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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

29 setembro 2010

ANGELIM PEDRA

Nome científico: Hymenolobium sp.

Família: Fabaceae


Descrição resumida: árvore de grande porte com tronco cilíndrico, quase sempre reto, geralmente do tipo 1. A base do tronco com pouca sapopema. O ritidoma (casca) de coloração avermelhada, geralmente com placas lenhosas muito grandes que se desprendem com freqüência. A casca é de grossura média, dura e quebradiça ao ser cortada com facão, não apresentando fissuras nem cheiro particular ao ser cortada. Não apresenta pelos irritantes ou nós salientes.A entrecasca é de coloração pouco avermelhada, sem envira, e produz uma resina avermelhada depois de algumas horas de cortada. A ramificação da copa tende a ser horizontal, formando uma copa mais ou menos achatada e regular. As folhas compostas e alternas são grandes, mas os folíolos são muito pequenos, apresentando cor verde claro em ambas as faces. Os frutos são dispersos pelo vento. A madeira é usada para a confecção de móveis, caixilhos e tábuas para paredes.













27 setembro 2010

COZINHA BRASILEIRA EVOLUIU DE ACORDO COM O CONSUMIDOR

Feijão, farinha e carne seca. Qualquer paladar, depois de alguns dias, facilmente se cansaria dessa combinação. Mas foi a partir dela que a cozinha brasileira começou a evoluir e enriquecer, até chegar aos dias de hoje. É o que avalia a dissertação de mestrado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, "A transmissão do conhecimento culinário no Brasil urbano do século XX", apresentada no Departamento de História Social da faculdade pela historiadora Débora Santos de Souza Oliveira.

Rafael Carvalho/Agência USP de Notícias

Escondidinho de carne seca: sabores típicos podem ser comida contemporânea

Débora, que chegou a cursar Nutrição, conta que a cozinha ficava fora de casa na época da escravidão. “A comida era feita do lado de fora e levada para a sala de jantar”. Isso acontecia porque as refeições da casa eram preparadas pelos escravos e também porque grande quantidade de sujeira e fuligem se acumulava em torno do fogão, na época, a lenha. Segundo a pesquisadora, foi somente a partir da cultura cafeeira que esse retrato mudou — principalmente na região Sudeste do Brasil, área de principal enfoque em seu trabalho. “O dinheiro proveniente do café impulsionou a industrialização e permitiu, entre outras coisas, a chegada do fogão a gás, a mudança de panelas de barro para panelas de alumínio e água encanada. Então a cozinha pôde ser um dos aposentos internos da casa.”

Com o fim da escravidão, a mulher do início do século XX se deparou com uma cozinha dentro de casa, sem escravos para cozinhar as refeições diárias. “Sem os serviçais e podendo utilizar dos benefícios da eletricidade, a mulher começa a cozinhar de um modo diferente, obedecendo a novas regras e costumes”, aponta Débora. Nesse momento, as indústrias alimentícias começam a evoluir no País. Com elas, as propagandas de preparo de alimentos também: ingredientes mais simples e tempo reduzido para cozinhar foram fatores que ganharam força.

Após a Segunda Guerra Mundial, a industrialização crescente no Brasil levou ao crescimento da produção e venda de eletrodomésticos. Dessa forma, também ficou mais simples adicionar outros elementos à culinária brasileira, como os diferentes sabores trazidos por imigrantes. “Italianos e espanhóis eram alguns dos imigrantes que desistiram de viver do trabalho agrícola e se tornaram pequenos comerciantes no Brasil”, conta Débora. “Essa variedade na alimentação chega até os dias de hoje, especialmente em São Paulo, em que se come todos os tipos de comida.”

Inovações
Com a evolução da gastronomia, chega-se ao que Débora chama de comida contemporânea. Segundo ela, a comida passou a ditar um nível social. “Se você sai de casa para apreciar uma comida que não é usual, você é uma pessoa diferenciada”. Débora também conta que não é só a comida gourmet que dita essa diferenciação. “Um escondidinho de carne seca é nada menos do que charque e purê de mandioca. Ao gratinar a comida e colocá-la em uma porção individual, ela ganha outra identidade”, explica.

A comida orgânica também assume um novo papel. “Uma salada quente, usando ingredientes como quinoa, já define como a cozinha orgânica evoluiu. E a partir daí vão se desenvolvendo ‘tribos’, cada uma com seu gosto culinário”. Débora explica que, por causa disso, as indústrias alimentícias também trabalham o conceito de “comida ética”, que informa o consumidor que a carne vem de um animal que foi criado solto, ou que a industrialização de algum alimento não utilizou mão-de-obra infantil, por exemplo.

Por fim, a pesquisadora conta que as classes sociais também traçam seus perfis por meio dos alimentos que compram. “A indústria de alimentos passa a ser uma indústria de conveniência que quer atingir melhor as classes A e B e também influenciar a crescente classe C”. Segundo Débora, as pessoas com maior poder aquisitivo são aquelas que buscam, nos alimentos semiprontos, uma comida com mais glamour e mais saudável. “São pessoas que leem rótulos e que querem saber o que estão comendo”. A classe C, em contrapartida, busca aquilo que via as classes A e B consumirem. Ela é o grande público-alvo das indústrias de alimentos atualmente, para que essas possam garantir grande volume de compra. “Ao contrário das pessoas que já estão cansadas de comprar lasanhas instantâneas, as que integram a classe C buscam esse tipo de alimento, já que agora podem comprá-lo.”

26 setembro 2010

QUEM A MÍDIA GOLPISTA ACHA QUE VAI MUDAR DE VOTO NA ÚLTIMA HORA?

"Se...Dilma reúne ampla maioria no eleitorado e apoios majoritários no sistema político, o que seria a “última hora”?...Formular a pergunta equivale a considerar que o eleitorado ainda não sabe o que vai fazer, que aguarda a véspera para se decidir...É curioso, mas quem mais acredita que os outros são volúveis são os mais cheios de certezas, os mais orgulhosos de suas convicções...[que] acham que o cidadão comum (o “povão”) é diferente, que é incapaz de chegar com calma a uma decisão pensada e madura."

A “ultima hora”

De Marcos Coimbra*
Correio Braziliense

Neste domingo, a apenas uma semana da eleição presidencial, temos uma parte menor do sistema político, uma parte importante (mas minoritária) da sociedade e a maioria da “grande imprensa” em torcida animada para que a “última hora” faça com que os prognósticos a respeito de seu resultado não se confirmem.

É natural que todos os candidatos, salvo Dilma, queiram que alguma reviravolta aconteça. Os três partidos que dão apoio a Serra, o PV de Marina Silva, os pequenos partidos de esquerda, todos torcem pelo “fato novo”, a “bala de prata”, algo que a golpeie. Do outro lado, a ampla coligação que Lula montou para sustentar sua candidata (e que formará, ao que tudo indica, a maioria do próximo Congresso) espera que nada altere o quadro.

Hoje, Dilma lidera em todas as regiões do país, jogando por terra as análises que imaginavam que as eleições consagrariam um fosso entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Era o que supunham aqueles que leram, sem maior profundidade, as pesquisas, e acreditavam que Serra sairia vitorioso no Sul e no Sudeste, ficando com Dilma o voto do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Não é isso que estamos vendo.

Ela deve vencer em todos os estados, em alguns com três vezes mais votos que a soma dos adversários. Vence na cidade de São Paulo, na sua região metropolitana e no interior do estado. Lidera o voto das capitais, das cidades médias e das pequenas. É a preferida dos eleitores que residem em áreas rurais.

As pesquisas dão a Dilma vantagem em todos os segmentos socioeconômicos relevantes. É a preferida de mulheres e homens (sepultando bobagens como as que ouvimos sobre as dificuldades que teria para conquistar o voto feminino), de jovens e velhos, de negros e brancos. Está na frente entre católicos, evangélicos, espíritas e praticantes de religiões afro-brasileiras.

Vence entre pobres, na classe média e entre os ricos (embora fique atrás de Serra entre os muito ricos). Lidera entre beneficiários do Bolsa Família e entre quem não recebe qualquer benefício do governo. Analfabetos e pessoas que estudaram, do primário à universidade, votam majoritariamente nela.

É claro que sua candidatura não é uma unanimidade. Existe uma parcela da sociedade que não gosta dela e de Lula, que nunca votou e que nunca votará em alguém do PT. São pessoas que até toleram o presidente, que podem achar que é esperto e espirituoso, que conseguem admirar aspectos de seu governo. Mas que querem que Dilma perca.

Se, então, Dilma reúne ampla maioria no eleitorado e apoios majoritários no sistema político, o que seria a “última hora”? O que falta acontecer, de hoje a domingo?

Formular a pergunta equivale a considerar que o eleitorado ainda não sabe o que vai fazer, que aguarda a véspera para se decidir. Que “tudo pode mudar”.

É curioso, mas quem mais acredita que os outros são volúveis são os mais cheios de certezas, os mais orgulhosos de suas convicções. Mas acham que o cidadão comum (o “povão”) é diferente, que é incapaz de chegar com calma a uma decisão pensada e madura.

É fato que sempre existe uma parcela do eleitorado que permanece indecisa até o final. Já vimos, em eleições anteriores, que ela pode oscilar, saindo de uma candidatura e indo para outras. Conforme o caso, sua movimentação pode provocar resultados inesperados, como ocorreu com o segundo turno em 2006.

Mas aquelas eleições também mostram como acontecem esses fenômenos de “última hora”. Nelas, a única coisa que um quase uníssono da “grande imprensa” contra a candidatura Lula conseguiu fazer foi assustar os eleitores mais frágeis, com baixa informação e baixo interesse por política. Os dados indicam que os eleitores mais informados e com alto e médio interesse em nada foram afetados pela artilharia da mídia (assim como os sem nenhum, que nem ficaram sabendo que havia “aloprados”).

Ou seja: aquela gritaria só fez com que as pessoas mais inseguras a respeito de suas escolhas ficassem confusas, ainda que apenas por alguns dias. Mal começou a campanha do segundo turno, Lula reassumiu as rédeas da eleição e avançou sem problemas até a consagração no final de outubro. É como o título daquela comédia: “Muito barulho por nada”.

*Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

23 setembro 2010

CERTIFICAÇÃO FLORESTAL COMUNITÁRIA NO ACRE: SERÁ QUE MERECE O SELO DO FSC?

Artigo científico sugere que a exploração madeireira comunitária nos Projetos Agroextrativistas São Luiz do Remanso e Porto Dias não atendem integralmente as exigências do Forest Stewardship Council-FSC

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Um estudo realizado por pesquisadores das Universidades Federais de Rondônia, de São Carlos e da Embrapa-Acre em duas associações extrativistas que exploram madeira no Acre, e que contam com o selo de certificação do Forest Stewardship Council-FSC, mostra que os manejadores comunitários não atendem na integridade os requisitos exigidos para a certificação de sua produção florestal.

O trabalho, publicado na revista Inovação, Gestão e Produção, de junho de 2010 (Vol. 02, no. 06), demonstra que 60% dos resíduos de plásticos, vidro, papel e metal produzidos pelos integrantes da Associação de Moradores e Agroextrativistas do Remanso de Capixaba (Amarca), residentes no Projeto Agroextrativista São Luiz do Remanso, são queimados. No Projeto Agroextrativista Porto Dias, os integrantes da Associação Seringueira Porto Dias (ASPD), queimam cerca de 30% dos mesmos resíduos.

Um dos critérios exigidos pelo FSC para a certificação da produção florestal é a correta destinação de produtos químicos, vasilhames, resíduos não-orgânicos líquidos e sólidos, incluindo combustível e óleo lubrificantes. O FSC exige que estes resíduos sejam descartados de forma ambientalmente apropriada, fora da área de floresta.

No Brasil, a certificação florestal é realizada pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, uma organização independente, não governamental e sem fins lucrativos, que representa o FSC no país.

Informações divulgadas pelo Imaflora não foram confirmadas

Os autores não puderam confirmar os dados publicados em um livro do IMAFLORA (2009), que avaliou os impactos da Certificação Florestal Comunitária FSC no Brasil e concliui que a deposição dos resíduos a céu aberto diminuiu consideravelmente nas comunidades após a certificação, com a destinação do lixo aos aterros e adoção de técnicas de compostagem e com tratamentos como fossas rudimentares.

Segundo os pesquisadores, o que se verificou foi a existência de pequenos depósitos construídos em madeira, suspensos por palafitas que se encontravam saturados de resíduos devido à ausência de coleta pública nas estradas que levam às comunidades. Eles até admitem que pode-se considerar como ação cumprida acondicionar e destinar adequadamente os resíduos gerados pelas comunidades em estrutura física criada especificamente para esse fim, entretanto, a precariedade das mesmas e a falta de recolhimento dos resíduos significa que a ação não foi cumprida de fato. Segundo eles, os resíduos geram chorume que pode contaminar o solo e a água e atrair organismos patogênicos.

Para os autores, embora a certificação estimule as associações a promoverem soluções para este tipo de situação que inclua a correta destinação e acondicionamento dos resíduos gerados, ela ainda não ocorre de fato nas associações estudadas, mas apenas advém de iniciativas individuais de moradores que se encarregam de levar seu lixo para a cidade mais próxima.

No caso do acondicionamento e destinação adequada de resíduos perigosos como pilhas, baterias, lâmpadas, remédios, produtos tóxicos e químicos, combustível e embalagens entre outros produtos com as mesmas características, houve êxito apenas na associação ASPD, onde cada manejador é responsável por encaminhar o material perigoso para um centro de recebimento na sede da associação, a qual posteriormente conduz estes resíduos a um centro de recebimento do Projeto Quelônios próximo à sua sede, que assumiu a responsabilidade de dar o destino adequado ao material coletado. E foi em virtude dessa parceria, que a associção ASPD teve sucesso no cumprimento da ação. A associação Amarca, que não tem a mesma facilidade, apresentou sérios problemas nesse quesito.

Os autores do estudo concluem que a compatibilidade entre o cumprimento das normas de certificação e a destinação adequada dos resíduos sólidos nas associações estudadas pode ser alcançada com a capacitação dos moradores e apoio das instituições de pesquisa na apresentação de alternativas como a compostagem e reaproveitamento dos resíduos inorgânicos, além da participação do poder público como facilitador da gestão dos resíduos sólidos produzidos nas comunidades.

Clique aqui para ler a íntegra do artigo "Gestão de Resíduos Sólidos em Comunidades Certificadas da Amazônia Ocidental: Aspectos Ambientais e de Saúde Coletiva", de autoria dos pesquisadores Adriana Maria Imperador, Karina Martins, Gunther Brucha, Lucia Helena de Oliveira Wadt e Silvio Crestana.

Crédito da imagem: O uso da floresta por comunidades amazônicas, Ciência Hoje, vo. 41, no. 244.

21 setembro 2010

UMA VOZ DO POVO CONTRA O FUSO HORÁRIO DO TIÃO VIANA

“E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazer separação entre o dia e a noite; sejam eles para governar tempos (estações), e determinar dias e anos. E sirvam de luminares para alumiar a terra. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite...E VIU DEUS QUE ERA MUITO BOM”. (Gênesis 1: 14 a 18)

MANIFESTO PÚBLICO REFERENTE FUSO HORÁRIO

Reinaldo Bento*

E o Senhor nosso Deus, hà muito tempo deu sabedoria ao homem para projetar uma máquina (relógio) que marcasse o tempo: horas, minutos e segundos, DE CONFORMIDADE COM O RELÓGIO DE DEUS, O SOL. Dividindo, sabiamente, o dia e a noite em 24 horas, ficou assentado que: Na metade do dia, meio dia, são 12 horas; na metade da noite, meia noite, completa 24 e inicia zero hora. E como a terra é redonda, e gira em torno de si mesma ao redor do sol, foi necessário dividi-la em fusos horário para que cada localidade tenha a sua hora certa EM RELAÇÃO AO SOL: Doze horas no relógio o sol está a pino, no zênite, É MEIO DIA em cada região. O globo terrestre está dividido em 24 fusos horário. (Dicionário Aurélio)

Desconsiderando essa lei da natureza, e alegando ser necessário para facilitar TRANSAÇÕES BANCÁRIAS, o nosso ILUSTRE SENADOR TIÃO VIANA achou por bem DECRETAR que todos adiantassem o relógio em uma hora. Assim ficamos com esse absurdo: O dia que começava a clarear as cinco, agora quando começa a clarear já são seis; O sol que saía as seis, agora quando sai já são sete. Meio dia são 13 horas. E as 18, quando escurecia, o sol ainda está lá em cima, falta uma hora para escurecer porque agora escurece às 19.

Pelo relógio de Deus não, o relógio que Deus nos deu, meio dia é quando o sol está a pino, no zênite. Colocando-se uma régua ou uma vara na vertical, não haverá sombra (ou a sombra estará em cima da linha do meridiano - linha norte/sul), está NO MEIO DO DIA (meio dia – 12 horas). Nessa condição o resto da tudo certo: 6 horas o sol sai; 12 horas o sol está a pico, e as 18 ele se põe. E o nosso relógio biológico que independe da nossa inteligência (e do nosso relógio), nessa condição funciona maravilhosamente. NO MUNDO INTEIRO É ASSIM, SÓ NO ACRE NÃO.

E que benefício trouxe a mudança? Os Bancos que abriam as oito (no sul eram dez) passaram a abrir as nove (no sul continua dez). Não havendo, portanto, nenhuma diferença para as ditas transa-ções. Para a população sim; prejudicou e muito. Principalmente para as crianças, funcionários e trabalhadores em geral que agora tem de levantar ainda no escuro para chegarem ao colégio ou no serviço às sete quando o sol está começando a sair. Com riscos de serem molestados por marginais como tem acontecido que aproveitam o pouco movimento na rua por ser ainda muito cedo.

Felizmente o nosso ILUSTRE DEPUTADO FEDERAL FLAVIANO MELO, cujos interesses sempre foram voltados para o bem estar da população, ouvindo o clamor do povo tomou providencias para se realizar um REFERENDO, que ocorrerá no segundo turno desta eleição, para que a população possa externar a sua vontade. Tenho certeza que a grande maioria vai dizer NÃO ao horário atual digitando o número 77 na urna do referendo e, assim, será corrigido esse grande equívoco cometido pelo nosso ILUSTRE SENADOR, e voltaremos a ver o dia amanhecer às cinco horas, o sol sair as seis, meio dia ser 12 horas e se por as 18 como sempre foi. E NO MUNDO INTEIRO É.

* Cidadão acreano, residente no Conjunto Castelo Branco Quadra 5, Casa 6.

20 setembro 2010

PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS OU SIMPLESMENTE ‘SUBSÍDIO’ PARA CONSERVAR A FLORESTA EM PÉ?

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

O Engenheiro Agrônomo e Mestre em Economia Rural, Valterlucio Bessa Campelo, postou em seu blog (Valterlúcio Comenta) interessante avaliação do artigo do Professor da UFAC, Raimundo Cláudio, que propôs em um artigo publicado na revista Acta Amazônica, o pagamento por serviços ambientais para os moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes.

Em seu texto Valterlúcio afirma, em relação ao pagamento por serviços ambientais, que:

“Isso tudo tem nome. Mesmo a pretexto de serviços ambientais, chama-se SUBSÍDIO, é transferência de renda da sociedade para determinado grupo e como tal deve ser encarado por governantes sérios. A pergunta é:

- A sociedade deseja pagar, via SUBSÍDIO, 70% da remuneração da atividade própria dos moradores das reservas extrativistas?"


Leia abaixo a íntegra do artigo de Valterlúcio:

Resex Chico Mendes. Se assim é, assim seja. Mas sem enrolação.

Valterlúcio Bessa Campelo

O bom Evandro publica em seu blog Ambiente Acreano exertos do estudo Pagando pelos Serviços Ambientais: Uma proposta para a Reserva Extrativista Chico Mendes, de autoria dos pesquisadores Raimundo Claudio Gomes MACIEL, Bastiaan P. REYDON, Jeísa Accioly da COSTA3 e Gardênia de Oliveira SALES, publicado na revista Acta Amazônica, vol. 40(3) 2010: 489–498.

Li o texto integral do artigo no link recomendado pelo Evandro e chego mais uma vez à conclusão de que sempre estive certo em relação às RESEX. Diferentemente do que supunham os autores do neo-extrativismo e outros neologismos, é muito baixa a rentabilidade dos "produtos dos povos da floresta" como normalmente os chamam romanticamente políticos e ongueiros, o que obriga os moradores das reservas extrativistas a migrarem suas atividades no sentido da pecuária com conseqüências imediatas na cobertura florestal, declarando o fracasso das RESEX em sua concepção.

Os autores da pesquisa calcularam que a renda necessária para reprodução familiar na região da RESEX Chico Mendes fica em torno de R$ 9.376,00/ano/UPF. Ocorre que a sua produção sustentável, basicamente castanha e borracha, alcança em média apenas R$ 2.840,00/ano/UPF, ou seja, 30,2% do que uma família precisa para apenas sobreviver naquelas circunstâncias e ambiente. Não está previsto no estudo qualquer perspectiva de acumulação de riqueza.

O estudo propõe que a sociedade arque com a diferença como pagamento por serviços ambientais prestados na área ocupada pelas famílias. Isto seria suficiente para estancar o processo de pecuarização e, em médio e longo prazo possivelmente fazê-lo regredir ao ponto de mera constituição de reserva de valor.

Isso tudo tem nome. Mesmo a pretexto de serviços ambientais, chama-se SUBSÍDIO, é transferência de renda da sociedade para determinado grupo e como tal deve ser encarado por governantes sérios. A pergunta é: A sociedade deseja pagar, via SUBSÍDIO, 70% da remuneração da atividade própria dos moradores das reservas extrativistas? Pergunte-se à sociedade, exerçam com ela um debate claro nestes termos e ela dará uma resposta. Da minha parte, sou a favor. E que os governantes anunciem em todos os lugares, com todas as letras, que adotará tal política de SUBSÍDIOS. Ao mesmo tempo parem de enganar a população com neologismos e slogans que ao invés de ajudar, apenas politizam e, por isto, retardam a solução de um conflito que não é, como preferem alguns, entre bonzinhos e mauzinhos, mas apenas de viabilidade econômica.
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RÉPLICA DO AUTOR DO ARTIGO

Caro Evandro,

O Valterlúcio acertou na mosca quando identifica que atualmente o problema central na busca do desenvolvimento sustentável (DS) nas RESEX é a viabilidade econômica. Entretanto, antes de decretar o fracasso das RESEX, ele deveria notar que essas unidades de conservação garantem pelo menos dois eixos do tripé relativo ao DS na região, quais sejam: prudência ecológica e justiça social. Ora, o que falta efetivamente é solucionar o terceiro eixo – viabilidade econômica.

Cabe ressaltar que essa dimensão que falta não se pode resolver por decreto, como no caso da criação das RESEX, uma vez que as outras dimensões foram resolvidas no decreto e plano de manejo da implantação dessas unidades – garantindo o acesso à terra aos extrativistas e rigoroso plano de uso dos recursos naturais. Assim, não se pode impor ao mercado que se compre produtos oriundos das RESEX, ou seja, o que se pode e deve ser feito é dar condições para que os extrativistas produzam de forma eficiente e competitivamente.

Aqui entra o papel de políticas neoextrativistas, que, ao invés de se constituírem enganações, buscam introduzir inovações nos arcaicos sistemas produtivos extrativistas, num processo de aprendizado de como funciona o motor do desenvolvimento capitalista. Obviamente, que, dadas as dificuldades dos extrativistas, ainda estamos longe de políticas efetivas nesse sentido, ou seja, há muito discurso e pouca prática. Nesse sentido, enquanto não se têm políticas neoextrativistas consolidadas, o pagamento por serviços ambientais torna-se extremamente válido, pois se pode resolver por decreto, como no caso da Lei Chico Mendes, uma forma de viabilizar as dificuldades econômicas (desnecessário dizer que tais dificuldades são provenientes de falhas de mercado) dos extrativistas e conter as ameaças frente à manutenção dos serviços ecossistêmicos, como a regulação climática.

Para maiores informações sobre essa e outras discussões, visite o site do projeto ASPF, na página de publicações: . Lá estão disponíveis para download artigos científicos, monografias, dissertações e teses.

Sds.

Raimundo Cláudio

18 setembro 2010

UMA PROPOSTA PARA PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS NO ACRE

Artigo científico publicado por pesquisadores da UFAC e da Unicamp propõe um programa de pagamento por serviços ambientais (PSA) para os moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes. Segundo o estudo, cada unidade produtiva familiar da Reserva receberia R$ 6.536,00/ano. O valor anual para cobrir o PSA de toda a Reserva seria equivalente a R$ 9,8 milhões, ou R$ 22/hectare.

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

O processo de ocupação econômica, pós-1970, foi extremamente prejudicial ao meio ambiente e às populações tradicionais da região Amazônica, persistindo ainda hoje as imensas dificuldades de reprodução das famílias no interior da floresta.

As Reservas Extrativistas, criadas como alternativa de desenvolvimento sustentável para estas populações tradicionais do interior da região, ainda não se consolidaram sob o ponto de vista econômico.

As famílias que moram nessas áreas estão encontrando imensas dificuldades de manutenção, levando-as a diversificar sua produção no caminho de atividades predatórias, como, por exemplo, a criação de gado bovino, que causa sérios problemas pelo desflorestamento que provoca.

Na atualidade, um dos principais desafios na busca do desenvolvimento sustentável das Reservas Extrativistas é a viabilização do desempenho econômico das unidades produtivas, a partir dos produtos florestais não madeireiros (PFNM), e, conseqüentemente, da reprodução social das famílias extrativistas.

Para isso, é preciso desenvolver estratégias que coordenem ações voltadas para a viabilização e interação positiva das atividades econômicas das famílias extrativistas que respeitem a capacidade de suporte do meio natural que as sustentam. Devem também ser identificadas as condições econômicas mínimas dos extrativistas ali empossados que correspondam a um uso prudente dos recursos.

A implementação dessas estratégias serviria, por um lado, para conter o ímpeto dos extrativistas de avançar desordenadamente sobre os recursos existentes por já ter suprido suas necessidades básicas viabilizadas pelo mercado, e por outro lado, proteger a perspectiva dos benefícios da existência dos recursos naturais na atualidade e no futuro.

O pagamento por serviços ambientais

Nesse contexto, o pesquisador da UFAC Raimundo Claudio Gomes Maciel e outros colaboradores, com base em dados levantados na Reserva Extrativista Chico Mendes, propõem uma alternativa factível de pagamento pelos serviços ambientais (PSA) promovidos pelas comunidades extrativistas.

O pagamento por serviços ambientais é um forte instrumento na consecução do desenvolvimento sustentável e favorece a inclusão e melhoria do bem-estar dos produtores florestais. No Brasil já estão em vigor alguns desses mecanismos. A Lei Chico Mendes (Lei Estadual n° 1.277/99), em vigor no Estado do Acre, paga aos produtores de borracha um subsídio pelos serviços ambientais prestados no valor de R$ 0,70 (setenta centavos) por quilo de borracha comercializada. No Amazonas o governo local criou a Bolsa Floresta, um benefício pago mensalmente às famílias que vivem nas Unidades de Conservação do Estado como uma forma de incentivar os produtores a protegerem os recursos florestais.

No âmbito internacional, a Costa Rica é um país que tem se destacado na proteção ao meio ambiente e aos recursos naturais, adotando um mecanismo de gestão inovador em que remunera em US$ 64,00 o hectare protegido. Neste país centro-americano, são reconhecidos os seguintes serviços ambientais: diminuição de emissão de gases poluentes; proteção da água para uso urbano, rural ou hidrelétrico; proteção da biodiversidade para sua conservação e uso sustentado, científico e farmacêutico, de investigação e melhoramento genético; a proteção de ecossistemas e de formas de vida; também a beleza natural para fins turísticos e científicos.

Uma proposta para o Acre

O estudo constatou que os baixos rendimentos gerados pelos PFNM na RESEX Chico Mendes estão levando as famílias extrativistas a optar pela pecuária. Entretanto, esta última atividade além de não garantir a manutenção das famílias, está contribuindo para o aumento do desflorestamento no seio da floresta.

Como alternativa de renda, propõe-se o pagamento pelos serviços ambientais providenciados pelos extrativistas que moram nas RESEX, em particular na Chico Mendes, vislumbrando a conservação tanto das famílias quanto do ambiente florestal. É importante ressaltar que este pagamento visa condições suficientes para a reprodução das famílias e da própria unidade produtiva, mudando o foco da valoração ambiental notadamente relacionado ao custo de oportunidade para a cobertura do custo social, que, em última instância, também cobre a conservação ambiental.

O pagamento proposto está condicionado, por um lado, à linha de reprodução familiar, que representa a remuneração mínima necessária para a família cobrir os custos dos bens e serviços comprados no mercado, além da reposição dos custos fixos para manter a unidade produtiva em regular operação. Por outro, condiciona-se também à receita bruta auferida a partir da comercialização de PFNM pré-definidos, respeitando-se o manejo e volume de produção adequada para a manutenção do ambiente. Este mecanismo funciona como um gatilho, pois à medida que as famílias não consigam atingir, a partir de seus esforços produtivos, a renda necessária para cobrir tais necessidades, o programa de pagamento pelos serviços ambientais atua cobrindo a diferença necessária para a reprodução das famílias.

Para a região da RESEX Chico Mendes os pesquisadores calcularam que a linha de reprodução familiar, em termos monetários, é de aproximadamente R$ 9.376,00/ano/unidade produtiva. Entretanto, considerando-se apenas as rendas oriundas dos PFNM, em virtude das demais atividades produtivas empreendidas nas unidades produtivas serem claramente de subsistência ou para o auto-consumo, as famílias receberiam, em média, R$ 2.840,00/ano, a partir da comercialização dos dois principais PFNM: borracha e castanha. Portanto, a diferença a ser coberta pelo Programa de Pagamento de Serviços Ambientais seria de R$ 6.536,00/ano/unidade produtiva familiar. Calcula-se ser necessário R$ 9.804.000,00/ano para cobrir os custos do pagamento por serviços ambientais para toda a RESEX Chico Mendes, indicando que cada hectare de floresta da referida Reserva iria custar R$ 22/ano. Este valor garantiria tanto a reprodução social quanto a manutenção do ecossistema florestal, premiando os “responsáveis pela gestão florestal” pelos serviços prestados à sociedade em geral.

Clique aqui para ler a íntegra do artigo Pagando pelos Serviços Ambientais: Uma proposta para a Reserva Extrativista Chico Mendes, de autoria de Raimundo Claudio Gomes Maciel (UFAC), Bastiaan P. Reydon (UNICAMP), Jeísa Accioly da Costa (UNICAMP) e Gardênia de Oliveira Sales (UFAC), publicado na revista Acta Amazônica, vol. 40(3) 2010: 489 – 498.

Crédito das imagens: Enciclopédia/Estado do Acre, Notapajos.com, Raimari.blogspot

14 setembro 2010

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PEDE RESSARCIMENTO DE VALOR PAGO POR HELICÓPTERO DO GOVERNO DO ACRE

Helibrás poderá ter que devolver R$ 9,2 milhões aos cofres públicos

O Ministério Público Federal no Acre entrou com ação civil de restituição de patrimônio público para anular contrato celebrado entre a Helibrás – Helicópteros do Brasil S/A e o Estado do Acre em razão de irregularidades detectadas na compra de um helicóptero modelo Esquilo AS 350B2 adquirido em 2008 por R$ 7,9 milhões. A aquisição foi fruto de convênio celebrando entre o Estado do Acre e o Ministério da Justiça.

Segundo a ação, assinada pelo procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, as irregularidades na aquisição vão desde o modelo licitatório aplicado, que não poderia ser pregão presencial, mas sim concorrência, até a também inclusão de outros itens no contrato que caracterizam venda casada, como o treinamento de pilotos e mecânicos cujo valor é obscuro no contrato.

Outra irregularidade apontada na ação é a excessiva quantidade de requisitos para a formação do projeto básico do helicóptero, que inclui itens disponíveis apenas em aeronaves fabricadas pela Helibrás, prejudicando o caráter competitivo da compra. Além disso, tais especificidades por si só, já descaracterizam o helicóptero como bem comum, impossibilitando o uso do pregão como modelo licitatório.

Com relação ao preço da aeronave a ação comparou valores de helicópteros fornecidos pela Helibrás para quase todos os estados brasileiros e apontou distorções, mostrando grandes variações entre as vendas. A ação demonstra que apenas a variação cambial da época dos contratos não justificaria a diferença abusiva de valores praticados para a venda do mesmo bem, como argumenta a vendedora.

O valor corrigido, a ser devolvido pela Helibrás com a anulação do contrato, é de R$ 9,2 milhões. Outro pedido da ação é para que sejam ouvidos os responsáveis pelo negócio, tanto por parte do Governo do Acre quanto por parte da empresa. A ação teve origem em inquérito civil público instaurado em novembro de 2009. Um inquérito policial federal continua em curso apurando eventuais responsabilidades pessoais.

Clique aqui para ler a íntegra da ação.

Fonte: Assessoria de comunicação do MPF/Acre

UFAC: O RETORNO DA RAZÃO CÍNICA DO 'DESENVOLVIMENTO' E DO 'AVANÇO' PARA LUGAR NENHUM

"Começamos a viver mais um capítulo na história da conquista definitiva da Amazônia. No setentrião do Brasil, o presidente Médici assiste ao início da construção da Estrada Perimetral Norte. Após o hasteamento da bandeira nacional e o descerramento da placa foi derrubada uma imensa árvore, símbolo do desbravamento da terra”.

Gerson Rodrigues de Albuquerque*

Com essas palavras o locutor oficial do Programa de Propaganda “Brasil Hoje”, em sua edição 36, datada do dia 29 de julho de 1973, anunciava o início de um dos mais drásticos processos de violências contra os diferentes grupos humanos e ecossistemas da região. A Perimetral Norte tinha como ponto de partida as “encostas do Tumucumaque”, nas margens do Atlântico, atravessando “todo o vasto setentrião do Brasil”, até os limites da insanidade “modernizante e desenvolvimentista” dos militares que sabotaram o estado de direito no Brasil, por mais de 20 anos.

A obsessão pelo desbravamento estava sempre acompanhada da retórica da “melhoria da qualidade de vida” e do “progresso” para a Amazônia e seus habitantes. “Acelera Brasil”, “Avança Brasil”, “Este é um país que vai pra frente”, “Integração nacional”, entre outros, sempre foram os slogans instilados no imaginário de todos pela propaganda oficial em rádios, revistas, jornais, TVs, livros e programas escolares.

A derrubada de uma imensa árvore, como símbolo trágico do “desbravamento da terra”, de forma sintomática dava a tônica do propósito governamental de “conquistar a Amazônia, ocupando com trabalho e audácia mais esta imensa região do solo pátrio”, segundo o que ficara registrado na placa de bronze da “pedra fundamental”, descerrada por Médici para a abertura da Perimetral Norte.

Passados 37 anos daquele fatídico 29 de julho, somos conhecedores dos drásticos resultados de tal “desbravamento”, “modernização”, “integração”, “progresso”, “avanço”. No plano estratégico, os discursos governamentais, empresariais e “científicos” situavam a Amazônia como a “última fronteira agrícola”, o “celeiro do Brasil”, para justificar a “integração do pulmão do mundo”. Margeando esse palavrório, o Acre, no alvo da “frente de expansão da pecuária”, aparecia como a “terra prometida do desenvolvimento”, um “nordeste sem secas”, um “sul sem geadas”. Depois vieram outras pérolas do tipo “Acre: filé mignon da Amazônia” e, mais recentemente, com as miríades do “manejo madeireiro”, esse Estado passou a ser tecido - pela linguagem dos que detém o controle da máquina pública e da mídia - como “predestinado” a garantir seu “desenvolvimento” tendo como base a “exploração racional” de suas florestas e a exportação de madeira para o mercado nacional e internacional.

O Centro de Excelência em Energia

Todo esse “passado morto e enterrado”, como dizem os que gostam de ocultar o sol com a peneira, me veio à mente ao visitar os estragos e a verdadeira devassa implementada pela administração superior da Universidade Federal do Acre, com a abertura de uma estrada em parte significativa do Parque Zoobotânico (PZ) dessa instituição. A finalidade dessa devastação foi o “lançamento da pedra fundamental”, em 17 de agosto último, do “Centro de Excelência em Energia do Acre (CEEAC)”.

Não me parece coincidência que esse “centro” que, antes de nascer, já é de “excelência”, tenha tido seu lançamento marcado pela tradicional pompa do descerramento de uma “placa inaugural” e pela velha megalomania dos projetos e políticas gestadas em gabinetes externos à Ufac para “potencializar o desenvolvimento regional”. No entanto, as manifestações públicas da reitora, Olinda Batista, e do seu vice-reitor, Pascoal Muniz, não poderiam ter deixado de pontuar que a participação da universidade que dirigem, na criação desse centro, sequer foi discutida no âmbito do Conselho Universitário, colegiado máximo de deliberação e responsável pela definição das políticas institucionais.

O CEEAC é fruto de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Eletrobrás, a Ufac e um grupo de outros consórcios e empresas, dentre os quais é preciso destacar a Santo Antonio Energia S.A. que está à frente do Complexo Hidrelétrico do Madeira, responsável por danos incalculáveis à diversidade biológica e sociocultural de um dos mais importantes afluentes do rio Amazonas; a Siemens, Alstom, Andritz Hidro, e Voith Hydro, empresas multinacionais que faturam bilhões de euros no controle dos mercados mundiais de produtos e serviços com eletrônicos, telecomunicações, material elétrico e infra-estrutura do setor energético, equipamentos para usinas hidrelétricas, entre outros.

A lógica que preside esses conglomerados financeiros é o lucro máximo e o total descompromisso com o bem estar das pessoas e com o meio ambiente das áreas e regiões de interesses para seus negócios. O acordo assinado pela reitoria da Ufac, sem a anuência do Conselho Universitário e sem nenhuma reflexão sobre os seus significados com a comunidade acadêmica e toda a sociedade local, revelam não apenas desapego às normas que regem essa instituição pública, mas uma total “ingenuidade” e inabilidade para lidar com questões dessa natureza, bem como sobre o papel da universidade. Papel esse que jamais pode ser de submissão a projetos megalomaníacos e aos interesses de empresas particulares ou mesmo “estatais”, como a Eletrobrás e suas subsidiárias que todos conhecemos pelos altos custos e a péssima qualidade dos serviços que presta em nossa região.

Por trás do acordo que cria o “Centro de Excelência em Energia do Acre está o engodo da Pareceria Público Privado (PPP), inventada pelo governo federal para dissimular o deslocamento de verbas públicas para a iniciativa privada, sob a cínica alegação de alavancar o “desenvolvimento” ou sanar déficits educacionais. Exemplo disso é o Programa Universidade para Todos (Prouni) que destina para universidade particulares milhões de reais que poderiam ser investidos na melhoria das condições de oferta, infra-estrutura e contratação de profissionais para a criação de novos cursos e ampliação de vagas nas universidades públicas.

Em conversa com o Professor Luis Fernando Novoa Garzon (Unir), um dos grandes estudiosos dos projetos de construção de barragens e usinas hidrelétricas na região do rio Madeira, o mesmo fez questão de ressaltar que iniciativas como essas, da criação desse “centro de excelência”, fazem parte do suporte que o Ministério das Minas e Energias em conjunto com suas estatais e o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) vem dando para promover uma cobertura técnico-científica ao criminoso avanço de consórcios econômicos internacionais sobre a “fronteira elétrica na Amazônia”.

Com esse “Centro de Excelência em Energia do Acre” o que está em “operação é o espraiar de empresas que atuam no Complexo Rio Madeira”, saindo na dianteira para ficar em posição de “se apropriarem das quinze novas Usinas Hidrelétricas (UHEs) a serem construídas na Amazônia peruana. Nucleadas pela Santo Antônio Energia (SAESA) que é concessionária da UHE de Santo Antonio e pela Energia Sustentável do Brasil (ESBR) que é concessionária da UHE de Jirau, as demais empresas que estão associadas à Ufac para a construção do ‘centro de excelência’ são algumas das responsáveis pela logística (linha de transmissão: Norte Brasil e Interligação) e suprimentos (turbinas e demais equipamentos), Siemens-Voith com SAESA e Alstom com ESBR. Esse centro na universidade demonstra bem a excelência da espoliação que buscam tais empresas, reproduzindo em micro-escala a forma como vêm lidando com as populações do Madeira e seu meio ambiente”.

O debate indispensável

A devassa proporcionada pela ação dos tratores e máquinas para a abertura da estrada na área do Parque Zoobotânico, jogando por terra toda a discussão e debates acadêmicos acerca da preservação, conservação e estudos sobre a diversidade da flora e fauna daquele local, simbolizam o cenário de palavras de efeito, dos discursos ufanistas e do “rolo compressor” que acompanham o germe da criação de tal “centro” nessa universidade. Frente aos interesses de mercado não existe diálogo possível. A alternativa é fazer e fazer, não importando seus desdobramentos ou nada do que se disse antes.

O site da Ufac informa que o Parque Zoobotânico, “criado em 1979, compreende uma área de 100 ha, representada por formações vegetais secundárias em diferentes estágios de regeneração e por um remanescente de mata primária pouco perturbada”. Sua atuação é pautada em três eixos: biodiversidade, ecologia e manejo de ecossistemas, e educação. A ampliação das atividades do parque, ao longo dos últimos vinte anos, possibilitou-lhe gerar “autonomia científica, didática e administrativa, agilizando o cumprimento dos seus objetivos primordiais: contribuir com o desenvolvimento regional na geração de produtos relacionados à pesquisa, conhecimento florístico da região, preservação, educação ambiental envolvendo importantes aspectos da flora e fauna amazônica, bem como capacitando recursos humanos em diferentes campos de atuação”.

Pelo visto, nada disso foi levado em consideração pela administração superior da Ufac, pois a mesma, até a presente data, não fez nenhum comunicado oficial sobre as razões que a levaram a autorizar a abertura da estrada, iniciando o preparo do local para a implantação do referido “centro de excelência” e para a solenidade inaugural – espetáculo midiático – do “novo” empreendimento. Porém, é preciso dizer que interessa a todos nós saber o teor do laudo dos estudos sobre os impactos ambientais na área devastada pela estrada. Também interessa-nos conhecer o teor da licença ambiental concedida pelos órgãos responsáveis por tais licenciamentos. Os atos da gestão pública precisam ser divulgados para terem a devida legalidade: “registre-se, publique-se, cumpra-se” são os ditames legais obrigatórios para tudo o que tem a ver com a gestão da coisa pública.

Mais que isso, a comunidade universitária e a sociedade local precisam ser informadas sobre as razões que justificam a parceria firmada pela administração – em nome de todos nós – com empresas que têm como única finalidade a conquista dos mercados, a expansão de seus negócios e empreendimentos e a draconiana mercantilização de serviços essenciais para a população, de um modo em geral, como é o caso do fornecimento de energia elétrica. Uma concessão de tamanha envergadura a consórcios de grupos econômicos nacionais e internacionais geram graves consequências para a autonomia e para as finalidades últimas da universidade, sobre as quais compete ao Conselho Universitário dar a última palavra: o ensino, a pesquisa e a extensão.

As agências de notícias, jornais e a própria assessoria de imprensa da universidade divulgaram, em febril estado de congraçamento e júbilo, a construção do “centro de excelência” para o qual serão destinados recursos na ordem de “36 milhões de reais em estrutura física e aquisição de equipamentos”, somente na primeira fase de implantação. Sendo previstos outros “10 milhões de dólares, captados junto a agências internacionais para formação de recursos humanos”. Tudo isso numa universidade que vive graves colapsos com a falta de professores e técnicos administrativos, laboratórios, acervos bibliográficos, publicação e circulação de resultados de pesquisas e projetos/programas de extensão, condições de permanência dos estudantes na instituição e a total precariedade das estruturas físicas que abrigam os cursos de graduação e pós-graduação existentes.

No tocante a autonomia o que se anuncia publicamente é algo por demais preocupante, especialmente, porque o “centro de excelência” será gerenciado por uma “Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip)”, tendo à frente um “conselho deliberativo composto por nove pessoas indicadas pela Eletrobras, Ufac e empresas ou consórcios associados”, tais como: “Energia Sustentável do Brasil, Santo Antônio Energia, Interligação Elétrica do Madeira e Norte Brasil Transmissora de Energia e as empresas Alstom, Siemens, Voith Hydro, Impsa e Andritz Hydro”. Esse “estranho” conselho é quem vai deliberar não apenas sobre os investimentos para a geração e transmissão de energia, mas, também, sobre “qualificação de mão-de-obra especializada, capacitação de profissionais em engenharia e tecnologia da informação em níveis de graduação, mestrado e doutorado”. Tudo isso, “naturalmente” em um “centro de excelência” abrigado no interior do campus da Universidade Federal do Acre e sob os generosos auspícios de sua atual administração.

Envaidecidos com o “grandioso futuro” desse centro, seus signatários anunciam o “boom” da nova frente de desenvolvimento regional: a da energia elétrica, com o aproveitamento dos “recursos hidráulicos”, “recursos florestais”, potencializando os “recursos humanos”, ampliando a circulação dos “recursos de capitais”, entre outros adjetivos do mundo do mercado que, sob o invólucro da “sustentabilidade e do uso de recursos dentro dos preceitos de conservação ambiental”, evidenciam a razão cínica que nos anuncia o “avançar mais” dos “novos tempos” de “progresso”, “desenvolvimento” e “bem estar para a Amazônia”. Razão essa, cunhada pelos fascistas da ditadura militar e perpetuada nos dias de hoje por seus herdeiros e viúvas.
Por fim, encerro fazendo minhas as palavras e interrogações de Luis Novoa, ao saber do lançamento do “Centro de Excelência em Energia do Acre: que papel público pode ter esse “cavalo de tróia”? Essa “cabeça de ponte”? O que justifica concessões dessa natureza por parte da reitoria de uma Instituição Pública de Ensino Superior?

*Professor vinculado ao Centro de Educação, Letras e Artes da Universidade Federal do Acre

13 setembro 2010

SERRA: A ELEIÇÃO ESTÁ PERDIDA. O QUE FAZER?

Perder uma eleição

Marcos Coimbra*
Correio Braziliense

Nas eleições, chega uma hora em que todos os candidatos, menos um, tomam consciência que vão perder (ou que já perderam). Há casos em que a disputa permanece acirrada até a véspera e ninguém é obrigado a fazer essa difícil admissão. São mais numerosas, no entanto, as que logo se afunilam e se resolvem cedo.

Os políticos sempre entram nas eleições esperando ganhar, mesmo quando sabem que suas chances são mínimas. Existem os que participam apenas para defender posição ou divulgar as plataformas de seus partidos, mas são raros. Também há os exibicionistas, cuja única intenção é usufruir o prazer de se ver na televisão. Esses não contam.

Depois que as campanhas começam, a expectativa de vitória costuma tornar-se certeza. Por menores que sejam, os candidatos vão se convencendo que suas possibilidades são grandes. Talvez porque convivam principalmente com seguidores e áulicos, talvez porque confundam a boa educação dos cidadãos para com eles, fantasiando que uma simples cordialidade traduza apoio. Mas é certo que, a alturas tantas, todos achem que vão ganhar.

Ao contrário do que se poderia imaginar, as pesquisas eleitorais não mudam sua opinião. Não é por estar lá atrás e haver outros mais bem situados que eles pensam com mais cautela. Todos têm vários exemplos para citar, de políticos que começaram mal nas pesquisas e terminaram ganhando.

A constatação de que uma derrota é iminente é especialmente complicada para os candidatos maiores, dos grandes partidos. Ainda mais se estiveram na liderança das pesquisas.

Agora, por exemplo. O que deve fazer um candidato como José Serra? Como deve se comportar nos 20 dias finais desta eleição?

A imensa frente que todas as pesquisas dão a Dilma poderia ser desconsiderada. Afinal, pesquisa é pesquisa e não é eleição. Mas, será que ele não percebe de outras formas que sua chance de vencer é remota? Será que não vê isso no olhar até de seus seguidores mais fiéis?

Ninguém gosta de chegar à conclusão que um projeto acalentado há muito tempo não vai dar certo, antes que a inevitabilidade se imponha. Não faz parte do senso comum a expressão “a esperança é a última que morre”? Que, enquanto há vida, não se deve renunciar a ela?

O problema é que, quase sempre, esses momentos levam as pessoas a gestos extremos, nos quais não se reconheceriam em condições normais. O ateu vira crente, o racional vira místico, o sério pode ficar ridículo. O arrependimento por essas guinadas costuma ser grande.

Na política, encruzilhadas desse tipo são ainda mais perigosas. A caminho da derrota, o candidato se isola cada vez mais, começa a ouvir apenas os assessores que o aconselham a fazer de tudo, a tentar qualquer coisa. A usar de qualquer recurso e não admitir o insucesso.

Nessa hora, os candidatos deveriam parar de pensar no que ainda resta a fazer, no esforço inútil de reverter uma situação sem perspectiva, e olhar para frente. Perder e ganhar são parte da vida de quem opta por uma carreira política. Ganhar é sempre melhor, mas perder mal é muito pior que saber perder.

Tanto Serra, quanto as oposições, precisam pensar no que vão fazer nos últimos 20 dias destas eleições. Podem continuar no rumo em que estão, tentando tudo (e mais alguma coisa) para mudar o desfecho que todos antecipam. Podem continuar a fazer como fizeram desde o ano passado, quando embarcaram na canoa que os trouxe até aqui.

Ou podem aproveitá-los para começar um longo, mas necessário, processo de reconstrução da oposição no Brasil. Não vai ser fácil corrigir os equívocos cometidos nos últimos anos e esta é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. O país estará atento ao final destas eleições e as oposições terão um momento privilegiado para dizer o que pretendem ser nos próximos anos.

Mostrar-se rancorosas, amargas, ressentidas, é tudo que não precisam.

*Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

MAIOR 'ADVERSÁRIO' DE SERRA JÁ NÃO É DILMA, É O ELEITOR

ABr


Josias de Souza

Folha de S. Paulo


Depois da muda, ocorrida há coisa de duas semanas, José Serra voa sobre a campanha com aparência renovada.


De tucano, Serra converteu-se em carcará –aquele pássaro malvado que pega, mata e come.

Em sua nova fornada de números, divulgada na noite desta sexta (10), o Datafolha informa: não funcionou.


Serra vive o seu momento pânico. Já experimentou de tudo. Na fase tucana, o bico grande, bonito e doce revelou-se inútil.


Com o bico de carcará –pequeno, pontudo e perverso— serviu veneno a uma platéia que pede a continuidade do pudim.


O vaivém de Serra pode ser visto de dois ângulos. Num, positivo, o observador é tentado a concluir que o candidato não tinha alternativas.


Enquanto deu, posou de oposicionista light. Quando os amigos e a família foram ao caldeirão da Receita Federal, elevou o tom.


Noutro ângulo, negativo, enxerga-se um candidato errático e oportunista. Errático por tentar se apropriar do legado que o dono do testamento diz ser de outra.


Oportunista por ter alardeado só agora uma violação de sigilo que admite conhecer desde janeiro, quando diz ter “alertado” Lula.


Seja como for, independentemente da lupa que se utilize, o resultado é a visão de um Serra batido.

Considerando-se os grandes números do Datafolha, o quadro é estacionário. Na última semana, Dilma reteve seus 50% e Serra escorregou de 28% para 27%.


Mergulando-se no miolo do relatório do instituto, descobre-se a existência de movimento.

O problema é que, nos pontos em que se mexeram, os números sorriram ora para Dilma ora para Marina, jamais para Serra.


Sorriram para Dilma, por exemplo, em Pernambuco e na Bahia. Entre os pernambucanos, ela foi de 64% para 67%. Serra, de 21% para 18%.


Entre os baianos ela subiu de 60% para 64%. Ele desceu de 22% para 18%.


Dilma caiu cinco pontos percentuais na faixa de eleitores com escolaridade superior. Para onde foram os votos? Quatro pontos percentuais engordaram o cesto de Marina.


Dilma despencou sete pontos entre os eleitores de maior renda familiar. Nesse universo, Marina beliscou seis pontos percentuais.


Disseminou-se a percepção de que, em matéria de sucessão presidencial, Serra é mesmo um político azarado.


Em 2002, época em que sopravam os ventos da mudança, cavalgava a continuidade. Em 2010, tempo de continuidade, encarna a mudança.


Numa leitura condescendente do processo, pode-se dizer que, hoje, o adversário de Serra é Lula, não Dilma. Tomado pelo Datafolha, Lula é um eleitor notável.


Quase metade do eleitorado (45%) declara que, “com certeza”, vota em quem o presidente indicar. Outros 18% afirmam que “talvez” votem no indicado de Lula.


Somando-se os dois percentuais chega-se ao potencial de transferência de votos de Lula para Dilma: 63%.


Sobram para Serra os 29% que rejeitam o nome apontado pelo “dedaço” de Lula. Um contingente que ele tem que dividir com Marina.


Numa análise menos edulcorada da campanha, chega-se à conclusão de que o problema de Serra não é Lula nem Dilma, mas o eleitor.


O dono do voto informa, uma pesquisa atrás da outra, que não deseja Serra. É como se dissesse ao pesquisador: "Não me importune mais com suas perguntas. Já decidi".


A 23 dias do fatídico 3 de outubro, vive-se sob a égide da precipitação. Lula antecipara a campanha em mais de dois anos.


E o eleitor, contente com a atmosfera benfazeja em que se misturam as bolsas e o crescimento econômico, parece ávido por antecipar o resultado.


Há uma semana, 69% achavam que Dilma vence. Hoje, compartilham dessa idéia 72%.


Na conta do Datafolha, somados apenas os votos válidos, Dilma fica com 56%. Ou seja, o triunfo pode chegar no primeiro turno.