica - como fomentação da agricultura de subsistência local, geração de renda e qualificação dos serviços de saúde - ainda precisam ser superados. Ao final eles sugerem que o enfrentamento da anemia no município de Jordão requer, dentre outras medidas, maior cobertura das ações básicas de saúde com ênfase na assistência pré-natal e de puericultura.

O artigo "Anemia em crianças de 6 a 59 meses e fatores associados no Município de Jordão, Estado do Acre, Brasil" de Cristieli Sérgio de Menezes Oliveira, Marly Augusto Cardoso, Thiago Santos de Araújo e Pascoal Torres Muniz pode ser lido por no site da revista Cadernos de Saúde Pública vol.27, no.5, publicado em maio de 2011.

Crédito da imagem: Jornal Notícias dos Municípios

21 agosto 2011

O BRASIL E A CRISE MUNDIAL

Sólido e vulnerável

Miriam Leitão
O Globo 21/08/2011

O Brasil tem tecnologia para enfrentar algumas crises. Foram muitos os desafios que o país precisou superar. Soube resolver uma crise bancária de forma melhor do que os Estados Unidos e a Europa. Encontrou uma solução razoável para o colapso fiscal dos estados. Venceu a hiperinflação. Foram experiências traumáticas, e estivemos sozinhos na busca de solução.

Quem acompanha a economia brasileira há muito tempo, como eu, teve várias vezes a sensação de “já vi este filme”, diante das crises recentes em outros países. O erro que a Europa e os EUA cometeram quando os bancos quebraram foi não seguir a marca divisória que o Brasil riscou no chão com o Proer. O programa de reestruturação do sistema financeiro separou ativos bons e ruins dos bancos quebrados; vendeu os bons para outros bancos; garantiu os correntistas e tomou os ativos dos banqueiros. Fez uma lei em que administradores e controladores responderiam com seus bens pelos problemas. Desta forma, salvou os investidores, mas não os banqueiros. Lá, o resgate não fez essa separação e produziu uma desmoralização: os administradores de fundos, bancos e grandes acionistas sabem que serão resgatados.

Quando os estados faliram, Pedro Parente, Clóvis Carvalho, Pedro Malan, Murilo Portugal e vários bons funcionários públicos conduziram uma detalhada negociação de refinanciamento. Ela envolveu até a venda de recebíveis, como duas décadas de royalties do Rio. Bancos estaduais quebrados foram federalizados para serem vendidos ou fechados. Os estados devem à União, pagam, têm limites fiscais a obedecer. De vez em quando reclamam do indexador da dívida, mas o marco legal foi mantido através da Lei de Responsabilidade Fiscal. A Europa gastou uma quantia exorbitante para salvar a Grécia e agora não sabe como fazer a reestruturação das dívidas de vários outros países maiores.

O Brasil desenvolveu essas tecnologias de enfrentamento e solução de crises porque tinha um projeto: uma moeda estável, que encerraria décadas de super e hiperinflação. Enfrentou sozinho e em descrédito as dificuldades. O mundo crescia e nos olhava como país bizarro. O governo americano não quis ajudar na negociação da nossa dívida externa — não fez pelo Brasil o que fez pelo México. O FMI ajudou em alguns momentos, com empréstimos, mas com exigências muito maiores do que faz agora aos países em crise da Europa.

O Brasil renegociou sua dívida externa de forma amigável — ainda que dura — ; a Argentina deu calote, seguido de atitude hostil em relação aos mercados. Nós saímos melhor da crise, mas a Argentina também voltou a crescer. A diferença é que continuamos com o compromisso de lutar contra a inflação, e a Argentina decidiu brincar de forma imprudente com o perigoso inimigo.

Com o que o Brasil não sabe lidar? Com crise de superendividamento das famílias e bolha imobiliária. A longa hiperinflação deixou de herança um mercado de crédito subdesenvolvido, e só nos últimos anos ele floresceu. Dobrou em oito anos como percentual do PIB. A maioria dos economistas brasileiros não faz um diagnóstico exato porque compara o crédito/PIB com o de outros países e conclui que está tudo bem. Ou olha índices de inadimplência e acha que não há sinais de risco. Há riscos, sim. O Brasil tem um dinheiro caro demais, muita inadimplência está sendo mascarada por tomadas de empréstimos para renovar dívidas. Se o país parar de crescer e de elevar salários, a rapidez da bola de neve do não pagamento de dívidas será maior, exatamente pelo custo do dinheiro. Os imóveis estão com preços se descolando da realidade. Na última crise imobiliária que o Brasil teve, nos anos 1980, a classe média não conseguiu pagar, o BNH quebrou, o prejuízo foi estatizado e o financiamento imobiliário morreu por 20 anos. A maior parte da conta foi paga pelos pobres ou muito pobres.

O Brasil não tem tido respostas novas para a desaceleração do crescimento. As respostas estão contaminadas pela ideologia econômica do governo militar, agora reeditada: ampliação de gasto público, uso excessivo de bancos estatais na oferta de crédito a empresas com problemas, renúncias fiscais para lobbies industriais mais fortes, escolha de grupos para serem favorecidos com a missão de liderar o capitalismo nacional. Tudo é velho e não deu certo. O cemitério de empresas está cheio de supostos campeões nacionais. Esse é o maior risco que a economia corre hoje. O BNDES na gestão de Luciano Coutinho está reeditando escolhas que levaram o país ao capitalismo de riscos públicos e lucros privados. O ingrediente mais tóxico é o endividamento público para “emprestar” ao banco. É sim uma nova conta movimento.

O Brasil virou dependente do preço alto das commodities, como se o boom fosse durar para sempre. Num cenário de recessão global, cada vez mais real, e no qual a economia chinesa não pise no acelerador, as commodities caem. Quando acontecer, vão aumentar as pressões de lobbies por protecionismo e favorecimento aos grandes grupos industriais. Respostas velhas ganharão força.

O país precisa saber em que ponto é sólido e em que ponto é vulnerável. Pode exibir a segurança de quem enfrentou sozinho crises difíceis e desenvolveu soluções, mas deve evitar erros velhos. O mundo atravessa uma zona de turbulência e nosso avião está no ar. Precisamos de um bom plano de voo.

Belchior - Tudo outra Vez



"Poucos artistas conseguem materializar sentimentos junto com sua música. Ao ouvir Belchior quase podemos tocar a emoção e o sentimento dele. E essa emoção inevitável e devastadora invade o coração de quem ouve, sente e, acima de tudo, entende. Viva Belchior."

(Joelson, fã de Belchior, comentando o vídeo acima no YouTube)

Eu fui entender o significado desse verdadeiro hino para aqueles que 'vivem longe de sua terra' em meados dos anos 80, quando cursava agronomia na UFAC. Um colega nosso, oriundo de Xapuri, o Ailton, costumava cantá-la com o sentimento à flor da pele. Ele nos dizia que ela significava muito para ele, que tinha saído de casa já fazia alguns anos. Primeiro para atender uma escola agrícola no interior de São Paulo, e depois a universidade em Rio Branco. Digo mais. Esta múscia de Belchior representa, descreve, como poucas, o período na qual foi lançada: a década de 70.

09 agosto 2011

PREÇO DO CIMENTO VAI AUMENTAR EM RIO BRANCO

O cimento está em falta em Rio Branco. O preço já subiu e vai subir ainda mais. A falta do produto e o aumento do preço são injustificáveis e derivam de uma possível manipulação do mercado.

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Antigamente, quando a BR-364 não era pavimentada, todo mundo sabia: era só chegar o período das chuvas para o cimento aumentar em Rio Branco. Era compreensível: quando chovia a estrada podia fechar por dias, os caminhões traziam uma carga de no máximo 400 sacas, poucas empresas transportadoras ou motoristas autônomos arriscavam seus veículos nos buracos e na lama da precária estrada.

Mas hoje, com a estrada pavimentada, com carretas trazendo até 800 sacas por viagem, com a ampla disponibilidade de veículos - de empresas locais inclusive - para fazer o transporte, qual a justificativa para o cimento subir quase 15% de uma semana para outra?

Qualquer justificativa torna-se implausível quando se sabe que em Porto Velho existe uma fábrica de cimento funcionando a todo vapor.

Mesmo assim o aumento aconteceu na maior rede de lojas de material de construção da cidade. A saca de cimento, vendida a R$ 30 passou para R$ 34, com perspectivas de aumentar ainda mais. E quem estiver construindo deve correr para as poucas lojas que dispõe do produto a preço acessível. Na próxima vez que o cimento desembarcar na cidade seguramente o preço vai ser superior a R$ 35.

E quais as razões para essa súbita falta do produto e o consequente aumento no preço?

Segundo um vendedor da loja Agroboi, a fábrica da Votorantim de Porto Velho informou que nos próximos dois meses toda a sua produção será destinada às duas usinas hidrelétricas que estão sendo construídas no rio Madeira. Por essa razão o fabricante recomendou aos revendedores locais adquirir o produto na fábrica da Votorantim em Cuiabá. O aumento do preço é, portanto, inevitável.

Sendo verdade a afirmação do vendedor, fica a pergunta: quais as razões da fabricante para fazer isso com os consumidores acreanos? Manipulação no mercado para manter o preço do cimento em alta? Elevar o preço do seu produto frente a uma marca concorrente no mercado local?

Tudo é possível. A marca de cimento comercializada pela Votorantim (Itaú) é rejeitada pela maioria dos profissionais da construção civil acreanos que a consideram de baixa qualidade. Uma marca de cimento produzida em Goiás é a preferida e tem por isso preço de venda maior.

A questão da manipulação do mercado por parte da Votorantim já foi objeto de denúncia em Rondônia. Em outubro do ano passado o deputado Jesualdo Pires (PSB-RO) já havia alertado que mesmo com uma fábrica de cimento instalada na cidade, o preço do cimento em Porto Velho era o mais caro do Brasil, sendo vendido pela Votorantim a R$ 21,55 na fábrica (saca de 50 kg), chegando ao consumidor final ao preço de R$ 27. Segundo o deputado em Goiânia, o valor na fábrica era de R$ 13, chegando ao consumidor ao preço de R$ 16,80 e em Brasília, o preço praticado era de R$ 12,80, na fábrica, e de R$ 16,50 ao consumidor final.

A revolta do parlamentar rondoniense era maior porque a empresa Votorantim se instalou no estado vizinho recebendo generosos incentivos fiscais. Segundo o deputado, a ganância da fabricante era tanta que o cimento a granel era comercializado, na fábrica, pelo mesmo preço do produto ensacado.

É bom os políticos acreanos se inteirarem do problema e agirem firmemente para livrar os consumidores acreanos desse aumento desnecessário e injustificável.