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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

31 julho 2008

INFLUÊNCIA ECONÔMICA DO ESTADO SUFOCA A DEMOCRACIA POLÍTICA NO ACRE

Essa tal democracia

Deputado Estadual Luiz Calixto

Sem democracia econômica não existe democracia política. Partindo desse pressuposto, é correto afirmar que no Acre, por muito tempo, viveremos sem democracia política, pois não existe democracia econômica.

Os principais atores da sociedade acreana dependem exclusivamente do governo. E sem liberdade política são obrigados a fazer somente aquilo que o governo permite.

Vamos aos exemplos:

Sindicatos e Associações: não haveria problema algum se os sindicatos e associações fossem dirigidas por pessoas ligadas ao governo, pois nada impede isso. A questão é que a maioria dessas representações é instrumentalizada com recursos públicos e, portando, com o anzol fisgado no beiço, estão neutralizados.

Imprensa: todos os meios de comunicação de massa aqui estabelecidos dependem 100% de verbas públicas. Prá fazer justiça, a TV Acre depende bem menos e é mais livre exatamente por isso. Junto com o pagamento das faturas o governo controla a linha editorial. Sai o que ele quiser. Das três emissoras com maior espaço para programação local ( GAZETA, TV 5 e RIO BRANCO ) todas têm outro ramo de atividade, cujo maior cliente é o governo: a distribuição de medicamentos. Algum incauto achará que elas farão denúncias envolvendo a saúde do estado, por exemplo? Uma matéria que desagrade ao governo pode comprometer o recebimento do mês.

Maiores empresários: os maiores empresários acreanos são “capitalistas” de licitações encomendadas. Vivem pendurados nas tetas do governo. Se o governo der um espirro, correm todos. As entidades patronais são obrigadas a bater palmas nos eventos e dar declarações favoráveis ao governo. Sem palmas, nada de participação no bolo das licitações. Já não dou mais ouvidos ao que falam às escondidas do governo.

Programas sociais: no Acre reside o maior número de famílias da região norte inscritas nos programas sociais do governo. São mais de 40 mil, um terço da população.O cadastro dessas famílias é utilizado para orientar as visitas eleitorais e ameaçá-las de perder o benefício caso não votem no candidato do governo. A dependência do governo é tão grande que o emprego de uma funcionária do prédio onde moro, foi arranjado pelo senador Tião Viana junto à firma responsável pela manutenção.

NOTA DO BLOG: O Deputado Luiz Calixto tem usado com sabedoria seu Blog para divulgar fatos que não aparecem na imprensa local. Muitas notas e artigos são relevantes e merecem ser disseminados. Acesso livre e ampla divulgação das informações de atos do Governo são importantes para que o povo possa tirar suas conclusões sobre as atitutdes de nossos administradores. Isso é democracia. Não desista Deputado Calixto. Keep doing the good job!

MAMONA DESCARTADA PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Governo descartou a possibilidade de produzir biodiesel usando apenas óleo de mamona, segundo resolução da ANP (Agência Nacional do Petróleo) publicada em março. Celebrado pelo presidente Lula, o produto foi considerado inadequado pela ANP.O Ministério de Minas e Energia, porém, afirma que o “processo industrial de fabricação” consegue dar ao óleo viscosidade exigida pela norma da agência

Por Humberto Medina, da Folha de S. Paulo, 29/07/2008.

Desde março não é mais tecnicamente possível produzir biodiesel usando apenas óleo de mamona. A oleaginosa, ex-vedete do programa, não reúne as condições técnicas definidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) para composição do biocombustível.

Em 20 de março, o “Diário Oficial” da União publicou a resolução nº 7 da ANP. No documento, foram estabelecidos vários critérios físicos e químicos para o biodiesel. Pelos parâmetros, o biodiesel produzido apenas com mamona é muito viscoso e, por isso, não pode ser usado diretamente nos motores, pois poderia danificá-los.

A mamona sempre foi o carro-chefe do governo na propaganda do programa do biodiesel. Em vários discursos, o presidente Lula se referiu ao plantio da oleaginosa como uma alternativa para agricultores pobres do Nordeste. “É com a mesma motivação que estamos lançando o Programa do Biodiesel, que vai utilizar a mamona e a palma para produção de combustível, criando mais uma alternativa para pequenos agricultores do semi-árido nordestino”, disse o presidente, em cerimônia realizada em Maceió (AL), em novembro de 2004.

Para a ANP, a mamona é a única oleaginosa que não se enquadra nos parâmetros técnicos do biocombustível. Com todas as demais -soja, pinhão manso, algodão etc.-, é possível produzir biodiesel sem precisar de mistura.

Com a edição da resolução da ANP, para usar óleo de mamona na produção do biodiesel, é preciso misturá-lo com o óleo de algum outro vegetal ou outro material gorduroso.

Os números oficiais de produção, contabilizados pela ANP, indicam que a mamona, que já tinha uma participação pequena, desapareceu da lista de insumos do biodiesel justamente em março.

Em fevereiro, a mamona ainda respondia por 0,17% da produção de biodiesel, contra 68,41% da soja. Em março, a mamona já tinha desaparecido do mapa de produção. O dado mais atual, de maio, indica que a soja ampliou sua participação para 77,35% entre os insumos usados para a produção de biodiesel. Os números confirmam que o programa é, na verdade, um filão a ser explorado pelos produtores de soja.

Concentração

De acordo com Arnoldo de Campos, coordenador do programa no Ministério do Desenvolvimento Agrário, a concentração nas matérias-primas para produção de biodiesel é uma preocupação do governo. “Há uma concentração de matérias-primas desde o início do programa. Isso não é bom. Está na ordem do dia diversificar.”

O objetivo da diversificação é tornar o preço do biodiesel menos sensível à cotação internacional da soja, commodity de alta volatilidade. Em julho, o preço do diesel normal (que leva 3% de biodiesel) subiu 2,1% na bomba dos postos. Os distribuidores atribuíram a alta ao uso do biocombustível, que, por sua vez, aumentou por conta da alta do preço da soja.

Ainda segundo Campos, o fato de a mamona não estar sendo usada para a produção de biodiesel não é um problema para o produtor. “Existe a demanda da indústria química.”

Ele explicou que, quando o governo vislumbrou na mamona uma fonte de matéria-prima para o biodiesel, o quilo da oleaginosa valia aproximadamente R$ 0,25. Na última safra, esse preço já estava variando entre R$ 1,00 e R$ 1,20.

Minas e Energia discorda

Ao contrário da ANP e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério de Minas e Energia informou, por meio de sua assessoria, que é possível produzir biodiesel usando 100% óleo de mamona.

Para o ministério, o nível de viscosidade exigido pela portaria da ANP é “mais difícil” de ser atingido com a mamona pura, mas “o processo industrial de fabricação de biodiesel consegue trazer ao óleo de mamona a viscosidade exigida pela resolução”.

Crédito da imagem: M. Williams

ACESSO À INTERNET NO BRASIL

Dos brasileiros, 53% já usou computador e 34% acessa a internet. Mais da metade dos domicílios conectados à rede têm banda larga. Pesquisa do CGI.br destaca o aumento no uso das tecnologias de comunicação

Um país cada vez mais digital

Agência FAPESP – O número de brasileiros que acessam a internet cresceu seis pontos percentuais em relação a 2006, chegando a 34% em 2007. Dos domicílios no país, 24% já contam com computador.

Os dados são da Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil 2007, publicada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br) do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Iniciada em 2005, a nova edição da pesquisa apontou pela primeira vez que mais da metade (53%) da população consultada disse ter usado computador, dos quais 40% nos últimos três meses. Foram feitas entrevistas em 17 mil domicílios em zonas urbanas, com pessoas a partir de 10 anos de idade.

O crescimento mais expressivo da aquisição de computadores ocorreu em domicílios com renda entre três e cinco salários mínimos, nos quais a penetração passou de 23% para 40% no período. A proporção de domicílios com computador aumentou em todas as regiões do país.

Mais da metade dos domicílios com acesso à internet têm banda larga, um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Mas 42% ainda têm acesso discado. Das casas com acesso rápido, em 12% a conexão é usada por mais de um computador.

A pesquisa também ressalta o expressivo crescimento no uso de centros de acesso pago, como as lan houses ou internet cafés, que pulou de 30% em 2006 para 49% no ano seguinte. Quanto menor a renda da população, maior é a utilização desses espaços. Dos usuários de internet com renda de até um salário mínimo, 78% disseram utilizar a rede por meio desses centros de acesso pago. O acesso no trabalho foi apontado por 24% dos entrevistados.

“Se por um lado, a ausência do computador em casa não impede o uso das tecnologias da informação, também é evidente que a disponibilidade do computador no domicílio pode influenciar a freqüência e a intensidade de seu uso”, apontou Rogério Santanna dos Santos, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e conselheiro do CGI.br, em artigo no relatório.

O secretário destacou o programa Banda Larga nas Escolas, lançado em abril e que pretende oferecer, até o fim de 2010, acesso rápido à internet a todos os alunos das escolas públicas do ensino fundamental e médio situadas na área urbana das cinco regiões do Brasil.

A publicação do Cetic.br destaca também o elevado uso das tecnologias de informação pelo setor privado brasileiro, especialmente entre empresas de grande porte, das quais 95% têm computadores e 92% têm acesso à internet. Destaque para o crescimento das redes sem fio nas empresas, que passou de 18% em 2006 para 28% no ano seguinte. O número de companhias que usou a internet para aquisição de bens e serviços chegou a 64%.

Dos entrevistados, 66% disseram ter usado telefone celular nos três meses anteriores. O uso foi alto em todas as faixas de renda, com 48% entre os que ganham menos de R$ 380 por mês e 84% entre os acima de R$ 3,8 mil.

A Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil 2007 pode ser baixada em formato pdf no endereço www.cetic.br/tic/2007/indicadores-cgibr-2007.pdf.

(ilustr.: Matt Britt)

30 julho 2008

OS GANHOS DO BRASIL COM A REDUÇÃO DOS SUBSÍDIOS AGRÍCOLAS AMERICANOS

Trabalho premiado de professor da UFSCar calcula impacto no agronegócio brasileiro de eventual redução dos subsídios agrícolas nos Estados Unidos. Produção poderia aumentar em até R$ 5 bilhões, com queda nos preços internos de produtos

Barreiras ao crescimento

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Um estudo realizado pelo professor Adelson Martins Figueiredo, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), calculou os impactos que uma eventual redução nos subsídios agrícolas norte-americanos teria sobre o agronegócio brasileiro.

Os resultados mostraram que sem subsídios a cada ano o país poderia aumentar sua produção agrícola em até R$ 5 bilhões e elevar as exportações em pelo menos R$ 220 milhões. Além disso, diversos produtos teriam preço reduzido no mercado interno – em até 4,5% no caso da soja e 4% no caso do algodão.

A tese, defendida em 2007 na Universidade Federal de Viçosa (MG), recebeu na semana passada o prêmio Edson Potsch Magalhães 2008, concedido pela Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural.

De acordo com o pesquisador, que leciona no Departamento de Economia da UFSCar, no campus de Sorocaba (SP), o estudo confirmou um modelo teórico que sugere que a política de subsídios causa um aumento de produção agrícola nos Estados Unidos e, conseqüentemente, uma elevação dos excedentes exportáveis do país.

“Para os norte-americanos, isso reduz a necessidade de importação e possibilita a exportação dos excedentes, derrubando os preços do mercado internacional. O resultado é que o Brasil vende menos e por um preço menor”, disse Figueiredo à Agência FAPESP.

Para chegar aos resultados, o pesquisador montou um modelo econômico – o Modelo Aplicado de Equilíbrio Geral – e fez simulações das reduções dos subsídios de acordo com as propostas que foram apresentadas na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), que foi iniciada em novembro de 2001 com o objetivo de reduzir barreiras comerciais em todo o mundo.

Segundo Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, a Rodada de Doha, que leva esse nome por ter começado na capital do Qatar, fracassou definitivamente nesta terça-feira (29/7), após nove dias de negociações na sede da organização em Genebra, Suíça, que tentaram quebrar a paralisia em que se encontravam as conversas, mas mais uma vez não levaram a acordo algum.

Ganho per capita

“Se os Estados Unidos adaptassem suas metas às propostas da Rodada de Doha, haveria um impacto dramático em seus setores agrícola e agroindustrial. A produção de soja seria reduzida de 6% a 7% e a de milho cairia em até 12%. Outros setores agrícolas teriam redução de 3% a 4%”, disse Figueiredo.

A simulação feita mostra um efeito positivo na produção brasileira. Haveria um aumento de 4% a 5% na produção de soja e de 2,5% a 3,5% na de milho. Outros produtos agroindustriais teriam crescimento entre 2% e 2,5%. De acordo com o pesquisador, esse crescimento seria equivalente a um aumento da produção brasileira que poderia ir de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões por ano.

“Analisamos apenas o aumento de produção no Brasil, mas certamente haveria um aumento significativo também em outros países exportadores, como Argentina e Chile. Por outro lado, as perdas para os Estados Unidos não podem ser consideradas tão grandes”, disse.

As perdas para a produção norte-americana só seriam de fato significativas, segundo os cálculos feitos por Figueiredo, se a redução dos subsídios superasse os US$ 10 bilhões. Acima disso, haveria queda tanto no Produto Interno Bruto (PIB) como no bem-estar das famílias norte-americanas. “E eles estão apresentando justamente uma proposta de reduzir seus subsídios dos atuais US$ 25 bilhões para US$ 15 bilhões”, comentou o pesquisador.

De acordo o pesquisador, há diversas formulações matemáticas utilizadas para medir variações no bem-estar de uma sociedade. Na tese, foi utilizada a “estimativa da variação equivalente”, que é a quantia adicional de renda necessária para manter inalterado o nível de bem-estar dos consumidores quando há uma mudança causada por algum motivo adverso.

Segundo ele, uma redução dos subsídios em até US$ 3,51 bilhões elevaria o bem-estar das famílias norte-americanas, compensando a contração do PIB. Entretanto, com reduções superiores a esse valor, os ganhos de bem-estar não compensariam as quedas no PIB.

Na tese, o economista mediu também o custo social das políticas norte-americanas de subsídios, avaliando, caso eles fossem reduzidos, qual seria o ganho per capita para o Brasil. “A redução promoveria aumentos de R$ 7,71 a R$ 9,58 no PIB per capita e de R$ 4,86 a R$ 6,08 no bem-estar per capita”, disse.

Os impactos nas exportações também foram quantificados. “O Brasil aumentaria suas exportações de produtos agrícolas em, no mínimo, R$ 220 milhões por ano, caso fossem adotadas as metas propostas na OMC”, disse, acrescentando que 40% das exportações brasileiras são provenientes das vendas externas de produtos agroindustriais.

Para Figueiredo, o estudo demonstra que a redução dos subsídios agrícolas nos países ricos é de grande relevância para o Brasil, elevando produção e exportações e tornando o país mais competitivo no comércio internacional.

“Não esperamos que os Estados Unidos reduzam a taxa de subsídios de todos os seus produtos. Mas é preciso que a redução seja feita em relação a produtos apontados como essenciais pela OMC, como a soja, o milho e o algodão”, afirmou.

NEGROS NOS EUA: BAIXA EXPECTATIVA DE VIDA E ALTO ÍNDICE DE CONTAMINAÇÃO PELA AIDS

Se os negros americanos fizessem parte de um país independente, estariam entre os mais infectados com AIDS e de mais baixa expectativa de vida no mundo

By LAWRENCE K. ALTMAN
The New york Times

Se os negros americanos formassem um país, ele seria o 16o. do mundo em número de pessoas convivendo com AIDS, afirma um relatório publicado na terça-feira (29/07) o Black AIDS Institute, um grupo de defesa dos negros americanos.

O relatório, financiado em parte pela Ford Foundation e Elton John AIDS Foundation, oferece uma nova perspectiva sobre a epidemia, reconhecida pela primeira vez em 1981.

Cerca de 600 mil negros americanos estão infectados pelo vírus da AIDS e pelo menos 30 mil novos casos são reportadoa a cada ano entre os integrantes da raça.

Segundo o relatório, quando ajustada para faixa etária, a taxa de mortalidade dos negros americanos é duas vezes e meia mais elevada do que a verificada para os brancos americanos infectados pela AIDS. Com base nessa informação, uma nação formada apenas pelos negros americanos iria ficar na 104a. posição do ranking mundial de expectativa de vida.

29 julho 2008

A HORA DO PETRÓLEO NO ACRE

Espera-se que o Ministério Público e os órgãos ambientais evitem a política de avestruz, conforme optaram por fazer há pouco mais de um ano, quando o “sonho petrolífero" do senador Tião Viana ganhou forma

Altino Machado
Blog do Altino

A notícia “ANP estuda existência de petróleo em Cruzeiro”, de autoria de Genival Moura, da Tribuna do Juruá, reproduzida na edição d’A Tribuna de domingo, informa sobre a visita à cidade de Cruzeiro do Sul de dois representantes da Agência Nacional do Petróleo (ANP), acompanhados do vice-presidente e do gerente operacional da High Resolution Technology & Petroleum (HRT).

Segundo a matéria, os técnicos iniciaram o planejamento de uma nova etapa da prospecção de petróleo e gás no Alto Juruá. O levantamento das condições logísticas na região, o sobrevôo em certas áreas e os primeiros contatos com os órgãos ambientais são pré-condições para a atividade de coleta de amostras do solo em dois mil locais na região, todos situados fora de terras indígenas, unidades de conservação e outras áreas de preservação.

A HRT ganhou a licitação aberta pela ANP para executar esse estudo. Caso os resultados sejam positivos, o que, segundo os técnicos da ANP, parece bastante provável, devido à proximidade dos campos já em prospecção e operação no Peru e na Bolívia, na nossa fronteira comum, uma nova licitação será aberta, para a concessão da exploração a investidores interessados.

Desde que o projeto de prospecção e exploração de petróleo e gás no Estado do Acre foi primeiro anunciado pelo senador Tião Viana, em abril do ano passado, a transparência, a discussão com a sociedade e a consulta às populações da floresta, cujos territórios e modos de vida serão afetados, estiveram completamente ausentes. Diferentemente, procurou-se capitalizar politicamente com uma iniciativa que, segundo novamente revelam os técnicos da ANP, integra o plano plurianual da Agência e visa identificar novas bacias sedimentares na região amazônica.

Nenhuma visibilidade foi dada, por exemplo, ao início da prospecção aérea na região do Juruá, executadas nos últimos meses pela Lasa Engenharia e Prospecções Ltda., vencedora, com uma proposta de R$ 21 milhões, de edital aberto pela ANP em final do ano passado. Aviões sobrevoando, a alturas bem reduzidas, muitas vezes à noite, se tornaram um constante na região, para espanto e temor dos moradores da floresta, inclusive de terras indígenas e unidades de conservação, totalmente desinformados sobre a atividade e seus reais objetivos.

Ainda que, nesta nova etapa da prospecção, as coletas de fato não ocorram em terras indígenas ou em unidades de conservação (respeitando o que até segunda ordem estipula a legislação), vale lembrar que as florestas do Alto Juruá são habitadas por populações tradicionais, de seringueiros e agricultores, as quais, em momento algum, foram consultadas sobre a possibilidade de uma futura prospecção e exploração de petróleo e gás em seus locais de moradia.

Resta se perguntar se, no atual contexto, os órgãos ambientais, agora consultados pela ANP e a HRT, cumprirão com suas atribuições e, além de exigir o estrito respeito a todos os requisitos legais e às salvaguardas ambientais, darão ampla divulgação para a sociedade sobre as atividades a serem executadas e as metodologias e procedimentos a serem adotados pela empresa ganhadora que realizará a coleta de amostras de solos e o seu estudo.

Se dos políticos, pelo visto até agora, pouco ou nada se pode esperar quanto à transparência e à discussão aberta e à consulta à população, espera-se que os órgãos ambientais venham a cumprir esse papel de informação. É de se esperar, conforme já dito, que os Ministérios Públicos Federal e Estadual, o Ibama e a Secretaria de Meio Ambiente cumpram desta vez o seu papel, e não adotem uma política de avestruz, conforme optaram por fazer há pouco mais de um ano, quando o “sonho petrolífero do senador” ganhou forma.

O argumento de que a exploração de petróleo e de gás, por meio da distribuição de royalties, atrairá investimentos e constituirá uma redenção econômica para o Juruá, torna a ser repetida, agora pelos técnicos da ANP, a exemplo do que ocorreu quando políticos e empresários tentaram, no ano passado, empurrar o projeto goela abaixo da população.

Desconsidera-se, novamente, que se pretende “socializar” um prejuízo, social, ambiental e cultural, deixando o ônus para as populações da floresta, para “privatizar” supostos ganhos futuros, políticos e econômicos, em mãos das mesmas elites de sempre. Dá para confiar que prefeitos acreanos, “gestores públicos” que tiveram recentemente péssima avaliação pelo TCU farão uma adequada gestão dos recursos dos royalties, aplicando-os em fins sociais de urgente necessidade? Dificilmente.

Consultas prévias, informadas e de boa fé, conforme estabelece o Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho, serão necessárias neste novo contexto. E mais: consultas específicas à população da floresta, evitando que ela arque com todo prejuízo, após décadas de luta e de mobilizações para garantir um pedaço de chão para morar e viver dignamente.

A ausência de qualquer consulta na mudança do fuso horário, projeto do mesmo senador, se espera, deve ter trazido o aprendizado de que é infinitamente melhor prevenir, e respeitar o povo, do que tentar remediar, prometendo o que depois nem se sabe se será possível cumprir.

EM ASSIS BRASIL

Estamos em Assis Brasil para tomar posse como membro do Conselho Consultivo da Estação Ecológica Rio Acre.

28 julho 2008

MATERNIDADES DE RIO BRANCO SEM PESSOAL QUALIFICADO

Estudo revela que apenas 28% dos profissionais de enfermagem estão qualificados, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde, para atuar nas maternidades de Rio Branco

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Um estudo publicado na edição 42 da Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, que circulou em junho, revela que apenas 28% dos integrantes das equipes de enfermagem que atendem nas duas principais maternidades de Rio Branco são considerados qualificados, conforme os critérios e requisitos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde e pela Confederação Internacional das Parteiras, para atuar em mulheres durante o processo do parto e nascimento.

Para fazer a pesquisa, as responsáveis pelo estudo, Leila Maria Geromel Dotto, Professora da Universidade Federal do Acre, e Marli Vilela Mamede, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, realizaram entrevistas com 30 profissionais de enfermagem que atuam nas duas maternidades.

Uma das maternidades pertence à Secretaria Estadual de Saúde e atende exclusivamente a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Possui 69 leitos e duas salas de parto que funcionam também como sala de exames e de admissão para as gestantes. O quadro de pessoal conta com 144 profissionais de enferemagem (31 enfermeiras, sendo 22 delas enfermeiras obstétricas, 107 auxiliares de enfermagem e seis técnicos de enfermagem), 20 médicos obstetras, três médicos residentes em obstetrícia e nove pediatras. Esta instituição é referência no Acre para gestação de alto risco. Ela realiza anualmente cerca de 2.800 partos, dos quais cerca de 62% são normais.

A outra maternidade pertence a um hospital filantrópico e atende clientela do SUS, convênios e particulares. Possui 158 leitos (32 são leitos obstétricos) e no centro obstétrico existem duas salas de parto e nove leitos no pré-parto. Ela possui em seu quadro de pessoal 169 profissionais de enfermagem (24 enfermeiras, 62 técnicos em enfermagem e 83 auxiliares de enfermagem) e nove obstetras que realizam plantão de 24 horas, no centro obstétrico. Anualmente são realizados cerca de 5.400 partos, dos quais pouco mais de 65% são normais.

Os resultados do estudo mostraram que, dos 25 profissionais de enfermagem que realizam parto normal (83,3% dos pesquisadors), a grande maioria (72%) recebeu treinamento por meio de educação informal, isto é, acompanhando e sendo acompanhados por outro profissional durante a jornada de trabalho. Em muitos desses casos, o "treinamento" durou apenas 10 dias.

Um aspecto preocupante revelado pela pesquisa foi que entre as profissionais incluídas no estudo consideradas aptas para realizar o parto apenas 68% realizavam rotineiramente o trabalho. As demais tinham outras atribuições e somente realizavam partos em situações de grande demanda ou quando a parturiente chegava à maternidade em período expulsivo e os outros profissionais responsáveis pela realizar do parto (enfermeiras obstétricas e médicos) estavam ocupados com outros procedimentos ou partos.

Parte do problema da falta de pessoal qualificado nas maternidades pesquisadas decorre do fato histórico de que no Acre faltam profissionais da área de saúde, principalmente, com formação especializada. Em 2004, o número de profissionais de saúde por 1.000 habitantes no Brasil era de 1,42 para médicos, 0,55 para enfermeiros, 0,86 para técnicos de enfermagem e 2,52 para auxiliares de enfermagem. No Acre estes indicadores são: 0,72 médico, 0,64 enfermeiro, 0,22 técnico de enfermagem e 1,9 auxiliar de enfermagem por 1.000 habitantes.

Os autores concluem seu estudo indicando a necessidade de continuidade no processo de formação e qualificação de enfermeiras obstétricas para o parto e nascimento, assim como o estímulo à inserção das egressas desses cursos nas instituições e serviços de atenção à saúde materna.

Clique aqui para ler a íntegra do artigo no Blog Biodiversidade Acreana.

AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DESPREPARADOS

Estudo com agentes envolvidos no controle da tuberculose revela que seus conhecimentos e ações são muito falhos. Menos da metade (47,6%) sabia que a transmissão da doença se dá através do ar, a partir de tosse, fala ou espirro de um indivíduo doente

Artigo mostra que é necessário investir na formação de agentes comunitários

Renata Moehlecke
Agência Fiocruz de Notícias

Seja na prevenção ou no combate a doenças como dengue, no auxílio a idosos ou na assistência à saúde materno-infantil, os agentes comunitários de saúde desempenham uma série de atividades que ajudam a estabelecer uma ponte entre os serviços de saúde e a comunidade onde eles mesmos residem. Como as ações desses profissionais podem constituir uma maneira eficaz de controle de doenças infecto-contagiosas, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo resolveram analisar o conhecimento de 105 agentes participantes do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) no município de Vitória (ES), que apresenta uma das mais altas taxas de incidência da doença no país.

“Pouco se conhece sobre a atuação do agente comunitário de saúde no PNCT em nosso país”, afirmam os pesquisadores em artigo publicado na última edição da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. “Os achados desse estudo apontam para a possibilidade de que as oportunidades inicialmente vislumbradas no processo de integração dos agentes ao controle da tuberculose não estejam se concretizando”.

A pesquisa avaliou, com base em questionários, as noções que os agentes têm sobre os aspectos clínicos e epidemiológicos da tuberculose, além da autopercepção desses indivíduos sobre seu próprio nível de informação e sobre sua importância no enfrentamento da doença. “Observou-se que um maior tempo de atividade está relacionado a um aumento do nível de compreensão em torno da tuberculose, bem como das atividades efetivamente realizadas no controle da doença”, destacam os autores. “Contudo, de maneira geral,

Segundo os pesquisadores, os agentes, em sua quase totalidade, têm noção da sua importância no controle da tuberculose e uma percepção realista do seu nível de conhecimento sobre a doença e suas tarefas. Dos entrevistados, que tinham idade média de 34,5 anos, 62,9% atuavam na profissão há um período igual ou inferior a três anos e 37,1% tinham experiência de quatro ou mais. “Um achado interessante é a influência do tempo que eles exercem suas atividades e a resposta dada quanto ao nível de conhecimento que possuem”, explicam. A maioria daqueles que têm quatro anos ou mais de experiência avaliaram seu nível de informação como bom, enquanto aqueles com menos tempo em atividade o classificaram como regular. Esse entendimento, de acordo com os estudiosos, pode estar associado ao próprio acúmulo de experiências em campo, além da maior probabilidade de terem passado por mais treinamentos.

Mas, enquanto a percepção sobre si mesmos parece adequada, os agentes não demonstraram bom conhecimento acerca da tuberculose. Na avaliação de informações sobre os principais sintomas da doença, apesar de a febre ser o indício que recebe menor destaque em cartilhas distribuídas, ela foi a resposta mais notificada, estando presente em 62,9% dos casos. “No controle da tuberculose, espera-se basicamente que esse profissional seja capaz de identificar na comunidade, por meio de visitas domiciliares, aqueles indivíduos que apresentam tosse por três semanas ou mais (sintomático respiratório) e encaminhá-los aos serviços de saúde”, alertam os pesquisadores, acrescentando que essa tosse constante, reconhecidamente o sintoma mais característico e fundamental para a identificação da doença, foi relatado por apenas 26,7% dos agentes. Parte dos entrevistados chegou a assinalar a tosse como sintoma, mas sem referências sobre o período de duração, fundamental para a caracterização da tuberculose.

Quanto à forma de transmissão da doença, menos da metade dos agentes (47,6%) soube responder que a veiculação se dá através do ar, a partir de tosse, fala ou espirro de um indivíduo doente. “Essa lacuna no conhecimento acerca da transmissão possui implicações para além da orientação correta de pacientes”, dizem os autores. “Ainda que na literatura esse risco não tenha sido quantificado entre os agentes comunitários de saúde, a falta de conhecimento acerca da disseminação do agente infeccioso pode estar envolvida com a redução da sua capacidade de proteger-se de maneira adequada, intensificando este risco”.

Os resultados revelaram, ainda, que 84% dos agentes comunitários mostraram saber que a principal forma de diagnóstico da tuberculose é o exame de escarro, mas apenas 15,2% souberam relatar ao menos um dos três medicamentos usualmente utilizados no tratamento da doença. Os pesquisadores também verificaram que 50,5% dos entrevistados souberam citar duas ou mais instruções rotineiramente oferecidas aos pacientes com a doença, como manter o ambiente bem arejado e a falta de necessidade de se separar utensílios. “Sugere-se a necessidade de investimento não apenas em formação didática, mas também em um constante monitoramento das atividades realizadas pelos agentes, no intuito de identificar suas fragilidades”, concluem.

(Agente de saúde em visita domiciliar. Foto: Prefeitura de Amparo/SP)

26 julho 2008

LENHA SEM ORIGEM LEGAL?

O GOVERNO DA FLORESTA É FOGO

do Blog do Deputado Luiz Calixto

Nada mais contraditório para o governo da floresta do que movimentar seus equipamentos queimando árvores.

É isso que o DERACRE está fazendo ao lançar o edital nº 170/2008 ( clique aqui ) para aquisição de 1.000 m³ de madeira roliça ( lenha ) para movimentar suas máquinas de refinar asfalto.

O edital não prevê que o vencedor deva comprovar a origem legal da madeira.

Será mais uma licitação a cair nas malhas dos pasteiros.

De certa forma essa aquisição, além de queimar a madeira, também queimará o o falso discurso preservacionista dos petistas da taba.

O governo da floresta é fogo.

FRIAGEM BARRADA NA FRONTEIRA

Vejam a evolução da frente fria que iria trazer a friagem para o Acre nas duas imagens ao lado.

A primeira imagem mostra que na quinta-feira tudo indicava que ela chegaria por aqui sem problemas. Vejam que a massa de ar frio não era grande coisa: pouco compacta e pequena.

Na sexta (imagem abaixo), ela encontrou uma massa de ar quente que estava estacionada sobre o Acre (canto superior esquerdo da imagem) e o resultado foi muita chuva, mas ficou nisso.

Sem forças para vencer a massa de ar quente, a frente fria se dissipou e o resultado que temos é um sábado com ceu azul e nuvens esparsas.

ENQUANTO ISSO NO RIO DE JANEIRO...


Originalmente publicado no site do JB

24 julho 2008

COMPENSANDO PELA CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA

Daniel Nepstad*

Valor Econômico, 23/7/2008

A demanda global para carne, grãos e biocombustíveis está crescendo, aumentando os preços dessas commodities a um ritmo vertiginoso. Caso esta tendência se consolide, o resultado será mais desmatamento na Amazônia. Mas esse quadro poderá ser evitado se um novo princípio passar a nortear as estratégias de conservação para a região: o da compensação aos protetores da floresta. Antes de tudo, será necessário premiar quem está defendendo a floresta e cumprindo a lei - seja índio, seringueiro, agricultor ou pecuarista. E o mercado está pronto para pagar a conta dessa premiação.

O Brasil deve se orgulhar das conquistas históricas em prol da conservação da Amazônia. O país tem o maior sistema de áreas protegidas, de terras indígenas e de monitoramento de florestas (este último criado e mantido pelo INPE) do mundo.

No entanto, o desmatamento segue a taxa ainda elevadas, gerado especialmente pela conversão de florestas em pastagens extensivas. Em parte, este cenário persiste pela falta de um mecanismo que diferencie os produtores rurais “do bem” - que querem cumprir a lei e cuidar da terra - e daqueles “do mal”. Enquanto tiver uma criminalização generalizada da agropecuária, o êxito da luta contra desmatamento será limitado.

O primeiro passo para um novo paradigma de conservação que resulte na permanência de grandes áreas de floresta “em pé” é tornar a legalidade mais acessível e fácil de se atingir. Ser legal hoje na Amazônia é quase impossível. Quando a “reserva legal” florestal de propriedades rurais passou de 50% para 80% de cada propriedade, faltou um mecanismo que facilitasse o cumprimento desta nova exigência pelos proprietários. Quem tenta legalizar a sua propriedade enfrenta custos altíssimos, burocracia lenta e, às vezes, corrupção. Hoje, existe a possibilidade de reduzir a reserva legal para 50% no contexto de um Zoneamento Ecológico/Econômico aprovado pelo Estado, que deve ser uma prioridade do governo. O processo de titulação de terras também é um grande obstáculo à legalização. Há, contudo, iniciativas promissoras no Estado do Pará, que está dando passos históricos na legalização fundiária de propriedades.

É necessário premiar quem busca a legalidade e defende a floresta, seja índio, seringueiro, agricultor ou pecuarista

O segundo passo é ter um sistema eficaz de identificação de produtores rurais “do bem”. O Sistema de Licenciamento Ambiental da Propriedade Rural (SLAPR) do Estado de Mato Grosso é um exemplo importante - embora ainda com deficiências - de licenciamento de terras. Este sistema poderia se tornar uma ferramenta valiosa na identificação de propriedades cujos donos estão buscando a legalidade. Tal sistema, que já conta com o registro de um terço das terras privadas no Estado, precisa, contudo, ser ampliado urgentemente. Isto significa, em primeiro lugar, ter instituições estaduais fortes, especialmente uma Secretaria de Meio Ambiente (Sema) que possa ser ágil, sem perder o rigor.

O terceiro passo deve ser a premiação dos produtores que estão buscando a legalidade e a responsabilidade sócio-ambiental. Os pecuaristas e agricultores membros do Cadastro de Compromisso Sócio-Ambiental já começam a ter o devido reconhecimento pela opção que fizeram na luta contra a erosão e o incêndio florestais, no tratamento digno dos seus funcionários e na proteção dos seus córregos e rios. Alguns proprietários listados neste cadastro, que é uma iniciativa da Aliança da Terra e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, já estão recebendo pagamentos do Rabobank para a recuperação das suas matas ciliares. O banco holandês, que atua na Amazônia, vai traduzir estes investimentos em créditos de carbono. Além disto, em breve, o Frigorífico Independência começará a pagar um preço maior pelos bovinos criados em fazendas listadas no Cadastro. O Cadastro deve se estender, em breve, para assentamentos agrícolas rurais e para populações indígenas.

Uma vez criadas as condições básicas para se cumprir a lei, premiando os produtores que entram na legalidade e investem na responsabilidade sócio-ambiental, a Amazônia estará pronta para implementar medidas punitivas contra os proprietários ilegais. Os pecuaristas e agricultores legais e responsáveis que estarão sendo premiados irão se tornar aliados chaves na identificação e denúncia de pecuaristas e agricultores que não seguem a lei. Um movimento como este já teve início no nordeste mato-grossense no ano passado, quando pecuaristas listados no cadastro denunciaram grileiros para as autoridades estaduais e federais. Quem desmata ilegalmente, maltrata os seus funcionários e faz uso irresponsável do fogo acaba prejudicando a “imagem” da região, espantando potenciais compradores que estão à procura de uma produção mais sustentável.

Aliado ao novo paradigma de conservação, exposto acima, o Brasil poderia em breve começar a ser compensado pelo “mercado de carbono” para reduzir as suas emissões de carbono para a atmosfera oriundas do desmatamento. O mecanismo “Redd” (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação florestal) está sendo negociado no âmbito da Conferência sobre Mudança Climática da ONU, e até dezembro de 2009 as negociações devem definir as regras de compensações. Estudo liderado pelo Ipam (www.climaedesmatamento.org.br), estima que o Redd poderia dobrar ou triplicar a renda média dos povos da floresta e pagar proprietários rurais pela manutenção das suas reservas legais. Os pagamentos do Redd poderiam equipar o governo federal e estadual para implementar os planos de zoneamento, para montar sistemas de licenciamento ambiental, avançar com o ordenamento fundiário e punir as atividades criminosas. A Noruega já doou centenas de milhões de reais para o Brasil para tocar esta idéia de compensação por redução de desmatamento para frente.

Talvez o caminho de curto prazo para um novo paradigma de conservação para a Amazônia deva passar pelo estabelecimento de uma moratória de desmatamento na Amazônia para os próximos dois anos. Neste período, poderia se dar início a uma negociação entre os povos da floresta, agricultores e os pecuaristas “do bem”, junto com a sociedade civil e o governo, a definição das regras de um programa Redd e os mecanismos de distribuição dos benefícios gerados pelo mercado de carbono.

*Daniel Nepstad é cientista sênior do Woods Hole Research Center, professor e doutor em ecologia florestal pela Universidade de Yale.

QUAL O CUSTO DO NOVO FUSO PARA A REELEIÇÃO DO ANGELIM?

E provável que hoje o número de pessoas insatisfeitas com o PT por conta da mudança impositiva do fuso horário não represente uma ameaça significativa para influir na reeleição do Angelim.

Entretanto, se o fato for capitalizado pelos marketeiros do Petecão, é possível que ele tire dividendos importantes. Quem sabe 5-10% dos eleitores. É um percentual importante se a eleição for decidida em segundo turno.

A Frente não consegue aplacar a ira da população e de parte de seus próprios seguidores, que demonstram vontade de lutar contra o novo fuso em plena campanha eleitoral. Se não houver uma solução rápida para o problema, corre-se o risco da oposição tirar proveito e vencer a eleição por margem mínima de diferença com a ajuda dos votos raivosos de eleitores da Frente.

Caciques da FPA: levem o assunto a sério e não fiquem criando paliativos que só irão atrapalhar ainda mais a situação! Como citou Leonildo Rosas em sua coluna de hoje, "A adoração do poder ofusca o julgamento político. Quem está vencendo no momento sempre parece invencível".

DENGUE: COMBATE É PALIATIVO QUE CUSTA CARO

O governo brasileiro gasta R$ 1,2 bilhão por ano com o combate à dengue, mas só a produção da vacina irá controlar de fato a doença, de acordo com Hermman Schatzmayr, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz responsável pelo isolamento do vírus no Brasil

O caminho é a vacina

24/7/2008

Cleide Alves, Agência FAPESP

O governo brasileiro gasta demais com o combate à dengue, mas só a produção da vacina irá controlar de fato a doença, que atingiu 230.829 pessoas entre janeiro e abril deste ano, de acordo com os registros do Ministério da Saúde.

A avaliação foi feita pelo pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Hermman Schatzmayr – que foi responsável pelo isolamento do vírus da dengue 1, 2 e 3 no Brasil. Para a produção da vacina, no entanto, ainda será preciso superar uma série de desafios científicos.

De acordo com ele, a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti custa R$ 1,2 bilhão por ano ao governo federal. “É muito dinheiro”, disse Schatzmayr durante o I Encontro da Rede-Pan Americana de Pesquisa em Dengue, nesta quarta-feira (23/7), em Recife.

Segundo o pesquisador, que abriu o evento com uma palestra sobre a situação da dengue no Brasil, os recursos são gastos com inseticida para combate das larvas, treinamento de pessoal, apoio aos estados, assistência médica, controle do vetor, repasse de material, rede de laboratórios, equipamentos e bolsistas que estudam o problema.

A vacina, de acordo com o pesquisador, é o melhor caminho para o controle da dengue. “O país tem três grandes desafios a enfrentar: diagnóstico rápido da doença, controle do vetor e produção de vacina para imunizar a população. A vacina é o principal deles. É o ideal para o Brasil, por ser um país muito grande, disse Schatzmayr.

De acordo com reportagem realizada pela Agência FAPESP durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas, na semana passada, as pesquisas para o desenvolvimento da vacina estão adiantadas. Uma parceria entre o Instituto Butantan e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês) está em fase de pesquisas clínicas com humanos e em dezembro uma planta piloto já deverá começar a produzir a vacina.

O Butantan realizará ensaios no interior de São Paulo para testar a eficácia da vacina, mas ainda precisará de dados sobre o número de pessoas contaminadas – o que não está disponível porque a maioria das pessoas que contrai a doença não desenvolve os sintomas.

Na ocasião, Elena Caride Siqueira Campos, da Fiocruz, afirmou que combater a dengue no organismo humano não é fácil, já que existem quatro tipos diferentes de vírus e, para ser eficaz, a vacina terá de ser tetravalente, ou seja, combater os quatro simultaneamente, encontrando um equilíbrio entre atenuação do vírus e a imunogenicidade.

Combate ingrato

Na avaliação de Schatzmayr, os estados brasileiros ainda não estão totalmente estruturados para dar uma resposta rápida diante de uma epidemia. “Em uma situação como essa, é preciso agilidade para providenciar tendas de atendimento e remanejamento de médicos. O índice de mortalidade em decorrência da dengue deveria ser de 0,5% a 1%. Mas já registramos 10%, isso é um absurdo”, destacou.

Schatzmayr cita como exemplo o Estado do Mato Grosso do Sul, que teve uma epidemia séria de dengue no ano passado, apresentou uma resposta rápida e registrou pouquíssimas mortes. “A dengue está avançando no público infantil, os pediatras devem estar alertas para o rápido diagnóstico”, sublinhou.

Ele defende o repasse de informações sobre o mosquito Aedes aegypti para as crianças, em sala de aula. “É primordial mostrar vídeos sobre o inseto, trabalhar o assunto nas escolas, para que elas possam levar a informação para casa. Exibir o mosquito por dez segundos na televisão não surte efeito”, disse.

Em relação ao controle do vetor, o pesquisador reconhece que se trata de um trabalho difícil – até mesmo pela extensão territorial do Brasil – que exige entrar na casa das pessoas, verificar se há larvas e identificar se são do mosquito da dengue.

“Hoje, a ação é municipalizada, por isso é muito variado o interesse e a capacidade de atuação de cada um. Talvez, seja necessário mais foco do Estado junto aos municípios. É preciso repensar a participação do Estado, porque as cidades sozinhas não conseguem dar conta.”

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que entre 50 e 100 milhões de pessoas contraiam dengue todos os anos em mais de cem países de todos os continentes, exceto Europa. Conforme a OMS, foram registrados 900 mil casos de dengue nas Américas no ano passado, dos quais 560 mil (dois terços) no Brasil.

(Foto: Fiocruz)

23 julho 2008

FRENTE FRIA CHEGANDO

A massa de ar frio ainda já tinha passado sobre Santa Cruz de La Sierra na terça por volta do meio dia. Ela não parece ser muito compacta, indicando que a friagem vai ser fraca.

Deve chegar amanhã ao Acre.

Imagem: Modis/Nasa

PESADELO AMERICANO

EUA: O sonho em queda

Por Alison Raphael, da IPS

Washington, 22/07/2008 – Os Estados Unidos têm um “atraso deplorável” em relação a outras nações ricas em matéria de criação de oportunidades e possibilidades para seus cidadãos, a própria essência do chamado “sonho americano”, afirma um estudo da organização não-governamental Oxfam. O inédito “Indicador dos Estados Unidos: Informe de desenvolvimento humano 2009-2009” oferece uma análise estatística de numerosas variáveis vinculadas ao bem-estar de sua população, afetado por questões de gênero, raça e, inclusive, de distritos eleitorais.

Uma conclusão surpreendente do estudo é que os Estados Unidos é o país que mais gasta por habitante, US$ 5,2 milhões por dia, e ainda assim seus cidadãos vivem menos tempo do que os de, virtualmente, cada uma das nações da Europa ocidental e nórdicas. Além disso, esse país tem a maior porcentagem de meninos e meninas pobres em comparação com as nações ricas. Em 1990, o índice de desenvolvimento humano mundial situou os Estados Unidos em primeiro lugar. Dezoito anos mais tarde, caiu para a 12ª colocação.

Os Estados Unidos não estão atrasados apenas em relação aos países ricos, mas também tem “enormes brechas” em matéria de padrões e de qualidade de vida entre os diferentes Estados, segundo o estudo divulgado no último dia 16 pelo capítulo local da Oxfam, organização financiada pelas fundações Rockefeller e Conrad Hilton. “Alguns norte-americanos vivem entre 30 e 50 anos de atraso em relação a outros compatriotas em áreas que preocupam a todos nós, como saúde, educação e padrão de vida”, destacou Sarah Bird-Sharps, uma das autoras do estudo.

Os habitantes do estado de Connecticut têm uma expectativa de vida média de 30 anos a mais do que os do Estado do Mississippi. Ambos se situam nos extremos desse indicador demográfico. Uma conclusão tão surpreendente é que os homens afro-norte-americanos têm o menor índice de desenvolvimento humano de todos os grupos sociais estudados. O dos de origem asiática está 50 pontos percentuais acima. O Estado do Texas tem uma porcentagem de adultos sem diploma do ensino secundário semelhante ao dos anos 70 em todo o país. As disparidades são tão grandes que no Estado da Califórnia que tem os cinco distritos eleitorais com melhor pontuação e os cinco menores do país.

A pesquisa reúne uma quantidade de dados que vão desde fatores sociais, políticos, econômicos, ambientais, habitacionais, de transporte e outros, a fim de criar uma instantânea da qualidade de vida do país. A informação servirá para que os cidadãos tenham a possibilidade de exercer pressão para obter melhorias e permitir que organizações não-governamentais, fundações e governos locais concentrem sua assistência nas áreas com maiores necessidades.

A idéia de realizar um índice de desenvolvimento humano foi inspirada no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que realiza um similar a cada ano em todos os países do mundo. “O Índice de Desenvolvimento é único”, explica o presidente da Oxfam, Raymond Offenheiser, “porque mostra os fatores entrelaçados que criam o ou negam oportunidades e determinam opções de vida. A análise é especialmente reveladora em lugares do Golfo do México, onde trabalhamos com 34 organizações”, explicou.

“O estudo mostra com clareza as difíceis condições de vida que sofriam os residentes da região mesmo antes dos furacões de 2005, com o limitado acesso à educação, baixa renda e menor expectativa de vida, e defende uma solução integral para conseguir uma recuperação”, ressaltou Raymond. Os dados manejados permitem entender quais políticas públicas tiveram êxito e devem ser imitadas e quais não conseguiram cumprir seu objetivo. “A informação manejada no estudo pode servir para melhorar as políticas de sucesso e criar oportunidades em beneficio das novas gerações de norte-americanos”, disse o vice-presidente da Fundação Rockefeller, Darren Walker.

Por sua vez o diretor da Fundação Hilton, com sede em Los Angeles, Steven Hilton, afirmou que seu avô, Conrad Hilton, encarnou o espírito empreendedor e de oportunidades que caracterizou o “sonho americano”. Conrad Hilton, falecido em 1949, foi o criador em 1919 da cadeia Hilton Hotéis e em 1944 da fundação que leva seu nome. “Fica claro com este estudo que o sonho americano está em perigo”, destacou Steven. O estudo da Oxfam foi publicado com apoio da Columbia University Press e do Conselho de Pesquisa em Ciência Sociais. (IPS/Envolverde)

DESOBEDIÊNCIA CIVIL NA ZONA RURAL

Estou ministrando um curso de indentificação botânica para alguns manejadores de madeira do PAD Pedro Peixoto. Retorno na sexta, mas aonde vou o assunto fuso horário não me abandona. Sabem o que os produtores falaram dele? Primeiro: não pegou na zona rural. As escolas continuam a funcionar no horário antigo e, nas palavras dos produtores, 'eu quero é ver professor ou prefeito vir aqui mudar..."Outra coisa interessante: o ônibus que transporta os produtores para a cidade, com parada final no mercado da seis de agosto, adotou o novo horárioe está chegando bem cedinho na cidade. Só que quando os produtores chegam lá todos os 'comércios importantes' ainda estão fechados. Todo mundo voltou a funcionar no horário antigo. Aos poucos, por iniciativa própria, a sociedade volta ao horário anterior.

Desobediência civil pura e simples.

PECUÁRIA NA AMAZÔNIA

Pecuária na Amazônia? ‘Perdas incalculáveis’. Entrevista especial com Peter May

IHU On-Line

Hidrelétricas, pecuária, soja, cana… São todos problemas atuais da Amazônia brasileira. Há dois meses no cargo de Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc ainda não mostrou realmente a que veio, segundo o ambientalista Peter May. Em entrevista à IHU On-Line, concedida por telefone, May analisa os problemas pelos quais a Amazônia vem passando e critica o governo federal. “O fato é que esse bioma é um dos mais ameaçados e um dos mais preciosos que nós temos no Planeta e qualquer incursão a ele implicaria em perdas incalculáveis. Por isso, qualquer abertura para a pecuária significa uma perda infinita”, reagiu à afirmação do Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que disse que é mais fácil acabar com a pecuária do que com a Floresta Amazônica.

Peter May é graduado em Artes Liberais, pelo The Evergreen State College, nos Estados Unidos. É mestre em Planejamento Urbano e Regional, pela Cornell University, nos Estados Unidos, onde também obteve o título de doutor em Economia dos Recursos Naturais. É pós-doutor pela University of Califórnia. Atualmente, é consultor da Ong Amigos da Terra Amazônia Brasileira, secretário-executivo do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal, professor da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, membro do International Society for Ecological Economics e diretor da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica. É autor de Economia do meio ambiente: teoria e prática (Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2003) e O reino do gado: uma nova fase na pecuarização da Amazônia brasileira (São Paulo: Amigos da Terra-Amazônia Brasileira, 2008), entre outros livros.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Foi anunciado ontem que a construção das usinas do Xingu seriam canceladas, exceto a usina de Belo Monte. Segundo o governo, essa atitude foi uma concessão aos ambientalistas e facilitará o licenciamento de Belo Monte. Qual é a sua opinião sobre esse fato?

Peter May – Essa é uma reivindicação que a comunidade ambientalista e os povos de comunidades indígenas da região, como principal grupo afetado por esse empreendimento, fazem há tempo. Agora, há sempre risco de que esse tipo de declaração não seja seguido. Há mais de dez anos, quando houve o primeiro encontro de povos da floresta em Altamira, foi cancelado qualquer aproveitamento de hidrelétrica e aí ressurgiu Belo Monte das cinzas. Por isso, não podemos contar com tal informação, uma vez que esse tipo de cancelamento não é permanente. Mas pelo menos, por enquanto, mostra que há uma preocupação com os possíveis impactos que esse empreendimento no Xingu, principalmente acima de Belo Monte, poderiam causar.

IHU On-Line – Em relação às políticas públicas na Amazônia, o que se sobressai sobre as decisões do governo: a questão política ou a questão econômica?


Peter May – A meu ver, está tudo misturado, de certa forma, porque os fatores de pressão que estão resultando na expansão da fronteira agropecuária são estritamente econômicos, associados com os bons preços de commodities de carne e soja no mercado internacional. Isso causa uma insurgência de maiores pressões sobre áreas para ocupação pecuária. Mas a capacidade de frear e achar alternativas para ocupação desses espaços depende de vontade política e determinação para fiscalizar e fazer valer as leis em termos de onde deve e como se deve aproveitar e utilizar espaços nesse bioma. Tratas-se de uma questão política e econômica.

IHU On-Line – O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que é mais fácil acontecer a extinção da agricultura brasileira do que acabar com a floresta. Como esse tipo de afirmação repercute no movimento ambientalista?

Peter May – Esse é o típico papo de setores ruralistas que estão preocupados em mostrar que não têm limites a expansão da agricultura. Mas o fato é que esse bioma é um dos mais ameaçados e um dos mais preciosos que nós temos no Planeta e qualquer incursão a ele implicaria em perdas incalculáveis. Por isso, qualquer abertura para a pecuária significa uma perda infinita.

IHU On-Line – Qual é o principal problema social da Amazônia, já que estamos falando de quem convive diariamente com todos esses problemas envolvendo a região?


Peter May – O problema é como promover boas práticas de ocupação e uso racional de espaços que já foram desmatados e degradados e que precisam ser recuperados para poderem fornecer bens de serviços de utilidade para sociedade. Isso implica em investimentos de recursos públicos e privados nesse tipo de restauração de produtividade. É mais barato para o pecuarista explorar a fronteira. Precisamos recuperar os solos degradados e deixados de lado pela atividade agropecuária.

IHU On-Line – Como repercutiu o pedido de demissão do diretor de ações para Amazônia do Ministério de Meio Ambiente, André Lima?


Peter May – Ele teve razão em pedir demissão. Ele, como militante na causa ambiental há mais de 20 anos, ficou frustrado. Ele foi para o governo porque viu uma oportunidade de fazer valer as propostas que tinha coordenado junto com comunidades e ONGs no sentido de lutar contra o desmatamento. Esse foi o convite que recebeu na época. Quando Marina saiu, ele parou para observar se o Carlos Minc ia dar certo. Mas não devemos esperar seriedade apenas do Minc. As propostas dessa natureza necessitam de apoio da Casa Civil, da Presidência, do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Agrário. Ou seja, é preciso haver uma conciliação de propostas do governo para poder ter seriedade. No momento, isso não acontece claramente. Há muitos questionamentos no ar. Esse negócio de colocar dois ministros trabalhando no projeto Amazônia Sustentável disputando o mesmo espaço é ridículo, uma indicação de que estão querendo dividir a área e fazer com que não haja nada. Isso nos deixa muito assustados.

IHU On-Line – E a sua avaliação dos primeiros meses de Minc no ministério do Meio Ambiente?

Peter May – Estamos pagando para ver, mas não vimos nada ainda.

(www.ecodebate.com.br) entrevista publicada pelo IHU On-line, 21/07/2008 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

22 julho 2008

O POVO CONTRA O NOVO FUSO HORÁRIO

Não deu certo e os que mudaram o nosso fuso horário estão tendo que ceder. Vejam abaixo as notas de diversos jornais de hoje. É apenas o início.


Horário das aulas da rede estadual e municipal sofrerá alterações
Ernani Baracho, Agência de Notícias do Acre

Alunos entrarão mais tarde nos dois primeiros turnos. No horário noturno não haverá mudanças

A partir do dia 4 de agosto, o horário das aulas da rede pública estadual e municipal sofrerá mudanças. A alteração foi decorrente de uma consulta realizada pela Secretaria de Estado de Educação com diretores, coordenadores e comunidade, onde se detectou o interesse da maioria em alterar o horário de entrada nas instituições.

Com o novo horário, a entrada dos alunos no turno da manhã, que antes acontecia às 7 horas, passa agora para às 07h30 encerrando-se às 11h45. No período da tarde as aulas iniciarão às 13h15, com término às 17h30. O turno da noite não sofrerá alteração.

Para o diretor de ensino da SEE, Josenir Calixto, a mudança vai trazer muitos benefícios para professores e alunos. "Com esta iniciativa estamos garantindo a segurança dos alunos, apesar de não termos tido nenhum caso grave. É uma medida preventiva", afirmou o diretor. Josenir ressaltou ainda que a mudança vai diminuir os impactos negativos que os estudantes do turno da manhã sofreram com o novo fuso.

De acordo com a diretora da escola Serafim Salgado, Lúcia Melo, o novo horário vai ser melhor para todos, já que os alunos vão sair de suas residências mais tarde e com o dia já claro, além de diminuir os recorrentes atrasos que ocorriam no horário anterior.

A TRIBUNA, coluna Bom Dia:

Novo horário
Meio na surdina, sem alardes, um grupo político trabalha nos bastidores para fixar em todo Estado o horário de 7h30 como início dos trabalhos nas repartições oficiais. Será uma forma de amenizar os desgastes sofridos com o novo horário imposto de goela abaixo. A verdade é que o desgaste tem sido grande e, se não for tomada uma ação de impacto, inevitavelmente, o preço da lembrança será caro.

PÁGINA 20, Coluna Poronga:

Vitória da hora
Os insatisfeitos com a mudança do fuso horário no Acre conseguiram a primeira vitória. O governo resolveu alterar os horários nas escolas da rede pública. A partir do dia 4 de agosto, os alunos entrarão às 7h30, pela parte da manhã, e 13h15, pela parte da tarde. É uma hora quase mais certa.

21 julho 2008

NOVO FUSO HORÁRIO DO ACRE: CHUVA, LAMA E ESCURIDÃO NO "INVERNO"

Levantamento de professor da UFAC indica que com o novo fuso, somente em novembro e dezembro teremos o sol brilhando por volta das 6 horas. Nos demais meses do ano prevalecerá a escuridão. O pior: no período do inverno população enfrentará chuva e lama na escuridão

















Em 2005, quando o Deputado Moisés Diniz, então autodenominado "O Deputado Aprendiz", colocou em discussão a mudança do nosso fuso horário, Roberto Feres, Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, professor do Departamento de Engenharia Civil da UFAC, publicou o gráfico que reproduzimos acima indicando claramente o horário do nascer do sol, sol-a-pino e por-do-sol na cidade de Rio Branco considerando os fusos de -5h GMT e -4h GMT.

O gráfico da esquerda (-5h GMT) corresponde ao nosso antigo fuso horário. O da direita (-4h GMT), corresponde ao novo fuso, que entrou em vigor em junho passado.

A linha vermelha em ambos os gráficos representa 6 horas da manhã e a linha marrom o nascer do sol ao longo do ano. Observem que no novo fuso (gráfico da direita), o sol nascerá por volta das 6h da manhã em nossa cidade apenas em novembro e dezembro. Nos demais meses do ano, ele brilhará sempre depois das 6h. Entre fevereiro e agosto o gráfico indica que ele nascerá após as 6:30h.

Isso apenas na porção leste do Estado. No vale do juruá é quase certo que, para sempre, prevalecerá a escuridão matinal às 6h da manhã.

Resumindo: saímos de uma situação confortável, onde o sol brilhava muito cedo apenas dois meses por ano, para uma situação desconfortável, onde a escuridão matinal prevalecerá na maior parte do horário em que as pessoas daqui costumam se levantar, se arrumar e sair de casa para o trabalho ou escola.

Parece que os autores da idéia de mudar nosso fuso horário além de não consultarem a população, não consultaram especialistas locais para ficar cientes desse problema. Esqueceram, por exemplo, que no período do inverno, a maioria da população vai ter que encarar chuva e lama em plena escuridão matinal.

Me acreditem: quando o fuso horário mudou em junho, o povo 'apenas reclamou' da combinação escuridão + frio matinal. Mas tenho a impressão que haverá uma 'revolta popular' quando o período das chuvas chegar e a população perceber que terá que enfrentar a chuva + lama + escuridão matinal. Não tenho a menor dúvida disso. Esperem e verão.

Duvidam?

Busquem no Blog do Altino e no Ambiente Acreano os artigos relacionados ao fuso horário que foram publicados antes da entrada em vigor 'da hora mais certa' e verão que quase tudo que prevíamos de ruim que iria acontecer se confirmou. Não somos profetas. Apenas usamos o bom senso.

Agora que a população está reclamando, a saída para aplacar as massas por parte dos que mudaram o nosso fuso horário tem sido atrasar o início das atividades matinais da população. Em alguns casos se fala em atrasar 30 minutos, em outros já se estabeleceu um atraso de 1 hora, como é o caso do funcionamento das escolas municipais e do expediente nos municípios de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Sena Madureira.

Ao fazer isso, ou seja, atrasar o início das atividades matinais, ignora-se o novo fuso horário e adota-se na prática o velho fuso. Com isso anula-se a 'tal vantagem de ter o sol brilhando no final da tarde', que no final das contas não vai ser usufruído por quem deveria: estudantes e trabalhadores. Além disso, ao serem obrigados a fazer tal ajuste, os apoiadores da mudança do nosso fuso horário apenas demonstram a incoerência da mudança.

É fato: pouquíssimas pessoas reclamavam do velho e bom fuso horário do Acre. Agora muita gente reclama do novo fuso horário. Sindicalistas foram 'caçados' nas ruas para tomar uma atitude em relação ao mesmo. Isso nunca tinha acontecido no Acre.

Resumo da mudança desastrada: mexeram em algo que não era problema para a maioria da população e agora estão tendo que voltar atrás, ajustar, etc. A solução para essa trapalhada? Vamos voltar tudo ao que era antes. Vamos sair das trevas e voltar à luz! O povo vai apoiar e apenas a minoria irá reclamar.

Estejam certos: quando o assunto é fuso horário, a maioria dos acreanos era feliz e não sabia. Agora é infeliz e sabe por quê.

20 julho 2008

O ACRE CONTRA O NOVO FUSO HORÁRIO

Estudantes da Ufac fazem manifestação contra novo fuso horário do Estado

RUTEMBERG CRISPIM
A Gazeta

Estudantes da Universidade Federal do Acre (Ufac) estão colhendo assinaturas da população para pressionar a realização de um referendo, no qual os acreanos possam decidir sobre a mudança do fuso horário no Estado. O documento será enviado ao senador Tião Viana (PT) e ao senado federal.

Com o tema “Uma hora a mais sem democracia”, a campanha está sendo realizada desde o início do mês, com a coleta de assinaturas em vários pontos da cidade, na intenção de mobilizar a comunidade para que a decisão de mudar o horário do Acre em relação à Brasília, seja reconsiderada.

“Não podemos aceitar que uma única pessoa possa tomar uma decisão tão séria. Por isso, estamos mobilizando a população para que possamos forçar a realização de uma consulta, onde os acreanos possam decidir se aceitam ou não essa mudança. Queremos que a democracia seja respeitada”, disse a estudante de agronomia Suziane Souza.

Logo após coletar o maior número possível de assinaturas, os estudantes, que contam inclusive com o apoio de professores da Ufac, vão enviar o documento para apreciação do senador Tião Viana e para o senado federal.

“Vamos lutar muito para que nossa opinião seja respeitada. Vamos visitar escolas, universidades, repartições públicas e convidar as pessoas para que possamos fazer uma grande mobilização. Nossa intenção é que a população possa ser respeitada”, afirmou a acadêmica de Yasmim Damasceno.

Na próxima semana os estudantes prometem fazer um grande ato, no Centro da cidade para mobilizar a população e pressionar a realização de um referendo para que os acreanos possam decidir sobre a mudança do fuso horário.
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AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO ACRE: DISSEMINANDO ERRO

Na quinta-feira (17/07) havíamos noticiado que Rio Branco tinha sido selecionada para sediar o XVIII Congresso Brasileiro de Arborização Urbana.

No sábado, nota sobre o mesmo assunto, de autoria da repórter Viviane Sales, foi publicada na página da Agência de Notícias do Acre (veja ao lado). Uma leitura rápida na matéria e se verifica que há um grotesco erro na mesma pois ela informa que sediaremos o 8o. Congresso e que "O anúncio foi feito durante a realização da décima segunda edição do Congresso em Manaus na última quinta-feira, 17".

Ora, depois de 12 vem 13 e não 8.

Mesmo assim, o site Notícias da Hora e os jornais A Tribuna e A Gazeta copiaram e colaram a matéria da Agência de Notícias do Acre na íntegra, com erro e tudo.

Falando nisso, é interessante observar como alguns sites de 'notícias' locais se valem de fontes variadas de informações e raramente dão crédito devido aos autores das matérias. Quem acessa a página de alguns deles pensa que os mesmos têm uma equipe enorme de repórteres espalhados pelo Brasil e o mundo produzindo material jornalístico.

Estão imitando os noticiosos matinais apresentados na programação local de alguns canais de TV, que se valem de 'notícias do dia anterior' (publicadas nos diários impressos) para manter, como afirmam os apresentadores, "o telespectador acreano bem informado e atualizado com o que está acontecendo no Acre e no mundo!"

Assim, até eu estou pensando seriamente em criar o meu próprio site de notícias. Do que preciso para fazer isso? Um computador, uma conexão banda larga e dedos treinados para digitar Ctrl-c e Ctrl-v. É tudo que preciso. Mas fiquem certos: vou dar os créditos a quem merece e, com certeza, lerei cada matéria que for publicada no site para me certificar que erros como o cometido pela Agência de Notícias do Acre não se espalhem pela net como o fogo se espalha em palha seca.

ESTUDA DE MANHÃ...MAS SAI DE CASA NO ESCURO

Web Reporter
Viadefatos.com.br

O novo horário do Acre tem trazido transtorno a muitos setores da sociedade. A educação é um deles. As crianças têm que sair antes do amanhecer para chegar a escola, ficando expostas até mesmo a criminalidade.

- Meu filho saí de casa no escuro, quando chegar no inverno a situação pode ficar pior, porque as crianças terão que sair no escuro e na chuva – diz Aglailson de Souza Pinto, 45.


19 julho 2008

60ª SBPC

Para a senadora Marina Silva, o investimento no avanço do conhecimento é fundamental para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, mas só será eficaz se houver mediação entre as práticas científicas e as dinâmicas sociais da região

Preservação científica

18/7/2008

Fábio de Castro, de Campinas (SP)

Agência FAPESP – Para a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o avanço do conhecimento sobre a Amazônia será a solução para o desenvolvimento e preservação ambiental da região, contanto que leve em conta as dinâmicas sociais locais.

“Não há como combinar preservação e desenvolvimento econômico e social da Amazônia, senão com soluções advindas das atividades de ciência e tecnologia – e para isso temos um aporte científico e tecnológico de alta qualidade”, disse durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas.

“Mas isso deve ser feito com as devidas mediações, porque também não pode existir uma visão unilateral da ciência em relação à dinâmica social e cultural da região”, completou.

A senadora defendeu o projeto Amazônia: Desafio Brasileiro do Século 21 – A necessidade de uma revolução científica e tecnológica, da SBPC e Academia Brasileira de Ciências (ABC), e prometeu defender a implementação das propostas no Congresso Nacional.

“Não há dúvida que o aumento de conhecimento sobre a região é uma estratégia fundamental para viabilizar a estrutura logística necessária, o desenvolvimento sustentável, a inclusão social e o ordenamento territorial e fundiário”, afirmou.

Marina destacou, entre os pontos importantes do documento, o apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, a implantação de novas universidades, a criação de instituições técnicas e científicas associadas ao ensino, pesquisa e tecnologia e a ampliação e fortalecimento de redes de informação na região.

“É tudo fundamental e coincide com os eixos estruturantes da minha gestão no ministério. A questão é como conciliar esses aspectos com outros processos, até porque não se pode suprimir a dinâmica social que está em ação na região, incluindo o conhecimento já produzido e uma série de políticas já em curso. Será preciso pensar como fazer essa mediação”, destacou.
Acesso ao patrimônio genético

A senadora comentou ainda a questão do acesso ao patrimônio genético para pesquisa. Segundo ela, seu primeiro projeto apresentado no Senado foi sobre o acesso aos recursos genéticos, por entender que se trata de um meio de valorizar a floresta em pé e os conhecimento tradicionais associados e proteger a biodiversidade.

“Infelizmente, o projeto não foi aprovado. Foi apresentada uma medida provisória pelo governo, que não atendia adequadamente às necessidades de uma regulação tão complexa. No ministério, fizemos esforços para recuperar o projeto, mas houve uma dificuldade muito grande na interface entre os diferentes ministérios”, disse.

Segundo Marina, no entanto, sua equipe deixou, ao sair do ministério, uma proposta para que o processo de licenciamento dentro de unidades de conservação e referente a espécies ameaçadas de extinção fique sob responsabilidade do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes, enquanto os outros pedidos fiquem sob responsabilidade das instituições de pesquisa.

“O princípio é que a pesquisa será inteiramente favorecida com esse processo. Chegamos a levar essa proposta à Casa Civil, mas ela não foi acolhida à época. Creio que, com isso, resolvemos a maior parte dos problemas referentes à pesquisa. Na consulta pública ao projeto da Casa Civil foram apresentadas, esta semana, cerca de 60 sugestões. Agora faremos um projeto de sistematização e vou fazer minha proposta. A expectativa é que chegue o quanto antes ao Congresso”, afirmou.

(Foto: F.Castro)

60ª SBPC

Criar oportunidades para que proprietários rurais entrem na legalidade e tornar os povos tradicionais "guardiões da mata" são iniciativas importantes para a preservação da Amazônia, apontam especialistas

Guardiões da floresta

18/7/2008

Por Fábio de Castro, de Campinas (SP)

Agência FAPESP – Dois tipos de iniciativas estão ganhando cada vez mais importância na preservação da Amazônia: criar oportunidades para que os proprietários rurais entrem na legalidade – no aspecto ambiental e fundiário – e, para que os povos tradicionais continuem tirando seu sustento da floresta, torná-los “guardiões da mata”.

Foi o que apontaram especialistas presentes no simpósio “Instrumentos econômicos para a conservação de florestas na região amazônica”, na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas.

Para Paulo Moutinho, coordenador científico do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), os rumos das negociações internacionais indicam que em um futuro próximo haverá mecanismos realmente capazes de envolver os grandes produtores na conservação da floresta, ao compensá-los pelo chamado custo de oportunidade.

Segundo ele, o Ipam tem um projeto desse tipo na região indígena no sul do Parque do Xingu, em parceria com a organização não-governamental Aliança da Terra, ligada aos produtores rurais.

“A ação de desmatamento é muito grande ali, devido à pecuária, inicialmente, e agora à soja, que esses produtores em muitos casos plantavam até a beirada dos rios. Eles sempre estiveram envolvidos por uma imagem de vilões responsáveis pela devastação. O trabalho tem o objetivo de resolver esse quadro”, disse Moutinho à Agência FAPESP.

A projeto consistiu na criação de um cadastro socioambiental para o qual se exige que o produtor apresente um registro georreferenciado de sua propriedade em um sistema de licenciamento ambiental do Estado do Mato Grosso. De posse dos dados, uma equipe de campo das entidades realiza um diagnóstico socioambiental da propriedade.

“Avaliamos se há reserva legal, se há condições compatíveis com a legislação, se há presença de açudes, se é feito uso correto de inseticida e assim por diante. Depois disso, os produtores assinam um protocolo, em um evento com autoridades, compromentendo-se a recuperar o passivo ambiental e investir na legalização total”, explicou.

De acordo com Moutinho, os produtores se dispõem a assinar o protocolo porque obtêm uma série de vantagens, à medida que fazem uma melhor gestão dos recursos. Ao remover açudes e instalar bebedouros para o gado, por exemplo, evitam erosão na época chuvosa, que assoreia rios, reduzindo prejuízos em eventos de chuvas ou secas fortes.

“Temos 60 proprietários cadastrados e outros 500 produtores estão na fila para entrar no programa. São grandes produtores, com fazendas de 20 mil, 30 mil hectares ou mais. O impacto é de larga escala. Com mais produtores envolvidos será possível dar um tratamento de paisagem às estratégias ambientais, com criação de corredores ecológicos, por exemplo”, disse.

Bolsa Floresta

Virgilio Viana, diretor executivo da Fundação Amazonas Sustentável, afirmou que o governo amazonense está conseguindo reduzir o desmatamento no estado – o mais preservado da Amazônia – com base em programas que valorizam a floresta e transformam os moradores da regiões em “guardiões da mata”.

“Ninguém desmata por burrice ou estupidez. Os produtores fazem uma opção racional decorrente de um conjunto de fatores econômicos e sociais. O raciocínio do governo tem sido o de interferir nesses fatores”, disse Viana, que até março era secretário de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, cargo que ocupou por cinco anos.

Segundo ele, a floresta foi economicamente valorizada, com iniciativas que aumentaram os preços dos produtos. “O governo criou um sistema de Bolsas Floresta, que remunera financeiramente os moradores de Unidades de Conservação que assumem compromisso de zerar o desmatamento”, disse.

Depois de passar por um curso de dois dias sobre mudanças climáticas, os moradores assumem o compromisso e passam a receber R$ 50 mensais por família, entregues às mulheres. “Parece pouco, mas representa um aumento médio de 50% na renda financeira, já que a maior parte da economia é de subsistência”, salientou.

Determinante econômico

Para Phillip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), envolver os moradores da região também é uma boa política para diminuir a devastação. “Investir na preservação não significa, evidentemente, pagar guardas para proteger a floresta. O governo deverá investir em condições que permitam que essas populações tirem seu sustento da floresta, em atividades sustentáveis”, disse.

Segundo ele, atualmente, com a falta dessas políticas, todos os fatores estruturais e econômicos – com exceção do câmbio que está baixo, dificultando a exportação –, estão favorecendo uma iminente alta dos desmatamentos.

“Ao afetar os grandes produtores, as oscilações de preços têm papel importante no desmatamento. E, além do aumento do preço da carne e da soja, estamos em um pico em relação ao preço da terra, o que é fundamental como motor da devastação. Todas essas forças estão alinhadas para que se tenha mais desmatamento pela frente”, apontou.

Além dos fatores de preço de commodities e da terra, investimentos em infra-estrutura também poderão contribuir. “Temos uma série de estradas sendo construídas em grandes blocos de floresta intacta, como é o caso da BR-139, que liga Porto Velho a Manaus, e a BR-163, entre Santarém e Cuiabá. Com isso, o processo que ocorre no arco do desmatamento, com ocupação de propriedades, plantio de soja e abertura de pastagens, deverá se reproduzir na Amazônia Central”, disse Fearnside.

18 julho 2008

PARTO HUMANIZADO AJUDA A CONTROLAR A DOR

Técnicas aprimoram parto humanizado, proporcionando controle da dor

Roberta Monteiro
Agência Fiocruz de Notícias

Com o objetivo de oferecer um parto cada vez mais seguro e humanizado, o Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fiocruz, referência nacional em gravidez de alto risco fetal, busca aprimorar ainda mais a humanização dentro da maternidade. Para isso, vem implementando o uso de novas técnicas, especialmente nos momentos que envolvem o trabalho de parto e o próprio parto. Para a responsável pelo Centro Cirúrgico Obstétrico do IFF, Luciana Fillies, o parto humanizado direciona toda a atenção às necessidades da mulher e proporciona a ela o controle de possíveis reações, inclusive da dor, no momento do nascimento do bebê.

 O parto humanizado inclui som ambiente com músicas da preferência da gestante, banho morno, estímulo para caminhar e massagens (Foto: IFF/Fiocruz)

O parto humanizado inclui som ambiente com músicas da preferência da gestante, banho morno, estímulo para caminhar e massagens (Foto: IFF/Fiocruz)

De acordo com Luciana, durante o trabalho de parto, a mulher pode ter necessidade de descansar numa posição mais confortável. Logo, a equipe do Departamento de Obstetrícia vem utilizando a bola suíça, que propicia alívio das contrações e do desconforto lombar e dos membros inferiores. Além disso, a gestante conta com som ambiente, com músicas de sua preferência, banho morno em pé ou sentada, estímulo para caminhar e massagens feitas com óleo e massageador específico em região lombar. “A humanização está relacionada ao treinamento de recursos humanos no lidar com a mulher, no estímulo ao acompanhante no trabalho de parto e durante o parto, no contato pele a pele do recém-nascido com a mãe logo após o nascimento e no estímulo ao aleitamento materno”, esclarece a chefe de enfermagem da maternidade do IFF, Adriana Peixoto.

O IFF atende em média a 80 gestantes de alto risco por dia, encaminhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2007, fez 432 partos normais e 505 cesarianas e a média deste ano tem sido de 80 partos por mês. Segundo Luciana, o parto humanizado é fundamental para ajudar a gestante de alto risco em trabalho de parto. Afinal, a liberdade de movimento e as posições escolhidas pela mulher oferecem maior conforto e alívio das contrações, o que facilita a passagem do bebê pelo canal de parto. “O parto humanizado permite que a gestante responda à dor de forma positiva, o que pode acelerar o processo do trabalho de parto e tornar o momento mais tranqüilo”, explica Luciana.