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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

30 agosto 2008

HEIKO BLEHER PRESO NO BRASIL

Pesquisador é considerado uma lenda na área de estudo de peixes. Para muitos o mais famoso coletor de peixes do mundo

Joana Queiroz
da equipe de A CRÍTICA

O biólogo e pesquisador alemão Heiko Bleher, 64, e a fotógrafa Natalya Khardina, 29, do Uzbequistão, na Ásia Central, foram presos ontem por agentes federais do Núcleo de Fiscalização de Tráfico Internacional da Polícia Federal do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes quando tentava embarcar em um vôo internacional da TAM com destino a Miami, nos Estados Unidos, levando em suas bagagens várias espécimes de peixes ornamentais e comerciais embalados em formol e também frascos contendo fragmento de pescados conservados em álcool, sem a devida autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Entre os exemplares de peixes estavam sardinhas, carás, aracú entre outros, todos capturados, segundo o alemão, na região do rio Negro. O casal é acusado de tentativa de contrabando e crimes ambientais.

Além dos peixes foram apreendidos, ainda um notebook, duas máquinas fotográficas Nikon, três lentes teleobjetivas, e materiais que o alemão usou na captura dos pescados como rede de pesca, sarrafo, equipamento de mergulho e um sensor usado para medir as condições físicas das águas.

Segundo os peritos da Polícia Federal Marcelo Mendes e Fabiano Peres, os peixes estavam embalados em sacos plásticos com formol, separados por espécimes e com identificação do local onde foram capturados. Já os fragmentos que estavam conservados no álcool, em tubos, serviriam para identificar as espécimes por DNA. Os peixes apreendidos serão encaminhados ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Segundo o perito criminal da Polícia Federal Mário Sérgio Gomes de Farias, para o pesquisador sair do País com os peixes ele precisava obter autorização do Ibama ou estar ligado a alguma instituição de pesquisa no Brasil. Segundo o perito, com base na forma como os peixes estavam embalados e pelo material usado por ele para fazer a captura, é possível que o biológo seja um profundo conhecedor do assunto. Ele usava um sensor para medir a acidez da água e tinha um GPS para identificar a localização geográfica de onde ele fazia as capturas. Heiko capturou os peixes em dois pontos: no rio Araçá, que fica na bacia do Negro, e no rio Jutaí.

De acordo com a polícia, Heiko é um grande pesquisador nas áreas de biologia, zootecnia, oceanografia, parasitologia e em ictiologia, que é a ciência que estuda os peixes. Ele é também autor de várias publicações e viaja por vários países dando palestra.

Entre os pertences de Heiko, a polícia encontrou uma carta-convite da superintendente da Suframa Flávia Grosso para que ele proferisse palestra no próximo dia 1º, na Suframa, com o tema: "As possibilidades do desenvolvimento do Turismo da Amazônia".


NOTA DO BLOG: Não é todo dia que a PF tem a oportunidade de capturar, literalmente, um 'peixe grande' como Heiko Bleher. O homem tem mais de 500 artigos publicados e viaja pelo mundo todo coletando peixes. Clique aqui para acessar seu site e conhecer 'A Lenda' da ictiologia mundial.

29 agosto 2008

AMAZÔNIA: DIMINUIÇÃO DE FOCOS DE CALOR EM 2008

Número de focos de calor na Amazônia e Mato Grosso está significativamente inferior em 2008

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Segundo os dados disponíveis na página do INPE, entre janeiro e agosto de 2008 o número de focos de calor na Amazônia e Mato Grosso estão significativamente inferiores aos registrados no mesmo período em 2007 (tabela ao lado).

A única exceção é o estado do Amapá. Mesmo assim, a quantidade de focos de calor registrada a mais naquele Estado é insignificante se considerarmos os números globais de focos registrados na região.

No Acre, ainda segundo o site do INPE, a quantidade de focos de calor para o período de janeiro a agosto tem caido sistematicamente desde o ano de 2005. Neste ano, foram registrados 9.051 focos de calor e em 2006 1.024o. Esta diminuição na quantidade de focos de calor no Estado indica que existe uma clara tendência de diminuição no desmatamento pois a maioria dos focos de calor registram queimadas em áreas derrubadas.

Entretanto, o INPE tem divulgado que em 2008 o desmatamento no Estado aumentou desde janeiro, registrando queda apenas no mês passado. Essa informação guarda no mínimo uma contradição. É que no Acre derrubadas são realizadas por volta de maio-junho, no incío da estiagem na região. Se um produtor resolver derrubar em fevereiro, seguramente seu investimento irá ficar comprometido pois as chuvas favorecerão o rápido crescimento da vegetação, inviabilizando a limpeza da área mediante a queima 4-5 meses depois.

28 agosto 2008

RARIDADE DA FLORA ACREANA

Estas plantas só podem ser observadas quando estão em período reprodutivo, não possuem clorofila e toda a sua estrutura é subterrânea

As fotos que ilustram este texto foram tomadas em uma trilha aberta ao longo da floresta que margeia o rio Chandless-Chá, no Parque Estadual Chandless, em fevereiro deste ano.

Esta foi a segunda vez que tive a oportunidade de ver estas plantas muito estranhas que pertencem à família Balanophoraceae. Quem vê pensa que está diante de plantas extraterrestres.

Foi assim que fiquei pensando quando vi as mesmas pela primeira vez em em 2001 durante uma excursão ao rio Juruá-Mirim.

Se você leitor tiver a sorte de encontrar 'coisa' similar quando estiver na floresta, não se deixe levar pela impressão de que está vendo um fungo.

Acredite! Esta é uma planta que produz flores como a maioria das plantas que você conhece: cumaru-ferro, rosa, margarida, e tantas outras.

Claro que as flores são diferentes e menores, mas são flores. Só por ter flores é que elas são classificadas como Angiospermas. Se não fosse isso, talvez elas tivessem que ser incluídas em uma categoria exclusiva.

As Balanophoraceae são plantas aclorofiladas e holoparasitas de raízes de outras plantas. Em outras palavras, estas plantas são verdadeiros vegetais parasitas de outras plantas superiores: dependem dos hospedeiros para extrair a seiva elaborada.

Sua posição na classificação das plantas com flores ainda é incerta. A família compreende 17 gêneros e aproximadamente 50 espécies, dos quais seis gêneros e 12 espécies são registrados para o território brasileiro.

Talvez sejam a família de plantas nativas do Acre mais difícil de ser observada porque suas estruturas são subterrâneas.

Só é possível vê-las durante o período reprodutivo, quando suas inflorescências emergem do solo. E mesmo assim há que se pisar com cuidado pois as inflorescências medem pouco mais de 10 cm de comprimento.

27 agosto 2008

RESTRIÇÃO À EXPLORAÇÃO COMERCIAL DE ALGUMAS ESPÉCIES MADEIREIRAS NO ACRE

"Será que o Governador Binho Marque vai sancionar o projeto sem ressalvas? Poucos estão cientes do profundo impacto do projeto no futuro da exploração florestal acreana!"

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Pouca gente, incluindo os deputados que votaram a favor, compreendeu a dimensão e implicações da aprovação do projeto do Deputado Estadual Zé Carlos (PTN) que restringe o corte, para fins de exploração comercial, de 24 espécies de árvores existentes na floresta acreana.

Posso estar sendo arrogante ao afirmar que nem mesmo o Deputado está ciente de que se o seu projeto for sancionado pelo Governador Binho Marques, ele vai entrar para a história da exploração florestal no Brasil.

Embora a intenção original do Deputado fosse tão somente preservar as espécies usadas pela fauna local para, em suas palavras, 'garantir que a caça não fuja da mata e deixe os seringueiros com fome', na verdade o projeto tem um efeito bem mais amplo do que se imagina. Ele se constitui na primeira ação concreta que combate, no Acre e na Amazônia brasileira, o conhecido efeito 'florestas vazias' ou 'florestas silenciosas', que resulta da exploração florestal seletiva em florestas tropicais.

Nesta situação, a floresta, após a exploração comercial das principais espécies madeireiras, fica aparentemente intacta. Mas a realidade é que a maior parte dos animais e pássaros que se alimentavam das espécies retiradas durante a exploração migram para outras regiões. Daí o termo 'floresta vazia ou silenciosa'.

Outro aspecto que foi pouco considerado durante a aprovação do projeto do Deputado Zé Carlos é o fato de que mais do que garantir a simples preservação das espécies madeireiras e indiretamente dos animais que se alimentam delas, a lei tem o potencial de jogar o setor de exploração florestal do Acre em uma grave crise nos próximos 5-10 anos. Talvez até antes.

Explico: no Acre são exploradas atualmente por volta de 40-50 espécies madeireiras. O projeto do deputado incluiu 24 espécies ou quase 50% do que se explora no Estado. Mesmo considerando que as espécies listadas no projeto são exploradas em baixa escala, o número é significativo.

O fato da lista de espécies não ter causado 'comoção' entre os envolvidos na cadeia produtiva de madeira no Acre tem uma explicação relativamente simples. Todos sabem que hoje o 'grosso' da exploração comercial madeireira no Acre está centrada em cerca de 15-20 espécies, entre as quais se destacam o cedro, cerejeira, samaúma, cumarú-ferro, cumarú-cetim, amarelão, alguns angelins, ipê, sucupira, mulateiro e o bálsamo. Portanto, a maioria esmagadora das espécies de alto valor comercial não estão incluídas no projeto do Deputado.

Entretanto, quando o estoque dessas espécies desaparecer, os madeireiros locais se voltarão para a exploração intensiva de outras espécies, e, com certeza a copaíba, andiroba, jutaí, mirindiba, jatobá, manitê, toarí, castanharana, cajuzinho (ou cajuí), guariúba, copinho e o pequi estarão incluídas entre as mais visadas.

Isso acontece porque a exploração de madeira na Amazônia ocorre em etapas. Inicialmente se tiram apenas espécies mais valiosas até que o estoque natural delas diminua a ponto de tornar antieconômica a retirada das mesmas. No Acre vivemos esta etapa. Em uma segunda leva, a exploração passa a focar na extração de espécies que foram deixadas de lado durante a primeira fase. E aqui é que entra a maioria das espécies listadas no projeto do Deputado José Carlos.

Vejam o caso de Rondônia. Lá já se esgotaram os estoques das espécies mais nobres e o ciclo da exploração madeireira está chegando ao final da segunda etapa nas áreas onde a exploração legal é permitida. Diante do colapso inevitável, o setor madeireiro daquele estado vive de extrair ilegalmente madeira nobre das reservas indígenas, parques e outras áreas de proteção ambiental federais e estaduais.

Considerando o que acontece em Rondônia, fica no ar a pergunta:

- Será que o projeto do Deputado Zé Carlos vai funcionar como um incentivo à exploração ilegal de madeira nobre em reservas e áreas protegidas do Acre?

Projeto aprovado sem problemas

Foi impressionante o silêncio dos madeireiros acreanos, dos moveleiros e mesmo da Secretaria Estadual de Floretas, que vive apoiando projetos de extração madeireira comunitária. Mas isso vai mudar quando o estoque de madeira nobre acabar nas áreas mais acessíveis do Estado. Só aí esses atores irão lembrar do projeto do Deputado Zé Carlos. Mas então, se nada de errado acontecer, vai ser tarde demais para mudar as regras do jogo.

Mais intrigante foram os argumentos do deputado para aprovar seu projeto sem maiores problemas na Assembléia Legislativa.

Ele deu declaração na imprensa local de que as espécies listadas são 'madeira brancas', com baixo valor de mercado. No que se refere ao preço, realmente elas valem pouco hoje, mas em alguns anos só restarão elas para serem exploradas e o preço vai subir muito pois os madeireiros (que deveriam ser chamados de garimpeiros de madeira) não costumam plantar espécies madeireiras para repor os estoques que eles mesmo esgotam.

Quanto às espécies listadas no projeto do Deputado serem 'madeira branca', acho que faltou alguém avisar aos outros deputados que a copaíba, andiroba, jutaí, jatobá e toarí não se encaixam nessa classificação. De branco têm muito pouco. São madeiras nobres.

Fotos que ilustram o artigo: vistas do tronco, corte da casca e dos frutos do Jutaí (Evandro Ferreira)

26 agosto 2008

DE ONDE VEM A FUMAÇA?

Vejam as imagens do satélite MODIS de ontem medio dia e tirem suas próprias conclusões.

A primeira (ao lado) mostra a Bolívia e parte de Rondônia. Fica claro que a maior parte da fumaça se origina na região de Santa Cruz. De lá ela tem sido carreada ao longo da cordilheira dos Andes até chegar ao Acre.

A segunda imagem (abaixo) mostra que a fumaça encobriu ontem a parte leste do Acre.

POLIGAMIA FAZ BEM?

Homens polígamos vivem mais que monógamos, diz estudo

da Folha Online

Um estudo de pesquisadores britânicos observou que homens de países que permitem a poligamia --o casamento com mais de um parceiro-- vivem em média mais que aqueles que vivem em países onde a prática é proibida.

Cientistas da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, perceberam que homens acima de 60 anos de 140 países poligâmicos têm uma expectativa de vida em média 12% maior que a de homens de 49 nações monogâmicas.

Os dados, obtidos a partir de relatórios da OMS (Organização Mundial da Saúde), foram calculados de maneira a desconsiderar fatores socioeconômicos nos diferentes países.

As conclusões foram apresentadas pela coordenadora da pesquisa, Virpi Lummaa, em um encontro internacional de estudos de comportamento em Ithaca, Nova York (EUA), e reproduzidas em reportagem da revista "New Scientist".

25 agosto 2008

AVALIAÇÃO ECOLÓGICA RÁPIDA DO PARQUE ESTADUAL CHANDLESS

Em fevereiro passado uma equipe de pesquisadores e auxliares de pesquisa permaneceu cerca de 15 dias realizando estudos no Parque Estadual Chandless.

Como dizem os moradores do local, o rio Chandless estava na 'tampa'. Chovia quase diariamente. As trilhas abertas na floresta para o estudo da vegetação, pássaros, mamíferos, répteis, peixes e insetos ficaram um mingau. Subidas e descidas lisas como sabão. Os portos de embarque-desembarque improvisados eram um desafio, especialmente porque sabiamos que cedo da manhã teríamos que enterrar os pés na lama para poder chegar em terra firme.

O barco que aparece na primeira foto desse post foi a nossa casa e ponto de encontro obrigatório de todos. Depois de alguns dias a situação beirou o caos. Com as chuvas, faltou espaço para estender roupas (foto abaixo). Apesar disso, a dormida na rede foi sempre confortável.

A equipe responsável pela logística da viagem, composta por Roberto Antoneli (consultor), Jesus Rodrigues (Responsável pelo Parque) e Mirailson (o popular 'X', da Fundação SOS Amazônia), deu um show de competência ao administrar o stress dos participantes e coordenar a saída diária de equipes tão diversas para o campo, geralmente em lugares diferentes.

Para quem não conhece bem como funcionam essas viagens, o pessoal que estuda aves e mamíferos não pode estar simultaneamente no mesmo local com pesquisadores que estudam a flora e a herpetofauna (cobras, lagartos, sapos etc.). Cada equipe tem suas peculiaridades.

Os que estudam aves querem silêncio e precisam trabalhar no amanhecer e entardecer. Usam um gravador tão sensível que podem captar as fofocas contadas no barco. Os que estudam mamíferos precisam, além do silêncio, que o caminho esteja intocado para poder observar as pegadas dos animais. Eles também precisam percorrer as trilhas até as 9-10 h da manhã. Depois disso os animais se recolhem para descansar do calor do meio dia.

Ainda bem que a turma das cobras, sapos e lagartos costuma sair no final da tarde e vira a noite caçando esses bichos. Enquanto nós da vegetação amaldiçoamos a chuva, eles soltam rojões pois a água deixa os sapos alegres...

Graças à competência dos responsáveis pela organização dos trabalhos, foi possível fazer um bom reconhecimento da vegetação daquela unidade de conservação. Tivemos a oportunidade de ir aonde outros pesquisadores jamais colocaram os pés. Subimos o igarapé Cuchicá, o Chandless e o Chandless-Chá. Exploramos o inexplorado. Me senti um verdadeiro explorador. O trabalho valeu a pena (foto ao lado posamos para a foto com nosso identificador botânico prático, Tonico).

Nessas horas é que a gente se convence que a vida de pesquisador, apesar de alguns desafios, vale a pena. O que a gente tem a oportunidade de ver não tem dinheiro no mundo que pague. E olha que a gente é pago para fazer isso. Tem coisa melhor?

NOTA DO BLOG: O trabalho de campo realizado no Parque Estadual Chandless fez parte da Avaliação Ecológica Rápida (AER) do Parque, coordenada pela Fundação SOS Amazônia, de Rio Branco-Acre. A AER fornecerá informações para a elaboração do plano de manejo do Parque, que está sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Acre (SEMA).

22 agosto 2008

RIO ACRE: NÍVEL EM AGOSTO DESCARTA SECA HISTÓRICA

A coordenadoria da Defesa Civil do Acre divulgou informações relativas ao nível de água do rio Acre em agosto e as notícias são muito boas: não existe indicação de que teremos em 2008 uma seca tão grande quanto a registrada em 2005.

Esta previsão catastrófica foi feita por David Friale, uma espécie de guru climatológico de Sílvio Martinello, Editor Chefe do jornal A Gazeta, que frequentemente cita as previsões de Friale em sua coluna Gazetinhas.

Conforme se pode observar no gráfico divulgado pela Defesa Civil (acima), em agosto (linha azul no gráfico) o rio Acre tem se mantido consistentemente bem acima do nível registrado em 2005. De fato, por volta do dia 12 passado, seu nível foi o mais alto do que o registrado para os anos de 2005, 2006 e 2007.

O clima acreano tem pregado peças em quem tem tentado adivinhar o seu comportamento. No início do ano, considerando a precipitação registrada entre janeiro e março, havia forte indício de que teríamos uma grande seca em 2008. E a tendência se manteve até meados de junho, quando, por razões que só a natureza poderia explicar, os níveis de precipitação na bacia do rio Acre voltaram a aumentar, causando a elevação inesperada do mesmo em pleno auge do período seco na região leste do Acre.

Apesar de toda a tecnologia disponível para fazer simulações sobre o tempo, o velho ditado ainda prevalece: "com a natureza não se brinca".

Nota do Blog: as informações da Defesa Civil podem ser acessadas na página GTP Queimadas, hospedada no site do MAP.

21 agosto 2008

ADEUS A MÁRIO LIMA

Hoje soube que Mário Lima, um colaborador do Blog Ambiente Acreano, faleceu em São Paulo. Não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente e confesso que estava na expectativa de fazê-lo na primeira oportunidade em que ele visitasse o Acre. Não foi possível. Confesso que estou chocado com a notícia e quero expressar minhas condolências para a família do Mário.

Quero que ela saiba que ele, juntamente com Altino Machado e Antonio Alves, foi um dos principais articuladores do movimento que permitiu que a sociedade acreana tivesse a oportunidade de debater a mudança do nosso fuso horário. Seus textos e suas opiniões objetivas e sempre bem embasadas sob o ponto de vista político, social e econômico contribuíram para que o debate travado fosse quase sempre de alto nível.

Quero dizer ainda aos familiares do Mário Lima que apesar de sua partida prematura, sua presença vai se perpetuar na sociedade acreana. Sua biografia e seu currículum são uma prova de que sua vida foi plena de realizações. Seu legado será eterno.

Aproveito a oportunidade para disponibilizar aos leitores alguns dos textos que Mário Lima publicou no Ambiente Acreano:


- MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO É GOLPE CONTRA A LUTA HISTÓRICA DA CLASSE TRABALHADORA

- PARA O DEPUTADO MOISÉS DINIZ

- NOVO FUSO HORÁRIO: COMENTÁRIO DE MÁRIO LIMA

- O POVO DA FLORESTA TAMBÉM USA RELÓGIO

- MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO DO ACRE

- CARTA PARA A MINISTRA DILMA ROUSSEF

- FUSO HORÁRIODO ACRE. POR QUE MUDAR?

- VEJA DEPUTADO MOISÉS DINIZ, O SENHOR TAMBÉM DEFENDE O FUSO DE -5 HORAS GMT!

- OS FRÁGEIS ARGUMENTOS EM FAVOR DA MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO

- UNIFICAÇÃO DO FUSO, UNIFICAÇÃO DA AMAZÔNIA E A CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA

- O FUSO HORÁRIO DO ACRE VAI MUDAR

NOTA DE APOIO AOS POVOS INDÍGENAS DE RAPOSA SERRA DO SOL (RR), DO ESTADO DO ACRE E DO BRASIL






O Conselho Indigenista Missionário – CIMI, Regional Amazônia Ocidental, vem por meio desta externar sua solidariedade aos povos indígenas da terra indígena Raposa Serra do Sol e em favor da manutenção da demarcação de sua terra em área contínua, conforme homologação do presidente da república e em cumprimento ao que determina a Constituição Federal.

A não demarcação em área contínua representa um retrocesso e coloca em risco outras terras já demarcadas, especialmente em área de fronteira como é o caso das terras indígenas do Estado do Acre. Desta forma, nosso apoio e solidariedade aos povos Indígenas de Raposa Serra do Sol, é também apoio e solidariedade aos povos indígenas do Estado do Acre. Devemos nos lembrar que neste regional existem pelo menos 17 (dezessete) terras indígenas a serem demarcadas e a grande maioria sem nenhuma providência. Merecem destaque as terras dos índios isolados do Parque Estadual do Chandless e isolados do Igarapé Tapada, no Parque Nacional da Serra do Divisor.

Denunciamos ainda a cobiça de setores econômicos sobre as terras indígenas. Em Roraima com fazendeiros rizicultores e empresas mineradoras. No Acre as ameaças vêm do ecoturismo, fazendeiros, madeireiros e da exploração mineral, com destaque para a exploração de petróleo e gás natural.

Por fim, conclamamos a todas as pessoas de boa vontade a somarem forças e levantarem suas vozes em favor dos povos indígenas de Raposa Serra do Sol, dos povos indígenas do Acre e de todo o Brasil que, mais uma vez, vêem seus direitos ameaçados e negados por forças antiindígenas num fragrante desrespeito à Constituição Brasileira.

Rio Branco, 12 de agosto de 2008.

Cimi – Regional Amazônia Ocidental

20 agosto 2008

A DIFERENÇA ENTRE 'SER JUIZ' E 'PARECER JUIZ' É SUTIL, MAS EXTREMAMENTE DANOSA PARA O CIDADÃO

O advogado Walter Ceneviva, que no último dia 13 completou 30 anos de publicação da coluna semanal de comentários sobre temas jurídicos na Folha de São Paulo, deu entrevista ao Blog do Frederico Vasconcelos (Estadão.com) e define de forma simples e direta os malefícios decorrentes da decisão de pessoas que, ao serem empossadas no cargo de juiz de direito, optam por 'parecerem' juízes, no lugare de 'serem' juízes:

Ser juiz é julgar e decidir logo, cumprir horários e prazos, tratar as partes com respeito, estar atualizado em matéria jurídica.

Parecer juiz é quando esses elementos ficam ausentes e a máquina do Estado, com seus defeitos e insuficiências, contribui para o distanciamento ainda maior (com o cidadão).

Quem depende de decisões judiciais no Brasil sabe muito bem o que Walter Ceneviva quer dizer com suas afirmações. Quando uma decisão de um juiz de primeira instância extrapola prazos, a desculpa é sempre a mesma: excesso de processos. Por aqui, chegar atrasado em audiências e não dar qualquer desculpa às partes, demorar de forma injustificada a exarar sentenças e destratar de forma veladas as partes não têm qualquer consequências aos causadores. Um lástima. Coisa de terceiro mundo.

ACAMPAMENTO NO PARQUE ESTADUAL CHANDLESS

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

As fotos que ilustram esta nota mostram o nosso acampamento no Parque Estadual do Chandless, antes e depois da chegada dos pesquisadores e pessoal de apoio.

Localizado a cerca de 18 km da cidade de Santa Rosa, nosso acampamento era de primeira qualidade. Mais de nove pessoas ficaram por lá durante os trabalhos de campo.


Nossa equipe, responsável pelos estudos sobre a vegetação, foi a primeira a chegar ao local depois de uma manhã caminhando por uma trilha aberta algumas semanas antes pela equipe responsável pela logística da expedição.


O maior desconforto durante a estada no acampamento? As abelhas. Infernizaram a vida de todos. A melhor tática para escapar delas? Sair cedo do acampamento e só retornar no finalzinho da tarde.


No final do trabalho de campo, a equipe de logística retornou ao acampamento para demolir, destroçar o mesmo. Ninguém quer que ele sirva de base para os caçadores ilegais que costumam se embrenhar no Parque para retirar ilegalmente animais e plantas.


Também recolheram todo o lixo não orgânico acumulado durante os trabalho de campo.


Nota do Blog: o trabalho de campo realizado no Parque Estadual Chandless fez parte da Avaliação Ecológica Rápida (AER) do Parque, coordenada pela Fundação SOS Amazônia, de Rio Branco-Acre. A AER fornecerá informações para a elaboração do plano de manejo do Parque, que está sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Acre (SEMA).

Fotos: Evandro Ferreira@2008

19 agosto 2008

ELEIÇÃO EM SANTA ROSA DO PURUS

Neste município são os indígenas que vivem em aldeias distantes da cidade que decidem as eleições. Por isso, mesmo a contragosto, as chapas majoritárias são obrigadas a incluir pelo menos um vice indígena

SANTA ROSA DO PURUS - Com quase 70% da população formada por indígenas, a eleição no município de Santa Rosa se caracteriza pela obrigatoriedade da participação de indígenas em cargos majoritários. Quando não são candidatos a prefeito, emplacam o cargo de vice.

As urnas que decidem a eleição ficam em aldeias distantes mais de 1 dia de viagem da sede do município. Por isso, todos os candidatos são obrigados a aprender algumas palavras na língua indígena mais falada na região, o kaxinawa, além de contar com a participação ativa de intérpretes para atuar durante os comícios nas aldeias.

Na sexta passada uma comitiva com quase 40 integrantes desceu o rio para fazer o 'arremate final' da campanha do candidato Zé Brasil (PT), favorito a vencer a eleição. Partiram do porto que fica em frente ao posto local da Polícia Federal levando um grande estoque de gasolina, óleo diesel, troféus e medalhas para distribuir entre os indígenas.

A razão para o grande número de medalhas e troféus?

Segundo um dos integrantes da expedição, nas aldeias a melhor forma de atrair eleitores não são comícios, muito menos cultos ecumênicos. São os torneios de futebol.

Dá para imaginar que as equipes de futebol formadas por maioria branca não podem nem pesar em ganhar os torneios disputados. Nesse caso, vitórias no campo de futebol significam derrotas nas urnas.

ELEIÇÃO EM SANTA ROSA DO PURUS (2)

O poder da máquina estatal influindo na eleição municipal 2008 (versão Santa Rosa do Purus!)

As imagens servem para mostrar que a influência do poder estatal nas eleições 2008 no Acre varia de acordo com o lugar onde as eleições acontecem.

Tomemos o exemplo de Santa Rosa do Purus, um empobrecido município acreano que fica isolado no alto rio Purus, quase na fronteiro com o Peru.

A foto acima mostra o comitê do PT, que governa o município de Santa Rosa do Purus. Apesar da simplicidade, é um luxo quando comparado com os demais. Fica em área nobre da cidade, quase ao lado da sede da prefeitura local. É o maior e mais vistoso de todos os comitês eleitorais existentes no muncípio.

Na foto ao lado fica o comitê do principal candidato da oposição, Rivelino Mota. É uma edificação para lá de simples, com a área externa coberta com palhas . Para chegar lá só com o auxílio de moradores locais.

Dá para notar que, de alguma forma, o candidato do PT, Zé Brasil, teve algum tipo de "assessoria de marqueteiros": vejam que o comitê está todo enfeitado com cartazes dos candidatos do PT. Enquanto isso, o candidato da oposição ainda não se deu a esse trabalho.

Depois não vale reclamar que o Zé Brasil ganhou a eleição porque teve apoio da "máquina estatal" Santarosina.

18 agosto 2008

AS "QUEIMADAS" NO MEIO DA FLORESTA ACREANA

Avaliação ecológica do Parque Estadual Chandless revela formação vegetal desconhecida para a ciência

A palavra 'queimada' significa, para a maioria dos acreanos, uma interpretação literal da mesma: local onde o homem derrubou e queimou a floresta.

Na região central do Acre, especialmente no Parque Estadual Chandless, 'queimada' tem um sentido diferente. Ela também se refere a um tipo de formação vegetal ainda desconhecida pela ciência e que até agora fazia parte apenas do conhecimento popular dos habitantes daquela região.

São pequenas áreas em meio à floresta onde a vegetação de grande porte inexiste. Vista do alto, em sobrevôos, tem-se a impressão de pequenas clareiras feitas pelo homem. Uma inspeção in loco, entretanto, revela uma espécie de igapó permamente ou parcialmente alagado (foto abaixo), onde o homem jamais entrou pois a vegetação herbáceae e arbustiva é densa, com muitas lianas, e a lâmina d'água tem profundidade desconhecida. O mais interessante é que estas formações estão longe de grandes cursos de água. O que se observou é que elas geralmente são alimentadas por pequenos igarapés.

Visitamos duas dessas áreas e temos agora alguma informação sobre sua composição vegetal. Mas não se sabe de nada sobre os animais que vivem nestes lugares. Algumas das queimadas ocupam mais de 5 hectares e, segundo a opinião de alguns moradores do Chandless, abrigam 'muitas feras'.

As observações realizadas a partir de sobrevôos realizadas até o momento indicam que podem existir dezenas dessas formações na região de influência do rio Chandless e seus principais tributários. Algumas delas ficam nas proximidades da fronteira seca entre o Brasil e o Peru.

Qual a orígem dessas formações? Qual a sua importância ecológica para fauna local? Existem animais exclusivos das mesmas?

Estas são apenas algumas das perguntas que ficaram no ar depois de duas campanhas de campo (fevereiro e agosto de 2008) realizadas durante a Avaliação Ecológica Rápida (AER) do Parque Estadual Chandless. O trabalho contou com a participação de especialistas em vegetação, mamíferos, aves, herpetofauna, ictiofauna e entomofauna, e está sendo coordenado pela Fundação SOS Amazônia, de Rio Branco-Acre. A AER fornecerá informações para a elaboração do plano de manejo do Parque, que está sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Acre (SEMA).

Por ora, podemos concluir apenas que a floresta acreana ainda guarda muitos segredos.

02 agosto 2008

VIAGEM PARA SANTA ROSA

Estaremos ausentes no período compreendido entre os dias 2 e 16 de agosto, realizando trabalho de campo na Floresta Estadual Chandless. Nossa base será a cidade de Santa Rosa, de onde teremos acesso à referida unidade de conservação. Não estamos certos se teremos acesso a internet. Portanto, atualizações, provavelmente só depois do dia 16.

Até a volta.

Evandro Ferreira
Editor