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11 fevereiro 2009

POSSÍVEL CANIBALISMO INDÍGENA NA AMAZÔNIA

Culinas vingam morte de chefe com assassinato. Funcionário da FUNAI afirma que canibalismo não existe entre Culinas e que prática é rara entre indígenas da Amazônia

Culinas vingam morte de chefe com assassinato

Elaíze Farias
Da equipe de A CRÍTICA

[Edgar Rodrigues, da Funai, diz que prática de canibalismo não existe entre culinas e raro entre indígenas no Brasil]

Vingança contra a morte de um chefe da aldeia onde vivem pode ter sido o motivo que levou indígenas da etnia culina, moradores a seis quilômetros do município de Envira (a 1.215 quilômetros de Manaus), a assassinar um rapaz de 21 anos na semana passada e dilacerar o corpo dele. A hipótese foi levantada pelo delegado do município, sargento José Carlos Corrêa da Silva, e pela missionária e médica que atua há muitos anos entre os culinas, Chistiane Tiss.

O caso dos indígenas culina alcançou repercussão nacional e internacional nesta semana pelo fato de os indígenas terem comido as vísceras do rapaz, identificado como Océlio Alves Carvalho. A prática de canibalismo entre os Culinas não existe, bem como na maioria dos povos indígenas do Brasil, segundo especialistas, entre eles a própria Christiane, o administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Edgar Rodrigues, e o pesquisador e etnoecologista Victor Py-Daniel.

"Para mim isso é uma grande novidade, mas para comer vísceras dos outros não precisa ser índio. Qualquer ser humano alcoolizado pode fazer isso", disse Daniel, que trabalhou durante muitos anos entre os culina.

O assassinato e esquartejamento de Océlio foi confirmado ontem pelo chefe de posto da Funai, Paulo Rodrigues Hayden, mas seu relatório não fala em "canibalismo". Esta suposta prática foi citada pelo delegado José Carlos Corrêa da Silva, quando o corpo do rapaz foi encontrado na aldeia Cacau, localizada a seis quilômetros da cidade. Ele diz que viu o corpo dilacerado e testemunhou os indígenas "que frequentam a cidade alardear terem comido as vísceras do rapaz". "Conversamos com as lideranças das aldeias, que criticaram o assassinato, mas não podemos fazer muita coisa porque eles fugiram para a mata".

Silva afirma que a vingança foi mencionada por uma liderança indígena da Aldeia Cacau, onde vivem os culinas suspeitos pelo assassinato, durante uma visita feita no local logo após o corpo ter sido resgatado. "Um índio foi encontrado ano passado morto num açude. Ele havia consumido muita bebida e morreu", disse. Silva reclamou da "omissão da Funai" pelo fato de o órgão não ter deixado que os suspeitos fossem presos. "Vou concluir o inquérito à revelia. Vamos indiciar mesmo que estejam foragidos".