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24 junho 2011

MARCHA PARA JESUS NO ACRE: QUEM FOI EXALTADO? JESUS OU O ESTADO DE ISRAEL?

Ironia ou pura ignorância: a marcha para Jesus no Acre foi também a marcha para exaltar Israel, o estado político judeu que tem, entre suas políticas oficiais, a opressão e o assassinato de integrantes de outro povo, os palestinos, dos quais Israel também usurpa terras.

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

[Foto da marcha para Jesus no Acre]

As fotos falam tudo. Milhares de pessoas participaram da 'marcha para Jesus 2011' realizada em Rio Branco ontem (23/06). Algumas dezenas portavam bandeiras do país conhecido por Israel, que fica localizado no oriente médio. Tinha até uma mega bandeira, conforme se pode ver nas fotos do evento.

Não existe outra conclusão a ser tirada da marcha: além de exaltar Jesus, os participantes, especialmente os que portavam bandeiras de Israel, o estado político, exaltavam também este pequeno e militarmente poderoso país cuja fama notória no cenário internacional é de oprimir, invadir as terras e assassinar de forma recorrente membros de outro povo, os palestinos. E faz isso como uma política de Estado. Ou seja, as forças de segurança de Israel tem licença para matar. É uma política de Estado.

[Foto da marcha para Jesus no Acre]

Será que quem portava as bandeiras do estado de Israel tem consciência disso? Será que essas pessoas não sabem que é 'politicamente incorreto' tomar atitudes como essa?

Como elas podem justificar que estão exaltando Jesus por um lado e por outro exaltando um estado político que age de forma diametralmente oposta aos ensinamentos do líder cristão?

Quem assistiu os telejornais das grandes redes de TV ontem observou, por exemplo, que em São Paulo, onde aconteceu a maior de todas as marchas para Jesus neste ano de 2011, não era possível ver ou identificar facilmente a existência de bandeiras do estado de Israel.

[Foto da marcha para Jesus em São Paulo]

Qual o significado disso?

Que as lideranças evangélicas paulistas se conscientizaram do erro que cometeram no passado. Tudo indica que elas baniram ou sugeriram aos fiéis participantes da marcha a evitar portar bandeiras de estados políticos. A marcha tem carater estritamente religioso.

O que falta para as lideranças evangélicas acreanas fazerem o mesmo?












Fonte das fotos: Fotos da marcha para Jesus no Acre (site A Gazeta.net). Foto da marcha para Jesus em São Paulo (site Folha Online).

22 junho 2011

O LOBO E OS CORDEIROS

A aparente fragilidade política do governo Tião Viana na recente negociação salarial com os servidores oculta uma brilhante estratégia política visando as eleições municipais do ano que vem e a falta de visão econômica dos sindicalistas que aceitaram a proposta do governo

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Sob o ponto de vista das contas públicas, o aumento salarial de 20% concedido pelo Governador Tião Viana aos servidores do estado no início da semana passada aparenta ter sido generoso demais diante da trajetória de desaceleração econômica gradual imposta ao país pelo Governo Federal para coibir a volta da inflação.

Ocorre que quando a atividade econômica diminui o reflexo imediato é uma queda correspondente na arrecadação de impostos e taxas no âmbito dos governos federal, estadual e municipal. Sem perspectivas de excesso de recursos futuros em caixa, os administradores públicos, quando confrontados com demandas salariais por parte dos servidores, tendem a conceder reajustes alinhados com a nova situação econômica.

Esta prática tem prevalecido no Brasil desde a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, no início da década passada, que impôs um limite para os gastos com a folha salarial da máquina pública. No caso dos governos estaduais este limite é de 60% sobre a receita corrente líquida. Estamos acreditando que o percentual de 20% concedido pelo governo acreano não levará o estado a transgredir o limite de gasto salarial imposto pela Lei. Mas isto só poderá ser comprovado ao final do ano que vem, quando o reajuste concedido deverá ser completado.

Contas públicas à parte, a impressão que ficou desse episódio, que começou com o governo admitindo que só poderia conceder reajuste de 1% e concluiu com o exagerado aumento de 20%, é que, aparentemente, a administração de Tião Viana está fragilizada diante das demandas dos sindicatos de servidores públicos. Esta aparente fragilidade deriva do pífio desempenho eleitoral do grupo político liderado pelo governador nas últimas eleições que, sem o apoio da maioria esmagadora da população, tem dificuldades de impor medidas que possam, mesmo que remotamente, causar qualquer desconforto aos eleitores que eles pretendem reconquistar.

Mas esta fragilidade parece ser mesmo apenas aparente. É importante observar que a equipe governamental impôs um calendário de reajustes que é extremamente conveniente para as pretensões políticas do grupo que está no poder. E isto poderá fazer diferença na eleição municipal que se avizinha.

Por um lado, até meados do ano que vem, ou seja, cerca de quatro meses antes das eleições, os servidores deverão ter recebido 15% de reajuste salarial. Seguramente muitos deles deverão estar felizes e satisfeitos e, quem sabe, dispostos a votar em peso novamente nos candidatos apoiados pelo governo. Por outro, os sindicatos de servidores públicos não terão no início do ano que vem bandeira de luta ou argumentos significativos para justificar, por exemplo, a convocação de uma greve geral contra o governo. Vão pedir o que? Outro aumento de 20%? Se insistirem em algum tipo de reivindicação, o governo pode inclusive argumentar motivação política e intolerância dos sindicatos tendo em vista que na ocasião ainda não terá terminado de pagar o ‘generoso’ aumento concedido em 2011.

Não tenham dúvidas: os candidatos apoiados pelo governo estadual poderão desenvolver suas campanhas para as eleições municipais de 2012 sem sobresaltos e preocupações com insatisfações da massa de servidores-eleitores. Graças aos sindicalistas que representam estes servidores.

É bom que se diga que a atuação dos sindicatos dos servidores públicos nesta campanha salarial foi na verdade um fiasco. Parece que prevaleceu, na hora de pedir o aumento, aquele ditado “quem tudo quer nada tem”.

Só os sindicalistas não viram que o percentual de aumento concedido de forma parcelada deverá ser extremamente afetado pela inflação em alta no país. Vejamos. Até o final deste ano a inflação prevista é de 6,5%. Como apenas uma parcela de 5% do reajuste deverá ser efetivamente paga no período, agora em julho, ao final do ano os servidores deverão experimentar um achatamento de 1,5% no seu poder de compra.

Para o ano que vem a previsão é de que a inflação baixe para algo em torno de 4%. Como o reajuste a ser pago efetivamente no período vai ser de 10%, considerando que a parcela de dezembro deverá ser paga quase na virada do ano, a perspectiva é de um ganho de apenas 6%. Resultado: se as previsões de inflação para este e para o próximo ano se confirmarem a expectativa de ganho dos servidores estaduais deverá ser de aproximadamente 4,5%. Muito diferente dos 20% concedidos.

Se você leitor é servidor público, é bom ficar preocupado. Pode ser que o seu ganho fique ainda menor do que o previsto aqui. E se você leitor for um sindicalista, seja mais criterioso nas próximas negociações salariais e passe a acreditar que aquele ditado que diz que 'quem tudo quer nada tem’ é realmente verdadeiro

05 junho 2011

PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO CULTIVO DE SERINGUEIRA NO ACRE (II)

Evandro José Linhares Ferreira (1) & Raimundo Barros Lima (2)

Em 2010 a produção brasileira representou apenas 30% das 430 mil toneladas de borracha natural consumidas pelo mercado nacional. Segundo o Ministério da Agricultura, até 2030 a demanda interna saltará para cerca de um milhão de toneladas por ano. Diante da forte perspectiva de aumento no consumo e buscando diminuir a dependência das importações, o Governo Federal criou, para a safra 2010/2011, o Programa de Agricultura de Baixo Carbono, que conta com uma linha de crédito de R$ 2 bilhões, no qual o cultivo de seringueiras tem lugar destacado por seu longo ciclo de produção. Os investimentos no aumento da produção nacional de borracha natural estão, portanto, solidamente calcados em um sincero interesse por parte do governo, que busca a auto-suficiência na produção nacional, e em uma demanda real por parte do mercado.

E são muitas as vantagens advindas da sonhada auto-suficiência na produção de borracha no país: geração de emprego, renda e incremento na arrecadação de impostos nos estados produtores, além da economia de valiosas divisas usadas para pagar a importação de borracha de países asiáticos, que monopolizam a produção e o comércio internacional de borracha. Em 2010 o Brasil importou US$ 790 milhões, valor que poderá ultrapassar os US$ 2,16 bilhões em 2020 se for mantido o ritmo de crescimento do consumo interno e os preços médios de importação observados em janeiro de 2011.

Em 2008 o consumo global de borracha natural superou a oferta em mais de 540 mil toneladas. E previsões alarmistas sugerem que até 2020 este déficit poderá superar um milhão de toneladas. O preço do produto está em franca ascensão no mercado internacional. No mercado brasileiro, entre dezembro de 2010 e março de 2011, foi verificado um aumento de 22,7% no preço da borracha comercializada pelas usinas beneficiadoras (tipo GEB-1).

Diante desse cenário altamente favorável, e considerando ainda que o potencial de consumo mundial de borracha sintética, derivada do petróleo, tende a se estabilizar ou cair em razão da provável elevação do preço de sua matéria-prima, pelo menos em teoria, plantar seringueiras hoje é certeza de colheita de lucros garantidos no futuro.

No Brasil, a região Sudeste é a maior produtora de borracha natural derivada de cultivos com 62,2% da produção, seguida pelas regiões Centro-Oeste (21,2%), Nordeste (13,6%), Norte (2,5%) e Sul (0,5%). O estado de São Paulo é o maior produtor nacional, com 54,60% da produção nacional, seguido da Bahia (16,22%), Mato Grosso (13,94%), Espírito Santo (4,73%) e Minas Gerais (2,88%). A produção acreana derivada de cultivos equivale a apenas 0,2% do montante nacional, ou cerca de 850 t/ano.

O renascimento necessário e mais que justificável da heveicultura acreana, relegada das políticas públicas nos últimos 25 anos, está acontecendo graças ao programa ‘Florestas Plantadas’, de iniciativa do governo estadual. Até 2020 ele prevê a recuperação de 60 mil hectares de áreas alteradas/degradadas no Acre mediante o plantio de florestas cujos componentes arbóreos principais deverão ser a seringueira e outras espécies madeireiras, frutíferas e energéticas. Nos próximos dois anos estão previstas a implantação de pelo menos duas mil hectares de seringueiras consorciadas com culturas anuais, semi-perenes e perenes. E até 2020 espera-se atingir 10 mil hectares.

O impacto sócio-econômico das novas áreas cultivadas com seringueiras no Acre deverá ser significativo. Serão necessárias pelo menos 5,7 milhões de mudas de seringueiras. Se essa produção for contratada junto a viveiros particulares, eles deverão movimentar pelo menos R$ 34 milhões nos próximos anos. O financiamento do programa, através do PRONAF, prevê cerca de R$ 12 mil/hectare e resultará na injeção de R$ 120 milhões no campo até 2020. Sob o ponto de vista social, existe a possibilidade de o programa atender mais de 3,5 mil famílias de pequenos produtores rurais. Para atender esse universo de produtores, serão necessários pelo menos 80 técnicos, entre o pessoal de campo e de gerenciamento, pois o sucesso do programa depende de uma assistência técnica de alto nível. Esses técnicos poderão ser contratados entre as dezenas de engenheiros agrônomos e florestais formados anualmente pela UFAC. O agente financeiro do programa também deve cuidar de expandir seu quadro técnico para dar celeridade à avaliação das propostas de financiamento, evitando atropelos no cumprimento das atividades previstas no calendário agrícola regional.

É importante ressaltar que investir em seringueira não é algo que se faz hoje para se colher resultados no dia de amanhã. Nem no ano que vem. Sua produção inicia-se apenas no sétimo ano. No caso do programa acreano, que ousou trazendo clones orientais altamente produtivos (caso do RRIM600) e não testados para as condições do Acre, a expectativa é de se obter mil kg de borracha seca/ha no primeiro ano de produção, quantidade que deverá aumentar até se estabilizar entre 2,0-2,5 mil kg/ha/ano. Considerando que o preço atual do kg da borracha (CVP) pago na porta do produtor acreano é de R$ 2,30 (mais R$ 0,90 de subsídio pago pelo governo), a expectativa de rendimento bruto dos futuros plantios poderá atingir, sob condições ideais de cultivo, até R$ 8 mil/hectare/ano.

Além de ajudar a recuperar áreas correntemente não usadas para fins econômicos, o cultivo de seringueiras poderá se beneficiar do mercado de carbono, que se encontra em ebulição na Europa. Na semana passada um certificado de redução de emissão (CER) de CO2, que equivale a uma licença para emitir uma tonelada de CO2 na atmosfera, era comercializado entre R$ 27,00-36,00. Como são necessárias duas árvores de seringueira, ao longo de um período estimado em 15 anos (taxa de conversão C:CO2=1:3,6), para neutralizar uma tonelada de CO2 emitida na atmosfera, o valor no mercado de carbono de um hectare de seringueira cultivada (500 plantas/ha) varia hoje entre R$ 6.900,00-9.200,00. Considerando que, sob condições ideais de manejo, a seringueira pode ser explorada por até 50 anos, pode-se prever que esta renda atinja R$ 30.500,00/ha ao longo da vida útil do plantio. Não é um valor tão atraente quanto o derivado da comercialização dos créditos de carbono de florestas nativas, que armazenam 100-200 t de carbono/ha, mas certamente será uma renda extra que os pequenos produtores acreanos jamais imaginariam obter.

(1) Pesquisador, Doutor em Botânica, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA, Núcleo de Pesquisas do Acre e Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC;

(2) Professor aposentado do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Acre, especialista em Heveicultura.

02 junho 2011

A FESTA DA HORA SE APROXIMA

A festa da hora se aproxima. E o governo da Frente Popular, que em 2008 usou recursos públicos para 'esclarecer' a população sobre a mudança de fuso horário promovida por ela à revelia do povo, tem o dever legal e moral de bancar a festa do povo que decidiu de forma democrática pelo retorno do nosso fuso horário.

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

O inferno astral vivido por Tião, Jorge Viana e grande parte de políticos e militantes da Frente Popular em razão do retorno do nosso fuso horário - que eles abominam - vai se encerrar em breve, quando o projeto de lei aprovado no Congresso for enviado para sanção da presidente Dilma Roussef.

Mas eles que não pensem que o final dessa história vai se resumir a isso: a presidente assinar e a lei entrar em vigor 30 dias após a sua publicação, como previsto no projeto do Senador Pedro Taques (PDT-MT).

A hora da 'vingança final', a 'cereja do bolo' para os que foram obrigados a engolir a mudança da hora sem consulta popular tem que ser degustada nesses 30 dias para a entrada em vigor da mudança. É preciso isso para fechar o episódio com ‘chave de ouro’.

Explico. Todos lembram que quando a lei que mudou nosso horário foi sancionada pelo presidente Lula no dia 25 de abril de 2008, foi dado um prazo de 60 dias para que a mesma entrasse em vigor. A razão alegada pelo autor do projeto de mudança era de que a população precisava ser esclarecida sobre as mudanças.

Mas porque 60 e não 30 dias? Foi politicagem? Tentativa de ganhar dividendos políticos durante o processo de esclarecimento público?

Quem viu como a tal campanha de esclarecimento foi conduzida – com material produzido pela agência de publicidade CIA de Selva – chegou facilmente à conclusão de que houve uma tentativa de manipulação psicológica da opinião pública.

Conforme se pode ver nas notas publicadas na época nos blogs que se posicionaram contra a mudança, a tal campanha tentou, entre outros absurdos, alegar que a mudança do fuso horário era um ideal dos revolucionários acreanos. Tudo bancado com recursos públicos usando como desculpa a tal necessidade de esclarecer a população.

E a Frente Popular – via governo do Estado – promoveu, com recursos públicos, a infame ‘Festa da Hora’ no calçadão do mercado velho. Lembram? Show com música e discursos dos então ‘vitoriosos’ de uma das batalhas da guerra que se transformou a questão do fuso horário no Acre. Eles venceram aquela batalha, mas perderam a guerra.

Pois bem. Agora, sem rodeios ou desculpas, é chegada a hora dos que se sentiram prejudicados ou injustiçados, de exigir, via seus representantes políticos, que o mesmo governo da Frente Popular, que por um capricho do destino é dirigido pelo líder dos que defenderam a mudança não democrática da nossa hora, banque uma campanha de esclarecimento à população sobre a mudança da hora que virá. Tem que ser olho por olho: nós, que sempre fomos contra a mudança, temos que ter direito a uma festa da hora também. E no mesmo local.

Queremos que os spots publicitários para a TV tenham qualidade similar aos produzidos em 2008. Queremos também dezenas de outdoors espalhados pela cidade. De preferência informando à população que o Acre decidiu, no referendo do ano passado, pela ‘hora mais certa’.

Vamos nos mobilizar para essa grande festa! Vamos formar um comitê para planejar a campanha de esclarecimento – sem dar vez e voz aos membros da Frente Popular. Para o governo da Frente Popular vamos mandar apenas a conta. Eles tem a obrigação moral e legal de pagar por isso.

Venham todos! O povão, os políticos que lutaram pelo retorno do nosso fuso horário! Vamos todos desfrutar dessa campanha. Não vamos deixar de provar da ‘cereja do bolo’ que irá coroar uma campanha vitoriosa onde a vontade democrática do povo acreano se impôs.

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Clique nos links abaixo para rever a "campanha de esclarecimento" veiculada pelo governo na época da mudança do nosso fuso horário:

- Acre - Novo Fuso Rio Branco
- Acre Fuso - vantagens